Líderes mundiais participam do Debate Geral, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir das 10h desta terça-feira (23). O presidente Lula (PT) foi o primeiro a discursar, seguido por Donald Trump.
Continua depois da publicidade
Lula abriu o Debate Geral da Assembleia da ONU. Durante o discurso, falou sobre as sanções dos Estados Unidos contra o Brasil e citou a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe. Também criticou os ataques à soberania brasileira e afirmou que a democracia no país é “inegociável”.
— Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade — afirmou Lula.
Lula foi aplaudido ao menos cinco vezes no discurso: ao defender a soberania brasileira, ao falar do genocídio em Gaza, do Estado da Palestina e da defesa do chamado “Sul Global”. O presidente defendeu uma solução de paz para os conflitos na Ucrânia e em Gaza e falou sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, que nas últimas semanas ganhou a adesão de países como a França.
— Em Gaza, fome é usada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações é praticado impunemente. Quero expressar minha admiração aos judeus que dentro e fora de Israel se opõem a essa punição coletiva. O povo palestino corre o risco de desaparecer. Só sobreviverá como Estado independente integrado à comunidade internacional. Essa é a solução defendida por mais de 150 membros da ONU, reafirmada ontem aqui neste mesmo plenário, mas obstruída por um único veto — afirmou, citando a restrição norte-americana.
Continua depois da publicidade
Trump faz críticas à ONU e cita encontro com Lula
Durante o discurso de quase uma hora, Trump afirmou ter “encerrado sete guerras”, citando conflitos em países como Camboja, Tailândia, Congo, Ruanda, Paquistão, e fez críticas às Nações Unidas. Trump chegou a afirmar que “deveria receber o Nobel da Paz”:
— É lamentável que eu tenha feito isso em vez de as Nações Unidas terem feito isso. Infelizmente, em todos os casos a ONU nem tentaram ajudar. Encerrei sete guerras lidando com os líderes de cada país, e eles não receberam nenhum telefonema das Nações Unidas oferecendo ajuda para fazer um acordo — afirmou.
Trump também acusou a ONU de dar apoio financeiro a migrantes que entrariam ilegalmente no país norte-americano.
— Algo que é totalmente inaceitável é que a ONU deveria parar com essas invasões e não criá-las ou financiá-las. Nos Estados Unidos nós rejeitamos a ideia desse número imenso de pessoas vindo de países estrangeiros, cruzando as fronteiras, violando nossa soberania — afirmou.
Continua depois da publicidade
Outro destaque da fala de Trump foi a menção a um rápido encontro que teve com Lula. Segundo o americano, ele e o brasileiro concordaram em conversar na próxima semana.
— Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Nós nos vimos, eu o vi, ele me viu, e nós nos abraçamos. E aí eu penso: “Vocês acreditam que vou dizer isso em apenas dois minutos?” Nós realmente combinamos de nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Em retrospecto, fico feliz de ter esperado, porque essa coisa não deu muito certo, mas nós conversamos, tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na próxima semana, se isso for de interesse, mas ele pareceu um homem muito agradável. Na verdade, ele gostou de mim — afirmou Trump.
Acompanhe os discursos dos líderes mundiais na ONU
Assuntos polêmicos devem marcar a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Estão entre os tópicos:
- Crise diplomática entre EUA e Venezuela;
- Reconhecimento da Palestina;
- Guerra na Ucrânia;
- Cessar-fogo em Gaza;
- Guerra tarifária entre Brasil e EUA; e
- Questões climáticas.
Continua depois da publicidade
Brasil e EUA vivem crise diplomática
Desde julho, os dois países vivem período de crise diplomática. Na primeira semana do mês, Trump classificou as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, como uma “caça às bruxas”.
Poucos dias depois, Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras. Considerada uma “chantagem inaceitável” por Lula, o presidente logo anunciou a Lei da Reciprocidade, que estabelece mecanismos de resposta a sanções estrangeiras.
Já em agosto, as tarifas norte-americanas entraram em vigor. Na segunda semana do mês, veio a condenação de Jair Bolsonaro e de outros sete réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Trump criticou o julgamento e anunciou restrições de vistos aos ministros do Poder Judiciário.
Leia mais
Encontro de Lula e Trump: o que esperar da Assembleia Geral da ONU
Lula já tem visto para Assembleia da ONU em NY, mas comitiva ainda é incerta
Viagem de Lula para Nova York deve coincidir com anúncio de nova retaliação dos EUA


