Os presidentes Lula (PT) e Donald Trump poderão se encontrar pessoalmente durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que começa nesta semana em Nova York, nos Estados Unidos. Os líderes do Brasil e Estados Unidos, respectivamente, vivem um período de crise diplomática. As informações são do g1.

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Havia expectativa de que Lula e Trump se encontrassem em junho, durante a cúpula do G7 no Canadá. No entanto, os presidentes não cruzaram caminhos, visto que o presidente dos EUA havia deixado o evento do encerramento com objetivo de se dedicar ao conflito no Irã.

Agora, é esperado que ambos se encontrem, mesmo que não exista reunião bilateral confirmada. Uma antessala para os presidentes poderia ser acessada pelos líderes, segundo fontes próximas à delegação do Brasil. Apesar disso, ainda não há confirmação de que os presidentes se cruzarão.

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Em entrevista à BBC News Brasil, o presidente Lula afirmou não ter “problema pessoal com o presidente Donald Trump”. Ele afirmou que caso cruzem caminhos nos corredores das Nações Unidas, irá cumprimentar Trump normalmente.

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Além disso, o presidente do Brasil afirmou que a melhor alternativa “para qualquer conflito é sentar em torno de uma mesa e negociar”. Para ele, o que não tem negociação é a questão de “soberania nacional”.

O que dizem os especialistas

Para o professor de política internacional Paulo Velasco, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é improvável qualquer esforço real de diálogo na Assembleia Geral da ONU.

— O Brasil está defendendo sua soberania e repelindo qualquer forma de ingerência externa indevida, enquanto o governo Trump acredita estar agindo corretamente, considerando que o Brasil faz uma “caça às bruxas”, para repetir o termo usado por ele — disse o especialista, ao g1.

Velasco ressalta ainda que Lula não se colocará em situações que possam se tornar constrangedoras, como “alguns desafios que aconteceram com o Zelensky, por exemplo, em fevereiro na Casa Branca”.

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— Então eu acho que o Lula não se permitirá passar — pela experiência internacional que ele tem — por uma cena constrangedora ao lado do Trump. Particularmente estou bastante cético, e não acho que a gente vai ver uma aproximação na semana que vem entre os dois, talvez sequer um aperto de mãos entre eles — completou o professor.

Brasil e EUA vivem crise diplomática

Desde julho, os dois países vivem período de crise diplomática. Na primeira semana do mês, Trump classificou as acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, como uma “caça às bruxas”.

Poucos dias depois, Trump anunciou a sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras. Considerada uma “chantagem inaceitável” por Lula, o presidente logo anunciou a Lei da Reciprocidade, que estabelece mecanismos de resposta a sanções estrangeiras.

Já em agosto, as tarifas norte-americanas entraram em vigor. Na segunda semana do mês, veio a condenação de Jair Bolsonaro e de outros sete réus pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Trump criticou o julgamento e anunciou restrições de vistos aos ministros do Poder Judiciário.

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O possível encontro entre as duas lideranças deve ser acompanhada de perto por diplomatas e observadores internacionais.

*Sob supervisão de Luana Amorim

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