Um foguete desenvolvido pela Kosmos Rocketry, equipe de foguetes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), de Joinville, bateu um recorde brasiliero. Durante a participação na International Rocket Engineering Competition (IREC), a “copa do mundo” dos foguetes, o equipamento atingiu 24,4 mil pés de apogeu, ou seja, aproximadamente 7,4 quilômetros de altura.
Continua depois da publicidade
José Roberto dos Santos Carmo, de 22 anos, é aluno do sexto semestre do curso de Engenharia Aeroespacial e atual capitão da Kosmos. Segundo o estudante, a preparação do foguete, intitulado Morpheus, envolveu diversos desafios até o sucesso na competição internacional.
Veja fotos da participação da equipe
O lançamento oficial aconteceu na sexta-feira (13), quando o Morpheus atingiu a marca da categoria de 30 mil pés, com um apogeu mais específico de 24,4 mil pés, cerca de 7,4 mil quilômetros. Com este resultado, a equipe bateu o antigo recorde brasileiro.
— Anteriormente o recorde era da equipe da Universidade de São Paulo e, neste momento, conquistamos essa marca com muito orgulho, recebendo reconhecimento direto de vários entusiastas e pessoas experientes na área, como um comentário do professor Carlos Marchi, da UFPR, um dos “pais desta área” no Brasil que disse “agora eles têm o maior apogeu de uma equipe universitária no Brasil” — afirma José.
Ele também conta, com entusiasmo, que a reação com o lançamento foi de muita satisfação, tanto pelo momento de finalização do projeto, quanto pelo orgulho do funcionamento de cada subsistema.
Continua depois da publicidade
— Como esse era um projeto único e novo, além de complexo e com alto apogeu, ele nunca foi lançado antes da competição, então o funcionamento total do foguete nunca foi testado, apenas cada subsistema separadamente. Assim, sabíamos da possibilidade de que algo poderia não funcionar bem durante o voo, entretanto, tivemos um lançamento nominal na primeira tentativa. Esse feito é de muito orgulho por parte da equipe, acertar algo tão complexo em uma única tentativa é bem difícil — destaca.
Além de bater o recorde de apogeu, a equipe joinvilense conquistou outro prêmio, o Sportsmanship Award, que reconhece o espírito esportivo em equipe. José conta com orgulho que esta premiação foi dada de forma exclusiva à Kosmos.
— Foi dado à Kosmos por seu espírito de ajuda e colaboração, seja à outras equipes e até mesmo à organização do evento. O prêmio reconhece que a equipe seria a “força do bem”, tornando o evento de experiência produtiva, segura e agradável, além de servir de exemplo positivo para outras equipes — conta.
Quais foram os desafios do processo?
Entre os principais obstáculos para atingir o sucesso com o foguete foi a limitação de recursos e infraestrutura em comparação a equipes de outros países.
Continua depois da publicidade
— Outras equipes desenvolvem seus projetos de 30 mil pés em países em que a área aeroespacial já é bem desenvolvida e infelizmente essa ainda é uma área nova no Brasil, materiais especiais não são facilmente acessíveis aqui. Nosso obstáculo sempre foi desenvolver algo que estivesse no nível dos nossos concorrentes tendo acesso a menos recursos, sejam eles materiais ou financeiros — explica.
O maior desafio aconteceu durante um teste estático, quando o motor que impulsionaria o Morpheus explodiu. Segundo os acadêmicos, foram 32 dias de preparação e um prejuízo de R$ 15 mil. No entanto, a equipe se recuperou a tempo e ainda bateu o recorde brasileiro.
— Depois da explosão, conseguimos apresentar nosso trabalho para muitas pessoas por meio de um vídeo divulgado no Instagram que viralizou. Diversas empresas nos conheceram, surgiram oportunidades de parcerias, de colaboração e doações, além do contato com profissionais experientes na área, que já atuaram ou atuam no setor aeroespacial, seja no Brasil ou exterior. O contato com este pessoal foi crucial para que pudéssemos otimizar ainda mais o nosso projeto frente outras equipes. Fomos elogiados em qualidade técnica diversas vezes na competição — destaca.
Veja o vídeo do lançamento
Projetos futuros
Atualmente, a Kosmos possui quatro projetos em fase final de desenvolvimento voltados para a Latin American Space Challenge (LASC). A equipe concorre em quatro categorias, duas de foguetes e duas de satélites.
Continua depois da publicidade
Para a IREC do próximo ano, a equipe ainda deve discutir quais projetos poderão ser iniciados, mas esperam algo tão desafiador como o Morpheus.
*Sob supervisão de Leandro Ferreira
Leia também
Trecho da BR-101 em SC deve ficar parcialmente interditado por três meses
VÍDEO: Caminhão sem freios faz manobra e quase chega ao fim da área de escape na BR-376