A demora para resgatar um gato, preso em uma árvore alta, causou revolta na comunidade de Criciúma, no Sul de Santa Catarina. O animal, que foi avistado pela primeira vez na sexta-feira (19), só foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros na manhã de segunda-feira (22).

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Segundo fontes, a partir de sexta-feira, foram efetuadas diversas tentativas de contato, mas a corporação afirmou “não atender esse tipo de ocorrência”. Em entrevista ao NSC Total, a advogada e ativista na causa animal, Laura Coan, revelou que teve conhecimento da situação através das redes sociais. Por volta das 9h de segunda-feira, ela foi até o local averiguar a situação.

— Tentamos contato com os bombeiros pelo 193, que foi o número que todas as pessoas tentaram contato desde sexta-feira. Mas a resposta foi a mesma, que eles não realizavam esse tipo de trabalho — explicou Laura.

Gato preso em árvore mobiliza protetores e gera crítica por demora em resgate: "Não é justo"
Gatinho estava em árvore (Foto: aura Coan)

Conforme Laura, a árvore era muito alta, fina e balançava com o vento, o que impossibilitou o uso de uma escada para alcançar o animal:

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— A primeira coisa que a gente recebeu foi um não. Eu liguei uma vez, depois a minha amiga ligou. Eles inclusive falaram de forma bastante debochada pra mim que eles nunca haviam visto o esqueleto de gato em cima de uma árvore, ou seja, como quem diz: o gato vai descer, nunca aconteceu de ter um gato que morreu por ficar tanto tempo preso em uma árvore.

Diante da negativa, a advogada levou a situação para as redes sociais, onde mantém uma página de adoção. Após ampla mobilização, uma equipe do Corpo de Bombeiros foi enviada até o local.

— Dá para considerar que entre o primeiro contato que a gente fez pela manhã, eles [bombeiros] chegaram depois de uma três horas para tentar fazer o resgate. E daí levou mais uma hora até decidir o que seria feito — explicou.

A equipe avaliou que o uso da escada não era seguro. Assim, optaram por cortar a árvore com uma serra, enquanto dois bombeiros tentavam controlá-la com cordas. O objetivo era evitar que a queda fosse brusca e machucasse o gato. A tentativa, porém, não funcionou: a árvore era pesada e caiu inteira no chão:

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— Mas graças a Deus, um pouquinho antes do impacto, o gato deu um pulo e saiu correndo. Nós não conseguiríamos realizar o resgate sozinhas, foi necessário o corpo de bombeiros, e eles foram excepcionais. […] Mas não é justo com os animais que toda vez que a gente tente ajudá-los, tenha que haver uma comoção desse tamanho — destacou a ativista.

Veja onde estava o gato

Tarzan já está disponível para adoção

Depois da fuga, todos os presentes correram atrás do animal, apelidado de Tarzan, até que um dos bombeiros conseguiu pegá-lo. A advogada descreveu que ele foi enrolado em um cobertor, colocado na caixa de transporte e levado a um veterinário.

Mesmo com o susto, Tarzan está bem e negativo para doenças como fiv e felv. Agora, ele está disponível para a adoção e espera um novo lar.

Corpo de Bombeiros justifica demora em resgate

Em nota, o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina informou que nesse tipo de atendimento, o ideal é esperar que nas primeiras 24 horas o animal, por instinto, desça sozinho. Assim, as equipes podem dedicar-se aos atendimentos emergenciais.

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Desde sexta-feira, conforme o texto, todas as equipes estavam concentradas nas ocorrências relacionadas às condições climáticas, e assim que as demandas diminuíram, uma guarnição foi até o local para realizar o resgate.

O órgão ainda informou que, no mesmo período, estava priorizando ocorrências relacionadas ao mau tempo que atingiu Santa Catarina. De acordo com a corporação, entre domingo (21) e segunda-feira (22) foram atendidas 151 ocorrências em 43 municípios, envolvendo cortes emergenciais de árvores, entrega de lonas e apoio em destelhamentos. Ao todo, participaram das ações 81 bombeiros militares, 65 comunitários e 56 viaturas.

Para segunda-feira, a previsão era de fortes rajadas de vento, conforme o diretor da Defesa Civil de Criciúma, Fred Gomes. “A problemática maior não é a chuva, e sim o solo encharcado e as rajadas de vento. Temos rajadas de vento de 50 a 55 quilômetros por hora”, comunicou Gomes, no domingo (19).

Confira a nota na íntegra:

“O Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) esclarece informações sobre a ocorrência registrada em Criciúma, referente ao resgate de um gato em uma árvore.

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A corporação possui diretrizes específicas para esse tipo de atendimento, considerando que, nas primeiras 24 horas, a tendência natural é que o animal, por instinto, consiga descer sozinho. Por isso, o CBMSC prioriza que, nesse período, as guarnições estejam dedicadas aos atendimentos emergenciais.

Ressaltamos que, diante da previsão de fortes chuvas, as equipes do Corpo de Bombeiros Militar em Criciúma e região estavam mobilizadas para ocorrências relacionadas ao mau tempo. Com a redução dessas demandas, uma equipe foi então deslocada e realizou o resgate do animal com segurança na manhã desta segunda-feira, considerando o gato ainda estar no local.

Por fim, a corporação reforça seu compromisso social e se coloca à disposição da comunidade pelo telefone 193.”

Projeto Quero Adotar

Criado por Laura em 30 de outubro de 2024, o Quero Adotar surgiu como um projeto voltado apenas à adoção de gatos, mas a ação ganhou repercussão em poucos meses.

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— O projeto tomou um rumo totalmente diferente, as pessoas acreditaram muito nisso, e teve um momento que nós não conseguimos evitar essas situações, como a do resgate — esclareceu a advogada.

Em janeiro de 2025, a arquiteta e urbanista Michelle Bonfante também se juntou à equipe. Atualmente, além de adoção responsável, o Quero Adotar atua no resgate de gatos, e desde o início das atividades, mais de 400 gatinhos foram adotados.

Para adotar um felino, os interessados precisam preencher um formulário de intenção, depois, os animais disponíveis são apresentados. Caso o possível tutor atenda aos pré-requisitos estabelecidos para a adoção, basta ir até o local buscar seu novo parceiro.

No Instagram, o projeto pode ser localizado como @quero.adotar. Quem não pode adotar, mas também quer ajudar, basta realizar uma doação via pix para o projeto.

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— Não tenho dúvida alguma de que a mobilização das pessoas nas redes sociais fez toda a diferença. Temos uma rede de apoio muito grande, e foi por causa dela que nós conseguimos, mais uma vez, fazer algo desse tamanho acontecer — finalizou a ativista.

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