A produção industrial catarinense se manteve praticamente estável em agosto, com redução de 0,2% na comparação com julho, quando o tombo havia sido de 3,9%. Em relação ao mesmo mês do ano passado, aumentou 1,8%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Não foi um resultado bom, mas ainda assim foi o quarto melhor do país, em um mês no qual apenas três das 11 regiões pesquisadas apresentaram resultado positivo. No Brasil, a queda foi de 3,8%.
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O acumulado do ano em SC ainda é negativo, de menos 4,7%. Entretanto, a desaceleração na queda da produção industrial, verificada em agosto, aliada à melhora nos números de emprego e à retomada da confiança do empresariado, representa certo alívio após meses ruins para o segmento.
O saldo de empregos foi positivo (+1702 postos de trabalho) em agosto, após quatro meses negativos. No mesmo mês, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) de SC cruzou a linha dos 50 pontos pela primeira vez em dois anos e meio. O índice vai de 0 a 100, sendo que números a partir de 50 indicam confiança.
Nos últimos doze meses, a produção retrocedeu 6,7% no Estado, mas com tendência de melhora, conforme explica a professora do Departamento de Ciências Econômicas da UDESC e coordenadora de projeto do Observatório Econômico da ESAG, Marianne Stampe:
—Esse valor, apesar de negativo, vem apresentando melhoras consecutivas desde março, indicando sinais de recuperação. Vale ressaltar que o auge do declínio da atual crise, considerando a série desde julho de 2014, foi em janeiro de 2016 para valores acumulados em 12 meses. Assim, espera-se que ¿o pior já passou¿.
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O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, é otimista, mas cauteloso:
— Só um segmento, o de celulose e produtos de papel, teve queda, de 3,6%. Os demais setores tiveram crescimento e em alguns foi um crescimento bastante expressivo, como na metalurgia, com 24%, e vestuário, com 10%. Tudo isso, somado à melhoria em horas trabalhadas, vendas, massa salarial e exportação, indica um mês bastante favorável, o que pode estar indicando uma melhoria no setor, mais ainda é cedo para dizer — analisa Côrte.
Um outro indicador importante para a produção industrial, diz a professora da UDESC, é o consumo de energia elétrica. O último dado disponível no Banco Central para a região sul apresentou melhora de 0,3% em julho em relação ao mês anterior.
Embora haja queda na produção de 4,7% na comparação entre os primeiros oito meses de 2016 e 2015, é preciso levar em conta que a crise começou a aparecer com força no Estado em meados de 2015. A exceção foi um momento bom em janeiro e fevereiro, com saldo positivo de empregos no setor industrial e aumento na produção em relação a dezembro. No período, lembra Marianne, o Estado é beneficiado pelo turismo. Os meses mais difíceis se estenderam até a metade deste ano. Em junho, a indústria catarinenses fechou 3179 postos de trabalho e em julho o saldo negativo foi de 1426.
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Mês ruim para produção nacional
Após cinco meses de resultados positivos, a indústria nacional voltou a apresentar queda em agosto, de 3,8%. A produção de alimentos e veículos puxou a pior variação em quatro anos e meio – em janeiro de 2012, houve uma redução de 4,9%. Pará, Bahia e Região Nordeste (como é dividida a pesquisa do IBGE) foram as únicas três regiões que apresentaram resultado positivo no mês. Em relação a agosto de 2015, a redução foi de 5,8%.