A paixão pelos doramas e pelo k-pop — as famosas novelas coreanas e músicas do país que têm conquistado corações dos mais jovens até as gerações mais velhas — vem ganhando um espaço cada vez maior na vida dos brasileiros. Com a ideia de transportar uma experiência da Coreia do Sul direto para a Grande Florianópolis, Nicole Costa de Araújo, de 22 anos, abriu um negócio diferente. Inaugurada há cerca de dois meses, em São José, a Mokja é a primeira conveniência coreana da região.
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O formato vai além de uma loja de produtos orientais. Tudo o que está disponível para venda no comércio também pode ser consumido no local, preparado especialmente para isso. De lámens a oniguiris, passando por bebidas típicas da Coreia, a conveniência conta com uma espaço onde as comidas e bebidas podem ser preparadas e consumidas, no mesmo modelo dinâmico e prático oferecido em redes de conveniência coreanas.
A mãe de Nicole, Paula Fernanda Costa de Araújo, também é uma apaixonada pelo mundo da cultura coreana há alguns anos, e o pai dela, Nícolas Alencar de Araújo, aceitou embarcar no negócio. Atualmente, além dos três sócios, mais duas funcionárias trabalham na loja.
Confira como funciona a conveniência coreana
A ideia surgiu a partir de vídeos na internet que mostram a rotina de pessoas comendo em conveniências na Coreia, em redes como a 7-Eleven e CU. Nas gravações, os lámens, macarrões pré-prontos estilo miojo, geralmente apimentados e podendo levar adicionais, e as bebidas preparadas em copos vendidos com gelo costumam ser o destaque. Mas foi em uma viagem para o Chile que Nicole percebeu que a ideia poderia ser viável também no Brasil.
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— A gente foi pro Chile e viu lá uma loja coreana de uma menina que foi fazer um intercâmbio na Coreia, achou super legal as conveniências, e trouxe pro Chile. Ficamos encantadas porque a gente já queria ir numa loja dessas há tempos. E pensamos: “Se alguém trouxe pro Chile, a gente traz pro Brasil” — relembra.
Entre o surgimento da ideia e a inauguração foram quase dois anos estudando como implementar esse modelo no país, quais produtos colocar à venda e como fazer ser parecido com as conveniências da Coreia.
— A gente pesquisou bastante, ficou muitos dias maratonando vídeos de loja de conveniência, vendo como é que faz, qual que é o processo, se paga antes, se paga depois, testando tudo que a gente precisava para poder fazer todos os produtos da loja. Foi bastante dedicação para gente conseguir pegar um modelo de uma coisa que a gente nunca foi, a gente nunca foi para lá. Então foi tudo pela internet mesmo — detalha.
Veja fotos da conveniência
A paixão pelos doramas
Nicole relembra que o primeiro contato com a cultura asiática, ainda na adolescência, foi pela cultura japonesa, que era mais popular na época com os animes. Depois, entrou no mundo dos doramas, e também pelo gosto por aprender outras línguas, como o japonês e coreano, imergiu cada vez mais nesse mundo.
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— Eu sempre quis aprender outras línguas. Já fui pro francês, fui para japonês e depois eu caí no coreano. E a língua traz muito a questão da cultura. Você tem que entender a cultura para entender a língua e tem que entender a língua para entender a cultura — declara.
A aproximação com a Coreia começou com a parte histórica e depois foi para os doramas. A biomédica e empreendedora confessa que apesar de gostar, não é tão fissurada pelo mundo do k-pop, que também arrasta multidões, e tenta aprender sobre os “idols”, como são chamados os cantores, para estar por dentro do assunto.
O público da conveniência acompanha o mesmo perfil, e é formado em grande maioria por quem já assiste doramas ou gosta de k-pop, por estar familiarizado com esses produtos e até com o formato de venda. Porém, há também os curiosos, que passam na rua e entram na loja querendo conhecer mais desse universo.
— E também tem uma parcela menor, porque aqui na região não tem uma comunidade tão grande de asiáticos, mas a gente recebe bastante por semana pessoas asiáticas procurando coisas que eles já comiam antes ou que querem provar de novo, ou que são asiáticos de segunda, terceira geração, que nunca provaram nada — afirma Nicole.
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Alguns produtos vendidos na conveniência têm uma procura específica a partir dos doramas. Os lámens são os “queridinhos”, por aparecerem com frequência nas novelas, assim como o soju, bebida alcoólica tradicional coreana, que seria equivalente a uma cachaça.
— Ultimamente estão procurando bastante a Gochujang, que é a pasta de pimenta que apareceu no dorama “Bon Appétit, Vossa Majestade”, que saiu recentemente — conta.
Os produtos coreanos
Os lámens lideram como produtos mais procurados, muitos deles bastante apimentados para o paladar brasileiro. Contudo, Nicole explica que os clientes costumam buscar essa experiência picante, com o mais vendido sendo o Buldak Carbonara, da embalagem rosa. Isso porque a pimenta vem em um molho separado, sendo possível colocar pouca ou muita pimenta, conforme o gosto do freguês.
Há também as opções de lámens sem pimenta e o tteokbokki, uma comida tipicamente coreana que consiste em bolinhos de arroz com um molho de pimenta, vendidos em diferentes embalagens, como copinho, panela, etc. Salgadinhos, doces, bebidas, sorvetes e oniguiris completam a gama de produtos oferecidos no local.
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A empreendedora explica que os produtos são comprados de importadoras e distribuidoras no Brasil, que fazem o processo de trazer os itens da Coreia. Isso porque, apesar de possível, o processo de importação direto é complexo e demanda um pedido em grande quantidade dos produtos.
Para o futuro, os sócios sonham com uma possível expansão, e com a possibilidade de começar a fazer entregas, incluindo para outras cidades. Porém, por agora, o foco é estabilizar o negócio. A loja fica na Avenida Marechal Castelo Branco, em São José, e abre de segunda à sexta das 10h às 19h, e nos sábados das 10h às 15h.
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