Um estudo com participação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aponta que estudantes com estilos de vida menos saudáveis possuem três vezes mais chances de apresentar sintomas de depressão em comparação com jovens com estilo de vida mais positivo. A pesquisa, que envolve 60 instituições em 20 países e começou com o professor Felipe Barreto Schuch, da Universidade Federal de Santa Maria, chama atenção para a influência do estilo de vida na depreciação da saúde mental.
Continua depois da publicidade
Ao todo, quase 20 mil estudantes de 27 países do mundo estão sendo acompanhados. No Brasil, mais de 6 mil participam do estudo, em 14 universidades brasileiras, incluindo a UFSC. Durante a pesquisa, três tipos de estilo de estilo foram observados entre os jovens: os mais saudáveis (42,3%), os que combinam aspectos bons e ruins (13,7%), e os que possuem um estilo de vida de risco (44%).
O professor Thiago Matias, responsável pela pesquisa na UFSC e coordenador do Grupo de Pesquisa em Motivação e Movimento Humano (Motus), explica que os diferentes estilos de vida são comportamentos relacionados à saúde. O diferencial da pesquisa é a possibilidade de acompanhar como as variáveis se relacionam ao longo do tempo.
— Por exemplo, o quanto se pratica de atividade física, o que se come, como se dorme, como se relaciona, o tempo que passa em frente às telas. E aí a gente tem observado que essas alterações, positivas ou negativas, podem de alguma forma relacionar com a saúde mental deles — diz.
De acordo com o professor, a pesquisa também mostra que 54,4% dos universitários brasileiros apresentam a chamada triagem positiva para sintomas de depressão, o que não é um diagnóstico concreto, mas “alerta muito forte de que tem muita gente com chances bem altas de ter sintomas moderados e graves de depressão”.
Continua depois da publicidade
No grupo com estilo de vida com aspectos bons e ruins, esse índice sobre para 68,6%, enquanto no grupo de risco alcança os 66,1%.
— Já existem evidências de que o estudante que se exercita menos pode estar mais suscetível a sintomas de ansiedade, depressão e mais stress e que a alimentação influencia muito na saúde mental. Mas a gente não tem muita clareza de como isso acontece ao longo do tempo — explica.
Na UFSC, os grupos de calouros dos anos de 2023 e 2024 foram os participantes do estudo, onde responderam questionários sobre estilo de vida e saúde mental. Todos os anos, os alunos responderão novamente os formulários, segundo o professor. Eles também vão realizar testes físicos no Centro Desportos da universidade.
Equipe premiada
Anteriormente, em junho, a equipe do projeto já foi premiada em um congresso nacional pelo trabalho A complexidade de um estilo de vida negativo pode expor universitário a riscos importantes para a depressão, onde são apresentados dados sobre o estilo de vida e saúde mental. Fazem parte da pesquisa, pela UFSC, o professor Thiago e os estudantes Tuane Sarmento, Renato Claudino e Jhonatan Wélington Pereira Gaia.
Continua depois da publicidade
Outro trabalho do grupo Motus também foi premiado no Congress on Brain Behavior and Emotions, com uma análise de dados de atividade física e do tempo que mais de 50 mil adolescentes da América do Sul ficam sentados, em um comportamento sedentário.
— Mais de 40% dos estudantes da América do Sul passam muito tempo em comportamento sedentário. Esse tempo pode aumentar em até 53% a chance de ele ter algum sofrimento psicológico — aponta o professor.
Leia também
Fruta exótica e de nome difícil ajuda em cicatrizações e a controlar a pressão
Caso Faustão: mais de mil pessoas aguardam por um órgão na fila de transplantes em SC