Mensagens sugerindo um possível “policiamento direcionado” e imagens de listas de cidades com as maiores votações de Lula e Jair Bolsonaro estão entre os indícios que resultaram na prisão do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, detido nesta quarta-feira (9), em São José, na Grande Florianópolis.

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O ex-chefe da PRF em SC foi detido preventivamente por ser alvo de uma ação da Polícia Federal que investiga a interferência no segundo turno das eleições. Celular, computador e passaporte de Vasques foram apreendidos. Na tarde desta quarta, Vasques foi conduzido a Brasília, onde foi levado à Superintendência da Polícia Federal.

Um dos elementos que teriam motivado o pedido de prisão seriam imagens em celulares de policiais rodoviários que indicariam um mapa com cidades em que o então candidato a presidente Lula teve mais de 75% dos votos no primeiro turno. A informação foi publicada pelo colunista do portal g1, Valdo Cruz.
A investigação apura que esses locais com maior votação do candidato petista teriam recebido blitze da PRF no dia do segundo turno, ação que teria influenciado no deslocamento de eleitores até os locais de votação.

Entenda como três fotos aceleraram investigação da PF e prisão de Silvinei Vasques em SC

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Segundo informações da Agência Estado, três fotos aceleraram a investigação da PF e a prisão de Silvinei Vasques em SC. As imagens estariam arquivadas no celular da delegada de Polícia Federal Marília Alencar, diretora de inteligência do Ministério da Justiça na gestão do bolsonarista Anderson Torres.

As fotos foram tiradas no dia 17 de outubro de 2022, 13 dias antes do segundo turno da eleição. A primeira imagem mostra uma folha de papel com um painel de inteligência intitulado ‘Concentração maior ou igual a 75% – Lula’. Em seguida, é disposta uma lista de 17 municípios situados em seis estados do Norte e do Nordeste, como Crato (CE), Parintins (AM) e Paulo Afonso (BA).

Ainda segundo a PF, no mesmo dia em que a foto foi tirada, a delegada Marília Alencar teria uma reunião com o então ministro Anderson Torres às 11h. A imagem foi capturada às 11h23, o que levou os investigadores a concluírem que há ‘fortes indícios de que esta fotografia tenha sido realizada para esta reunião’.

Mapa indicaria locais com votação acima de 75% para Lula no primeiro turno (Foto: Reprodução/Twitter)

As outras duas imagens, tiradas antes, mostram listas de municípios de Goiás e de Minas Gerais. Na foto que trata do Estado comandado por Romeu Zema — considerado, à época do pleito, como decisivo para o segundo turno — aparecem duas colunas: uma com o total de votos do Estado e outra com o título ‘Bolsonaro’.

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Mensagens citam “policiamento direcionado”

Outro ponto da investigação divulgado nesta quarta seriam trocas de mensagens de policiais sobre uma reunião da cúpula da PRF. A conversa afirma que Silvinei Vasques teria pedido um “policiamento direcionado” no dia da votação nessas cidades. Segundo a investigação da PF, a reunião teria ocorrido entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. O então diretor-geral da PRF teria afirmado que Bolsonaro defendia a instituição e que, por isso, a corporação precisaria estar ao lado dele.

Na decisão em que autorizou a prisão do ex-diretor-geral, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou como “ilícita e gravíssima” a suposta conduta de Silvinei relatada pela investigação da PF. Conforme ele, a ação teria indicativos de uso irregular da máquina pública para dificultar o trânsito de eleitores, interferindo no processo eleitoral.

Quem é Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF de SC preso em operação da Polícia Federal

Próximos passos

Após ser preso na Grande Florianópolis, Silvinei Vasques foi levado ainda na tarde desta quarta-feira para Brasília. Ele ficaria na Superintendência da PF na capital federal, onde seria ouvido em depoimento. A previsão é de que, nesta quinta-feira (10), ele seja levado à Penitenciária da Papuda.

Depois da prisão, a CPI dos atos de 8 de janeiro informou que estuda uma convocação para que ele preste novo depoimento. Além disso, Vasques vai seguir respondendo ao inquérito que apura se houve ação deliberada para prejudicar eleitores de Lula.

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Em junho, Silvinei Vasques já foi ouvido pela CPI, que ação de golpistas que invadiram a sede dos três poderes. Na ocasião, ele negou que tivesse participado de irregularidades na corporação e sustentou que as operações feitas foram parte da rotina dos policiais rodoviários.