A megaoperação policial contra uma facção criminosa na Zona Norte do Rio de Janeiro repercute em diversos veículos da imprensa internacional nesta terça-feira (28). Considerada a mais letal da história do estado, a ação já provocou a morte de mais de 60 pessoas e a prisão de outras 81 pessoas. Com informações do g1.

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A operação ocorre nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo autoridades, o tráfico orquestrou represálias em diferentes pontos da cidade.

As ações repercutiram ao redor do mundo, e veículos de imprensa afirmam que o Rio “vive cenas de guerra” (veja abaixo).

“Pior dia de violência da história”, diz The Guardian

O jornal britânico The Guardian publicou uma matéria dizendo que o Rio está “em guerra” e vive “o pior dia de violência da história”, após mais de 60 pessoas terem sido mortas na megaoperação contra a organização criminosa.

“A operação realizada antes do amanhecer provocou intensos tiroteios dentro e nos arredores das favelas do Alemão e da Penha, onde vivem cerca de 300 mil pessoas. Traficantes da facção criminosa começaram a atirar e incendiaram barricadas e carros enquanto policiais civis, militares e forças especiais avançavam”, diz a reportagem.

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A reportagem classificou a facção do Rio de Janeiro como um dos grupos do crime organizado mais poderosos do Brasil e destacou que a operação ocorreu em uma área próxima ao Aeroporto Internacional do Galeão.

“Imagens chocantes de algumas das vítimas, jovens do sexo masculino, circularam nas redes sociais”, escreveu o jornal.

Granadas contra policiais

Já o jornal Público, de Portugal, afirmou que criminosos utilizaram drones para lançar granadas contra as forças de segurança, além de bloquearem ruas para impedir o avanço dos policiais.

“A Operação Contenção, da qual faz parte esta iniciativa, ‘visa combater a expansão territorial da facção e capturar líderes criminosos do Rio de Janeiro e de outros estados’, lê-se numa nota divulgada pelo governo estadual do Rio de Janeiro”.

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A reportagem também trouxe o fato de que esta é a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, citando dados coletados pela imprensa brasileira e divulgados pelas autoridades.

“Operações pesadas são comuns no Rio”, diz rádio francesa

A RFI, uma rádio francesa, informou que policiais fortemente armados realizaram incursões nas favelas da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio.

A emissora aproveitou o caso para relembrar dados sobre a violência no Rio de Janeiro, ressaltando que as operações policiais são frequentes nas favelas e que o estado vive sob forte presença de facções do narcotráfico.

“Operações policiais pesadas são comuns no Rio, principal polo turístico do Brasil, especialmente nas favelas, bairros pobres e densamente povoados, frequentemente dominados por traficantes de drogas”, diz a rádio, que ainda completou: “em 2024, aproximadamente 700 pessoas morreram durante operações policiais no Rio, ou quase duas por dia”.

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Ação policial antecede eventos pré-COP30 no Rio

A Reuters, agência de notícias do Reino Unido,  destacou que a megaoperação ocorre poucos dias antes de o Rio de Janeiro sediar eventos que antecedem a COP30. São exemplos o C40, encontro global de prefeitos, e o Earthshot Prize, premiação criada pelo príncipe William.

Com isso, a matéria resgatou que ações policiais de grande escala são comuns no Rio antes de eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e a cúpula do G20 em 2024.

“A operação de terça-feira foi descrita pelo governo estadual como a maior já realizada contra a facção criminosa”, afirma a reportagem. “Cerca de 50 unidades de saúde e educação tiveram suas rotinas interrompidas pelos confrontos, e as rotas dos ônibus tiveram que ser alteradas para evitar os tiros”, completou.

“Caos colossal” e críticas de governador

O jornal El País, da Espanha, informou que o Rio de Janeiro sofreu com intensos tiroteios e que as autoridades mobilizaram cerca de 2.500 policiais na operação.

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“O descomunal desdobramento policial foi respondido com intensos tiroteios pelos homens da facção criminosa, que chegaram a lançar granadas de drones sobre os agentes. O governador do estado do Rio, Cláudio Castro, queixou-se de que ‘o Rio está sozinho nesta guerra’, criticou a falta de apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e pediu ajuda às Forças Armadas”, diz a matéria.

A reportagem ainda descreveu a Cidade Maravilhosa como “um cenário de caos colossal” e destacou que a operação teve como foco os complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte, áreas que abrigam quase 300 mil pessoas.

“Cenas de guerra” e colunas de fumaça e fogo em favela

O jornal argentino Clarín informou que a megaoperação deixou “cenas de guerra” no Rio de Janeiro, além de relembrar o histórico da facção criminosa no estado: “é uma das organizações criminosas mais antigas e conhecidas do Brasil. Surgiu nas prisões do Rio na década de 1970”, diz. “Rapidamente, tornou-se uma poderosa organização criminosa, envolvendo tráfico de drogas, assaltos a bancos e outros crimes.”

O jornal argentino também descreveu imagens de confrontos da megaoperação e disse que a ação visa combater o tráfico de drogas.

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“Imagens captadas em vídeo mostram colunas de fumaça e fogo sobre uma das favelas, lembrando cenas de cidades sob ataque em conflitos armados.”

Veículos blindados, helicópteros e drones

Outro jornal argentino, o La Nación, disse que a operação visa conter a principal organização criminosa do estado, com a polícia utilizando veículos blindados, helicópteros e drones.

A reportagem informou que a ação foi realizada nos complexos da Penha e do Alemão, considerados bases estratégicas para o projeto de expansão territorial do grupo criminoso, e envolveu um amplo desdobramento de policiais civis e militares.

“A ampla operação das polícias Civil e Militar nas favelas da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio, deixou quatro policiais mortos e oito feridos na manhã de terça-feira. As autoridades alertaram que os batalhões permanecem em alerta para possíveis represálias de gangues criminosas”, diz o texto.

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*Sob supervisão de Giovanna Pacheco