O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surpreendeu durante o depoimento sobre a tentativa de golpe ao Supremo Tribunal Federal (STF) e fez um convite em tom de brincadeira ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo e que conduziu o interrogatório.
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Após falar sobre sua popularidade e dizer que pretende viajar para o Rio Grande do Norte no final desta semana, Bolsonaro disse que, se Moraes permitisse, ele poderia enviar vídeos para mostrar ao ministro “como o povo trata a gente na rua”.
Quem são os réus
Imediatamente, Moraes interrompeu para rejeitar a ideia:
— Eu declino.
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Após algumas risadas, Bolsonaro perguntou se poderia fazer uma brincadeira com Moraes. O ministro, sorrindo, sugeriu que antes o ex-presidente perguntasse aos advogados. Então, Bolsonaro fez o convite inesperado:
— Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026.
Imediatamente, Moraes voltou ao microfone:
— Eu declino novamente – afirmou, sendo sucedido por novas risadas do público.
Após a troca de gentilezas, Bolsonaro relembrou que teve encontros com Moraes após a eleição de 2022 e negou qualquer negociação sobre tentativa de golpe após o resultado das urnas.
Embora tenha feito o convite a Moraes para a eleição de 2026, Bolsonaro está inelegível até 2030 após ser condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. A decisão da Justiça Eleitoral teve como ponto central a reunião do então presidente com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, ocasião em que Bolsonaro fez ataques ao sistema eleitoral brasileiro.
Veja a ordem do interrogatório
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens da Presidência;
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal;
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da Reública;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Souza Braga Neto, ex-ministro da Casa Civil.
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Os réus vêm sendo ouvidos presencialmente na Primeira Turma do STF, pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação. Braga Netto é o único que participará por videoconferência, por estar no Rio de Janeiro. As falas são transmitidas ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do YouTube do STF.
O interrogatório dos réus marca a reta final da fase de instrução do processo penal. Na sequência, acusação e defesa podem ter prazo para pedir diligências adicionais. Encerrada esta etapa, deve ser aberto o prazo de 15 dias para alegações.
O interrogatório de Bolsonaro em fotos
O que pesa contra os réus
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro comandou o “núcleo crucial” da organização que agiu para romper a democracia. Ele é acusado de disseminar ataques ao sistema eleitoral, pressionar militares a apoiarem o golpe e editar um decreto para intervir no TSE. Há ainda indícios de que ele sabia do plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades.
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Os outros sete réus são acusados de auxiliar na conspiração. Entre as condutas, estão fraudes eleitorais, bloqueios de estradas para prejudicar eleitores e elaboração de documentos golpistas. Os crimes atribuídos ao grupo incluem tentativa de golpe, organização criminosa e dano ao patrimônio público.
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