Tatiana Cardoso de Lima, 43 anos, era a primeira a tomar iniciativa para reunir os familiares em festas. A celebração de Ano Novo foi compartilhada por ela nas redes sociais. O sorriso estampado no rosto era sinônimo da felicidade após anos de sofrimento, lembra a prima Rochelle Nara Pereira.
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— Ela era uma mulher espetacular, sempre feliz. Era ela que tomava a iniciativa de reunir a família para festas. Estava todo final de semana dando um jeito de reunir a todos, apesar de viver um inferno dentro de casa. Uma mulher temente a Deus, sempre na igreja fazendo suas orações. Dizia o tempo todo que tá tudo nas mãos de Deus — lembra Rochelle.
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No Ano Novo, Tatiana tinha oficializado a separação do ex-companheiro com que viveu por 25 anos. Juntos os dois tiveram três filhos e trabalhavam na revendedora de veículos do homem. Com o divórcio, o casal se desfez do apartamento onde vivia e ela passou a morar com a mãe.
Segundo sua prima Rochelle, o relacionamento entre os dois sempre enfrentou problemas causados pelo ciúme do marido. Há três anos, Tatiana teria decidido se separar após sofrer agressões físicas. Contudo, ela nunca procurou a delegacia para denunciar a violência que sofria.
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— Ele ameaçando sempre ela que ia matar se ela o deixasse, que se não ficasse com ele não ia ser de mais ninguém. E ela dizia que ele não matava nenhuma barata e não acreditava. A gente dizia para ela fugir dele, mas não adiantava — conta.
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Cerca de dez minutos antes do crime, Tatiana ligou para Rochelle e combinou de irem à igreja a noite. Na conversa, ela teria comentado que o ex-companheiro entrou em contato para que a mulher buscasse o dinheiro da mensalidade da filha mais nova.
Os dois discutiram no local e o homem sacou uma arma. Tatiana foi morta com sete tiros efetuados pelo ex-companheiro em frente a revendedora, localizada no bairro Estreito. O homem de 60 anos fugiu após os disparos, mas foi preso horas depois em Porto Belo. Segundo a Polícia Civil, ele foi encaminhado ao presídio de Tijucas.
Tatiana procurou advogado dias antes do crime
Na última quinta-feira (4), Tatiane teria procurado um advogado buscando orientações de como se proteger contra as ameaças do ex-companheiro. Desde a separação em dezembro, o homem teria passado a ligar constantemente a intimidando.
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Após a prisão, o inquérito que investiga a morte de Tatiana foi enviado para a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami). O delegado Júlio César Lima Feitosa, responsável pelas investigações, não deu detalhes sobre o caso.
Tatiana será enterrada nesta terça-feira (9) no cemitério de Barreiros, em São José. A família não divulgou o horário do sepultamento.
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