A primeira vez no Brasil em que atletas transplantadas irão participar de um revezamento tem data e local: a primeira etapa do Iroman 70.3, que ocorre em Florianópolis, neste domingo (24). Priscilla Pignolatti e Débora Reichert se tornaram atletas após o transplante de rim, e Patrícia Fonseca conheceu a atividade física de alto rendimento depois de ganhar um novo coração. 

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp

O esporte antes do transplante não era uma opção para nenhuma das três. Priscilla, que até corria e fazia academia, quando ficou doente, tinha dificuldade em subir um lance de escadas. Ela conta que recebeu o rim do irmão, maratonista, que além de doar o órgão puxou a irmã para a atividade. 

— A única coisa que fazia antes era uma academia. Com os anos a doença foi evoluindo e eu não conseguia fazer nem isso, não conseguia subir um lance de escadas. Eu transplantei em 2017. Comecei a caminhando meu irmão é corredor, maratonista e meu doador. Ele me falou ‘por que você não corre?’. Então percebi que era possível, que era legal, que eu ia conseguir fazer — conta a triatleta. 

Na televisão, a mineira viu Patrícia dando uma entrevista sobre a modalidade de revezamento. O esporte era algo que a paulista havia experimentado apenas da plateia. Com um problema no coração desde que nasceu, Patrícia passou a vida com limitações físicas, até que com 29 anos, no dia do aniversário, ela ganhou um novo coração. 

Continua depois da publicidade

— Assistia à aula de educação física da arquibancada, e ao longo da vida fui ficando cada vez pior. Com 29 anos entrei na fila de espera, e esperei pela doação na UTI. No dia do meu aniversário chegou um novo coração. Sempre vi as pessoas praticando esportes, sem poder fazer, mas sempre tive vontade. Com um mês de cirurgia eu estava na academia — conta Fonseca.

Patrícia foi a primeira brasileira a competir no triatlo nos Jogos Olímpicos de Transplantados e a primeira com um transplante de coração. Priscilla entrou em contato, e as duas se aproximaram. 

Débora Reichert ganhou o rim de uma prima, mas conta que quando percebeu que estava doente, já estava muito fraca. Segundo a gaúcha, o transplante foi a virada de chave. 

— Chega em um momento perto do transplante em que você começa a perder a força, ficar um pouco mais fraca. Demorei pra saber que estava doente e não fazia muita coisa antes do transplante, que aconteceu em 2014. [O transplante] é como trocar a peça de um carro e ele voltar a funcionar. Senti muita energia, não lembro mais como era sentir aquilo antes. Logo quis ir pra academia, fazer caminhadas, tinha necessidade de usar e gastar essa energia — conta Débora.

Continua depois da publicidade

Foi na busca por gastar a energia ganha com o novo rim e aproveitar a nova vida, que Débora conheceu o triatlo, Priscilla e Patrícia. Foi nos Jogos Latino-Americanos de Transplantados de 2018, na Argentina, que o trio se aproximou. As únicas brasileiras na competição, passaram todo o período juntas e se tornaram amigas.

Após quatro anos de competições, muitas em conjunto, as três serão as primeiras brasileiras transplantadas a participar de um triatlo como o Iroman 70.3. Patrocinadas pelo laboratório EMS, o objetivo, segundo Débora, é chamar a atenção para a importância da doação de órgãos. 

— Nos conhecemos por causa do transplante, mas acho que o que uniu a gente mesmo foi o triatlo. Surgiu a ideia de fazer algo maior pra chamar a atenção pra doação, mostrar a importância — ressaltou a atleta. 

Desde 2018, o trio roda o mundo participando de competições
Desde 2018, o trio roda o mundo participando de competições – (Foto: Débora Reichert)
Segundo Reichert, elas se conheceram pelo transplantes, mas se aproximaram pelo esporte
Segundo Reichert, elas se conheceram pelo transplantes, mas se aproximaram pelo esporte – (Foto: Débora Reichert)
Elas serão as primeiras transplantadas brasileiras a participar de um revezamento como o Ironman
Elas serão as primeiras transplantadas brasileiras a participar de um revezamento como o Ironman – (Foto: Débora Reichert)

Leia também

Florianópolis terá 5G até fim de julho, garantem operadoras

Continua depois da publicidade

Gasolina pode chegar a R$ 8 em Florianópolis, alerta sindicato

VÍDEO: menino vence o câncer e realiza sonho de ser policial por um dia em Florianópolis