O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou que a publicação do vídeo do pai saudando apoiadores em manifestações no último domingo que resultou na decretação de prisão domiciliar de Bolsonaro tenha sido planejada para provocar a medida. Ele também disse não ter visto nenhum problema na divulgação do vídeo e afirmou não ser possível garantir que o Brasil não sofra novas sanções dos Estados Unidos mesmo em caso de aprovação do projeto da anistia. O tema voltou a ser reivindicado por ele nesta terça-feira (5) ao apresentar um “pacote da paz”.

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As afirmações de Flávio Bolsonaro foram dadas em entrevista à Globonews, na tarde desta terça. Flávio refutou a tese de que a divulgação do vídeo poderia ter sido premeditada para forçar o endurecimento das punições de Moraes e provocar dividendos políticos e discurso de perseguição.

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— Quem está com essa leitura está completamente equivocado. Não teve nada premeditado. Bolsonaro está cumprindo todas as exigências, colaborando com o processo desde sempre, mas mais uma vez a gente pega o processo de uma parte e não considera como isso tudo começou. Alexandre de Moraes instaura um processo contra Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro exatamente acusando Eduardo de estar lá procurando sanções contra ele próprio. Como é que ele preside esse processo? — criticou o senador, voltando a defender que o ministro não poderia estar à frente da ação.

“Não vi nenhum problema”, diz Flávio, sobre divulgação do vídeo

Flávio também falou que não viu problema na divulgação do vídeo em que Bolsonaro aparece usando tornozeleira eletrônica e cumprimentando apoiadores via redes sociais. Pelas medidas cautelares decretadas em 18 de julho, Bolsonaro não poderia usar redes sociais, nem mesmo por meio de terceiros.

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— Como a medida cautelar, pelo menos o que a gente consegue extrair dela, é que Bolsonaro não poderia falar do seu processo e também não se utilizar indiretamente de nenhuma outra rede social para falar deste processo. Eu, como parlamentar, não vi nenhum problema em postar um conteúdo que faz parte, aqui… As nossas redes sociais são uma extensão do nosso mandato. Eu não estou com nenhuma proibição, nenhuma restrição, como eu disse, não faço parte do processo. O Bolsonaro não me pediu para fazer isso — afirmou.

O senador criticou falas de Lula que criticariam o governo Trump e “fechariam portas” ao país nos EUA. Também reclamou de proibições e decisões de Alexandre de Moraes, citando um processo sobre redes sociais que incluiu o nome do bilionário Elon Musk.

Flávio Bolsonaro afirmou que a oposição ocupou a mesa diretora do Senado e pretende obstruir os trabalhos no Legislativo, que voltam do recesso nesta terça-feira, até que projetos como o da anistia sejam pautados. Questionado se a aprovação desse pacote, que inclui até mesmo o impeachment de Alexandre de Moraes, garantiria que o Brasil não sofreria mais sanções dos EUA, Flávio afirmou não ser possível garantir.

— Ninguém pode garantir que isso vai tirar as restrições dos Estados Unidos. Ninguém tem controle sobre o que Trump está fazendo. O Eduardo Bolsonaro e nenhuma outra pessoa manipula o presidente Donald Trump. O que nós acreditamos, porque eu consigo ler a carta, principalmente a primeira que foi enviada dos Estados Unidos ao Brasil, é que esse é um problema de perseguição, de completo desvirtuamento da nossa democracia. E a anistia, obviamente, em sendo aprovada é aqui, é um gesto prático, um passo prático importante para que a Casa Branca possa, sim, rever essas sanções — afirmou.

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