A Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (3) o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. O texto foi apresentado depois de 25 anos de negociações, e agora será analisado pelo Parlamento e pelos países que compõem o bloco. As informações são do g1.

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Apesar de ser uma proposta oficial, esta ainda não é a etapa final do processo. Para que entre em vigor, o acordo precisa ser aprovado na União Europeia, o que requer votação no Parlamento Europeu e apoio de pelo menos 15 dos 27 países do bloco.

— Só com a aprovação dessas duas instâncias o acordo poderá entrar em vigor de forma plena — explica Leonardo Munhoz, pesquisador e professor da FGV-Agro.

A proposta tem gerado opiniões distintas entre os países membros. Alguns veem a possibilidade de ampliar suas exportações e diminuir a dependência de parceiros. Já outros tem receio em relação a prejuízos em setores sensíveis da economia, especialmente diante da forte concorrência vinda da América do Sul.

A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia, assim como países como Alemanha e Espanha, defendem que o acordo possa compensar por perdas provocadas pelas tarifas impostas por Dnald Trump. O Mercosul seria uma mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus.

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A região ainda é uma fonte confiável de minerais essenciais para a transição energética, como o lítio, atualmente fornecido pela China.

Já a França, Polônia e a Itália afirmaram serem contra o acordo. O receio das nações é perder espaço diante da concorrência dos exportadores sul-americanos de grãos e alimentos. Organizações ambientalistas europeias também rejeitam o acordo, e agricultores europeus protestaram afirmando que ele abriram caminho para importações baratas de commodities sul-americanas, sobretudo carne bovina, que não seguiriam os padrões de segurança alimentar e ambiental da UE.

Como ficou o texto

De acordo com a análise do pesquisador e professor da FGV-Agro, Leonardo Munhoz, que o texto tentou equilibrar os interesses, com a intenção de uma abertura comercial, proteção do setor agrícola europeu e maior exigência ambiental nas cadeias de produção.

Leonardo Munhoz avalia que o texto apresentado tentou equilibrar os interesses de críticos e defensores do acordo entre União Europeia e Mercosul, propondo uma abertura comercial, proteção do setor agrícola europeu e maior exigência ambiental nas cadeias de produção.

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— É também uma sinalização de que a Europa não pode ficar parada diante de uma nova corrida global por mercados e cadeias de suprimento — afirmou.

O texto inclui proteções para o setor agrícola, propostas pela Comissão, com limites para cotas de carne bovina e aves. A proposta inclui um “freio de emergência” que pode suspender benefícios em caso de desequilíbrio de mercado e o reforço de fundos de apoio ao agricultor europeu. O governo francês mostrou estar mais aberto à aprovação do texto final.

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