Todo parto é muito especial para as famílias que aguardam com tanto amor a chegada de um novo bebê. Um casal de Jaraguá do Sul, porém, teve uma gestação ainda mais diferenciada. Isso porque a mãe estava à espera de gêmeos em uma gravidez chamada de monocoriônica monoamniótica, que representa 1% das gestações gemelares, sendo então raríssima.

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Os bebês da gestação monocoriônica monoamniótica compartilham a mesma placenta e também a mesma bolsa amniótica, tornando o parto raro e, ao mesmo tempo, de risco. Apesar disso, os nenéns vieram ao mundo na última quarta-feira (24, no Hospital Jaraguá, saudáveis e em um parto cesárea que deu tudo certo.

A doutora Érica Marques, médica generalista em processo de especialização em Ginecologia e Obstetrícia, participou do parto gemelar raro e conta que a gestação precisou de um acompanhamento especial e com mais consulta, para evitar possíveis problemas, como foi o caso da família de Jaraguá do Sul. Além disso, a médica também destaca que os partos, neste caso, ocorrem com cerca de 32 a 34 semanas, antes do comum que são após as 37 semanas.

Esse acompanhamento ocorre para evitar alguns possíveis problemas que podem ocorrer neste tipo de gravidez rara. Segundo a especialista, entre os riscos estão:

  • Enovelamento ou compressão dos cordões umbilicais, já que ambos os bebês dividem o mesmo espaço, o que pode comprometer a oxigenação (e aqui uma curiosidade: isso aconteceu nessa gestação, porém o enovelamento não chegou a causar dano algum na vitalidade dos fetos, neste caso foi algo “benigno”);
  • Restrição de crescimento, pois há um único suprimento placentário;
  • Parto prematuro, que quase sempre é necessário para reduzir os riscos de morte intrauterina. É, inclusive, a recomendação das principais diretrizes (como citei acima).

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Este tipo de condição de gestação pode ser identificado nas primeiras consultas, já no início da gravidez.

— Normalmente já no primeiro trimestre, entre 11 e 14 semanas, por meio do ultrassom. É mais ou menos nessa fase que se identifica se os gêmeos dividem ou não a placenta e a bolsa amniótica. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor o planejamento da gestação — destaca a médica.

Exames médicos e acompanhamento são os principais cuidados que podem ser tomados pelas famílias para evitar os riscos. Geralmente, a gestante precisa de:

  • Ultrassons seriados, individualizando cada caso conforme acompanhamento e gravidade;
  • Monitoramento frequente da vitalidade fetal, através da cardiotocografia, movimentação fetal e USG com Doppler, principalmente, tudo conforme idade gestacional e condições maternas/fetais.

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— O maior cuidado é garantir esse seguimento rigoroso, entender que a gestação exige um cuidado bem mais próximo e cauteloso, e apoiar – verdadeiramente – a mãe nesse processo, que é cansativo e exige tempo e disposição, compreendendo por vezes maior irritabilidade, mais cansaço e insegurança, afinal toda mamãe, e ainda mais as mamães de  gêmeos, sabem o “peso” que carregam — cita Érica.

No caso de Jaraguá do Sul, a médica conta que o parto foi um momento muito especial e será lembrado de forma especial.

— Por ser uma situação rara, é sempre um desafio para a equipe médica, mas também muito gratificante, ao final do processo, ver que todo cuidado valeu à pena, o plantio gerou seus frutos. A sensação é realmente de emoção e de responsabilidade cumprida. Cada experiência como essa reforça a importância do trabalho em equipe e da estrutura hospitalar adequada para acolher casos de alta complexidade, como esse — revela a médica.

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