O consultor de vendas Aislan Crozeta Corrêa, 32 anos, foi o primeiro jovem a perder a batalha para coronavírus em Santa Catarina. O morador de São Ludgero, no Sul do Estado, ficou 15 dias internado na UTI de um hospital em Içara e morreu dia 4 de abril. A próxima terça-feira marcará quatro meses da morte de Aislan. Ele não tinha nenhuma doença crônica. Foi o 11º óbito provocado pela Covid-19 no Estado.
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> Veja a evolução da pandemia em SC em um mapa interativo
Quando Aislan teve os primeiros sintomas, como febre e falta de ar, o coronavírus ainda era novidade, uma ameaça que começava a se apresentar para os catarinenses, reclusos em início de quarentena. Quase quatro meses depois, SC atravessa o momento mais crítico da pandemia, com uma das menores taxas de isolamento do país, lotação de leitos de UTI em algumas regiões e sem previsão de quando o Estado vai superar o pico da doença.
Para quem perdeu um familiar quando a doença ainda era um inimigo incerto, ver que muitas pessoas ainda descumprem as normas de isolamento social e cuidados de prevenção mesmo com o avanço da doença em SC provoca sensações confusas. A mãe de Aislan, Sirlene Crozeta, deixou o emprego na mesma empresa que o filho trabalhava, em São Ludgero, e passou a costurar em casa. Ela produz máscaras de tecido, que surgiram como uma oportunidade de renda e também uma forma de ajudar outras pessoas a se prevenirem da doença.
Sirlene diz que a procura por máscaras é grande, mas que em contrapartida nota que muitas pessoas ainda parecem não perceber os riscos da doença. Aislan deixou esposa e um filho de dois anos, que também tentam seguir a vida após a perda. Nos últimos quatro meses, Sirlene viu a mãe, de 69 anos, apenas três vezes e a distância. Os contatos são por telefone, para evitar qualquer risco.
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A mãe de Aislan se divide entre a angústia sobre não saber até onde irá a pandemia e a tentativa de se conformar com a ideia de que a missão do filho tinha que se encerrar. Ela ainda se lamenta pelo fato de o filho ter contraído a Covid-19 tão no início, quando as respostas dos médicos ainda tinham muitas dúvidas sobre a doença. E, acima disso, mantém o apelo pelas medidas de prevenção ao vírus.
– É difícil ficar em casa, tem momentos que é revoltante, como ocorre comigo, mas no momento a forma mais adequada é ficar em casa, se cuidar, porque não tem outra saída. O único remédio é a população se cuidar – afirma a mãe.
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