Em trinta anos, a população de nortistas residentes em Santa Catarina aumentou 49 vezes, saltando de 2.550 pessoas em 1991 para 125.384 em 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre todas as regiões do país, foi a que mais cresceu proporcionalmente no estado catarinense (+4.817%), seguida do Nordeste (+1.589%) e Centro-Oeste (+922%).
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Conforme o histórico do IBGE, o maior salto ocorreu na última década, quando o número de nortistas aumentou 10 vezes, passando de 12.988 em 2010 para mais de 125 mil em 2022. Santa Catarina é o quarto Estado com o maior número de nortistas fora da região de origem, depois de Goiás (288.724); São Paulo (157.925) e Mato Grosso (142.398).
Entre os estados da região Norte, o Pará foi o principal emissor de migrantes para Santa Catarina em 2022, com 82.192 residentes no Estado. Em seguida, aparecem o Amazonas (14.361 migrantes), Rondônia (9.135), Amapá (8.041), Acre (6.710), Tocantins (2.731) e Roraima (2.175).
O crescimento é impulsionado pela busca dessa população por melhores oportunidades de trabalho e uma qualidade de vida melhor. De acordo com o pesquisador Tafarel Cassaniga, integrante do Observatório das Migrações de Santa Catarina, Santa Catarina se destaca pela economia diversificada e em crescimento, gerando demanda por mão de obra em setores como indústria, serviços e construção civil. A segurança pública também é um atrativo.
— Adicionalmente, as redes sociais migratórias desempenham um papel crucial. A existência de amigos ou familiares já estabelecidos em Santa Catarina, que compartilham informações sobre oportunidades e a realidade local, serve como um facilitador e um catalisador para novos fluxos migratórios — pontua o especialista.
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Desafios do outro lado do país
O pesquisador Tafarel Cassaniga reforça que, embora o Estado ofereça oportunidades, os migrantes enfrentam obstáculos importantes. Um dos desafios mais presentes é o preconceito e a discriminação:
— Infelizmente, ainda há muitos casos de estigmatização direcionada a migrantes internos, especialmente nortistas e nordestinos. Essa realidade não apenas gera sofrimento individual, mas também impede a plena integração social e o aproveitamento de todo o potencial desses novos residentes.
Além disso, segundo ele, muitos migrantes acabam inseridos em setores de menor remuneração.
— Embora a contribuição econômica desses migrantes seja inegável, a inserção nem sempre ocorre de forma equitativa. Muitos desses indivíduos acabam sendo alocados em setores de menor remuneração, o que destaca a necessidade de políticas que garantam uma inserção econômica mais justa e inclusiva — pontua o pesquisador.
Fluxo migratório em SC
Santa Catarina foi o a unidade da federação que mais recebeu migrantes entre 2017 e 2022, conforme o último Censo. A maioria (134,8 mil) tem origem do Rio Grande do Sul, representando 26,8% do total de 503,8 mil pessoas que residiam em outra unidade da federação e que vieram para o Estado. Depois estão o Paraná (96,1 mil), com 19,1% do total, São Paulo (62,4 mil), com 12,4%, Pará (44,9 mil), com 8,9%, e Bahia (20,3 mil), com 4,0%.
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Lauro Mattei, professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Coordenador Geral do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense, vê três elementos centrais como razões para essa dinâmica de alto fluxo migratório.
— O principal fator é o mercado de trabalho. E, aliado a isso, Santa Catarina apresenta três características que o tornam extremamente atrativo. Primeiro, o baixo índice de desemprego. Segundo, a alta formalização das relações de trabalho. E terceiro, um nível de renda média, tanto pessoal quanto familiar, superior à média nacional — explica o professor.
Migração por região em SC (1991 – 2022)
Norte
- 1991: 2.550 pessoas
 - 2022: 125.384 pessoas
 - Crescimento absoluto: +122.834
 - Crescimento relativo: +4.817%
 
Nordeste
- 1991: 12.804 pessoas
 - 2022: 216.309 pessoas
 - Crescimento absoluto: +203.505
 - Crescimento relativo: +1.589%
 
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Sudeste
- 1991: 55.378 pessoas
 - 2022: 282.842 pessoas
 - Crescimento absoluto: +227.464
 - Crescimento relativo: +411%
 
Centro-Oeste
- 1991: 5.226 pessoas
 - 2022: 53.405 pessoas
 - Crescimento absoluto: +48.179
 - Crescimento relativo: +922%
 
Sul (outros estados fora SC)
- 1991: 464.947 pessoas
 - 2022: 1.089.743 pessoas
 - Crescimento absoluto: +624.796
 - Crescimento relativo: +134%
 
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