Santa Catarina ainda não tem prazo para ampliar o alcance do chamado teste do pezinho, triagem que identifica doenças em recém-nascidos. Atualmente, o Estado oferece exames da chamada fase 1, que identificam até sete doenças, como hipotireoidismo congênito e fibrose cística. (veja lista completa ao final da matéria)

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Com o chamado teste do pezinho ampliado, no entanto, a testagem pode identificar mais de 50 doenças raras e genéticas, incluindo a Atrofia Muscular Espinhal (AME).

Em maio de 2021, uma lei nacional determinou a implantação do teste do pezinho ampliado na rede pública de saúde, com execução escalonada e dividida em cinco etapas — a última delas é a detecção de casos de AME. No entanto, quatro anos após a publicação da lei, apenas três estados (Paraíba, Minas Gerais e Maranhão) e o Distrito Federal ampliaram o painel de doenças com base em legislações locais, segundo informações do Ministério da Saúde. Não há prazo definido para a ampliação do teste na lei federal.

Veja fotos do teste do pezinho

A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina informou à reportagem que atualmente está em negociação com o Laboratório da Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (Fepe), referência em triagem neonatal no Estado. O objetivo é fazer um estudo de viabilidade técnica e operacional da ampliação do teste em 1,8 mil pontos de coleta de SC.

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“Estão sendo avaliadas as condições estruturais, logísticas e financeiras para a implementação da nova etapa do exame, conforme diretrizes do Ministério da Saúde”, informou a pasta, em um trecho da nota.

Segundo o Ministério da Saúde, em todo o país a cobertura do teste do pezinho para as sete doenças da primeira etapa do programa ultrapassa 82% atualmente. O ministério repassa procedimentos, medicamentos e acompanhamentos para gestores estaduais efetuarem os exames.

As etapas para a ampliação

Segundo o Estado, até o momento, não há um prazo definido para a implementação das fases seguintes. A ampliação deve ocorrer seguindo as cinco etapas do Ministério da Saúde.

Enquanto a ampliação do teste do pezinho não sai, permanece a recomendação de fazer exame atual, com a detecção das sete doenças já implementada. Em caso de suspeita ou indicação médica, os usuários são encaminhados para avaliação especializada, com exames complementares.

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O Estado aponta que algumas dificuldades têm impedido a adoção do teste do pezinho ampliado em SC, segundo a secretaria estadual. Confira abaixo:

Valores de custeio

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, uma das dificuldades encontradas para adotar o teste do pezinho ampliado em SC seria a ausência de definição dos valores de custeio por parte do Ministério da Saúde, principalmente para os exames de confirmação após a triagem neonatal. O Estado afirma que espera a publicação de valores atualizados na tabela do Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos, Medicamentos e OPM (SIGTAP) do SUS.

Questionado sobre o tema, o Ministério da Saúde não retornou a reportagem até a publicação.

Estrutura laboratorial nas regiões

Outra dificuldade citada pelo Estado é a necessidade de ampliação da estrutura laboratorial e de recursos humanos especializados de forma regionalizada.

A necessidade de adequações logísticas no fluxo de coleta, transporte e análise das amostras também é citada como obstáculo encontrado até o momento para o teste do pezinho ampliado em SC.

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Capacitação de profissionais

A capacitação de profissionais da rede de saúde para triagem, diagnóstico e acompanhamento dos casos positivos também é citada como desafio a ser superado para a implantação das etapas seguintes do programa de triagem neonatal. Atualmente, esse atendimento ocorre apenas no Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência estadual, mas futuramente o serviço deve ser descentralizado, de forma regional.

Tratamentos para doenças

Outra dificuldade citada pela Secretaria de Estado da Saúde seria a ausência de protocolos e diretrizes terapêuticas para algumas doenças previstas nas cinco fases. Essa situação, segundo o Estado, poderia gerar ansiedade e desafios para família e gestores que tiverem resultado positivo para doenças ainda sem tratamento normalizado no SUS.

Segundo o Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), popularmente conhecido como teste do pezinho, garante intervenção rápida e acesso ao tratamento pelo SUS. “Além do diagnóstico laboratorial, o programa assegura acompanhamento integral na rede pública, com ações de saúde multicêntricas e multiprofissionais”, informou o órgão, em nota

As etapas da ampliação

As cinco etapas do teste do pezinho ampliado:

I – etapa 1

  • a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias;
  • b) hipotireoidismo congênito;
  • c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias;
  • d) fibrose cística;
  • e) hiperplasia adrenal congênita;
  • f) deficiência de biotinidase;
  • g) toxoplasmose congênita;

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II – etapa 2

  • a) galactosemias;
  • b) aminoacidopatias;
  • c) distúrbios do ciclo da ureia;
  • d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos;

III – etapa 3: doenças lisossômicas;

IV – etapa 4: imunodeficiências primárias;

V – etapa 5: atrofia muscular espinhal.

Fonte: Lei 14.154/2021

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