Uma das escolas mais tradicionais e marcada pelo pioneirismo em Joinville, no Norte catarinense, tem a oportunidade de ter sua história resgatada. O antigo prédio do Colégio Conselheiro Mafra, no Centro da cidade, deve passar por restauração e abrigar a nova sede dos Bombeiros Mirins.
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Com uma origem centenária, antes de se tornar colégio, o Conselheiro Mafra foi o primeiro grupo escolar de Santa Catarina. Conforme a historiadora Iara Andrade Costa, o colégio surge a partir do trabalho educacional do Padre Carlos Boeghershausen, que estabeleceu uma unidade educacional na cidade.
Veja fotos do prédio histórico
A Escola Padre Carlos funcionou em diferentes espaços até ter uma unidade fixa em 1898. Após a morte do religioso em 1906, Orestes Guimarães foi contratado pela superintendência municipal para inaugurar e dirigir, por dois anos, o “Collegio Municipal de Joinville”, como foi chamado na época.
Em 1911, a escola passou por alteração de nome devido a mudanças no sistema de ensino. Somente em 1936, ocorreu a mudança para unidade construída na Rua Conselheiro Mafra, onde fica o prédio histórico que será restaurado pela corporação.
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O setor mais antigo da escola, formado por seis alas de edificações, foi tombado pelo patrimônio histórico municipal em 2004. Após várias interdições pela vigilância sanitária, a escola foi definitivamente desativada em 2013. Dez anos após o fechamento, o projeto de lei 191/2023, de autoria do Executivo, foi aprovado e cedeu a concessão do antigo Colégio Conselheiro Mafra para a Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville.
O diretor executivo dos Bombeiros Voluntários, Luciano Mendonça Seiler, destaca que a restauração do prédio é um importante feito para reviver a história de um espaço que estava em situação precária.
— O resgate desta quase centenária edificação representa um importante marco na preservação de memória e patrimônio histórico do município. Já para os Bombeiros Voluntários, representa uma grande responsabilidade e desafio, de trazer novamente o espaço à sua vocação principal, que é o de contribuir na formação de cidadãos. Neste contexto, será possível ampliar significativamente a atuação e resultados proporcionados pelo programa Bombeiros Mirins — comenta.
Conforme o projeto, a nova sede irá abrigar todas atividades do programa Bombeiros Mirins, que tem 40 anos de história e atende cerca de 200 crianças na sede principal da corporação. Com a adequação do prédio histórico, a estrutura física disponível será significativamente ampliada com oito salas de aula, auditório, refeitório, cozinha, almoxarifados, ginásio de esportes coberto, entre outros espaços. Assim, a expectativa é dobrar o número de crianças atendidas pelo programa.
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A escola volta a ter vida
Olizilma Ana Bussmann Witt, de 62 anos, atuou na escola de 1991 a 2013, quando se aposentou. Nesse período, além de atuar como professora, foi diretora do local por 12 anos. Com carinho, Olizilma relembra que sua passagem pelo Colégio Conselheiro Mafra foi marcada pela parceria entre estudantes, pais e professores.
— (Quando) alguém tinha uma ideia de fazer um projeto, todo mundo abraçava esse projeto, todo mundo fazia junto. Então, essa também é uma das lembranças que eu tenho. Tanto que nós somos um grupo de professores que se encontra até hoje. Então, a gente se reúne todo mês para conversar, para relembrar das memórias que a gente tem — conta.
A ex-diretora conta que a escola era reconhecida pela qualidade de ensino e recebia grande demanda por vagas. Quando soube da notícia que o espaço seria fechado, o sentimento foi de tristeza por perder um local tão importante para a tradicional educação joinvilense.
— Na época que eu comecei lá, existia um teste seletivo na Tupy. Para entrar, os alunos tinham que passar por um vestibular. E os nossos alunos estavam sempre entre os 10 primeiros. Geralmente, o primeiro, o segundo e o terceiro (lugar) eram nossos. A gente ficava muito feliz com isso, com o trabalho que a gente fazia, porque o Colégio Conselheiro Mafra sempre teve uma fama de um ótimo colégio — destaca.
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Após a notícia da restauração pelos Bombeiros Voluntários, Olizilma revela que está feliz e esperançosa em ver o espaço funcionando novamente. Inclusive, ela é uma das embaixadoras que apoiam o projeto.
— Eu quero ver novamente aquela escola com vida. O Conselheiro Mafra precisa ter vida e isso depende de nós. Foi muito bom que o Corpo de Bombeiros ficou com aquele espaço, embora ele não vá ser uma escola, mas ele vai ser uma vivência de crianças. Vai ter vida, são crianças novamente que vão para lá.
Atual execução do projeto
Os Bombeiros Voluntários, através da atuação de empresa de engenharia especializada, iniciaram as intervenções no local em janeiro deste ano, contemplando inicialmente os preparativos de canteiros de obras, limpezas e retiradas de entulhos e lixo e avaliação mais detalhada das condições estruturais do prédio.
Segundo o diretor executivo dos bombeiros voluntários, a conclusão das obras e das estruturas complementares deve acontecer em 2026, possibilitando o início das atividades ampliadas do programa Bombeiros Mirins no início de 2027.
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*Sob supervisão de Leandro Ferreira
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