O primeiro dia de julgamento de Paulo Odilon Xisto Filho, acusado de matar a namorada e modelo gaúcha Isadora Viana Costa, de 22 anos, durou mais de 13 horas e nove testemunhas foram ouvidas, segundo informações do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

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De acordo com o MPSC, o julgamento começou nesta quarta-feira (3) por volta das 8h em Imbituba. O réu é acusado de matar a namorada com socos, chutes e joelhadas em 2018.

Nesta quinta-feira (4), a sessão deve ser retomada às 9 horas no Fórum da Comarca de Imbituba. Segundo o MPSC, mais três testemunhas serão ouvidas, provas eventuais serão exibidas e o réu será interrogado. O julgamento deve se estender até sexta-feira (5).

O Ministério Público deve sustentar aos jurados “a condenação do réu por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio”. Além disso, o réu é acusado de fraude processual e posse ilegal de acessório de uso restrito para arma de fogo.  

A sessão de julgamento foi acompanhada pela comunidade e por familiares da vítima que relembraram momentos com a jovem.

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—  Eu não gostaria de estar aqui nessa circunstância, mas nós estamos aqui também por isso, em defesa da vida de todas as mulheres—  contou o pai de Isadora, Rogério Froner Costa. 

Segundo informações do g1, a advogada da família da vítima, Daniela Felix, afirmou que a morte da jovem e os mais de sete anos de espera para o júri despedaçou os seus parentes. Já a defesa do homem, feita pelos advogados Aury Lopes Jr. e Ércio Quaresma, nega o crime e afirma que a jovem sofreu overdose.

O que diz a defesa da família da jovem

Isadora Viana Costa foi morta em 08.05.2018, na Casa do então namorado. A causa? Segundo o próprio legista, reiterado uso da força. Uma morte violenta, num espaço privado, onde só os 2 estavam. Caso clássico de Feminicídio, que a voz da vítima não pode mais ser ouvida. No outro lado, um homem branco e rico, que não poupou recursos na sua defesa. São mais de 7 anos de espera para o júri popular.

Uma família foi despedaçada. A Isadora é mais uma vítima do patriarcado, do machismo e da misoginia, que só em Santa Catarina, de janeiro a julho de 2025 já vitimou 26 mulheres, pelos dados da SSPSC. A luta é pela Isadora, mas também é contra a violência doméstica e de gênero de todas as mulheres, que muitas vezes também são vítimas do judiciário.

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O que disse a defesa do homem

A defesa de Paulo Xisto, patrocinada pelos escritórios Aury Lopes Jr. e Ércio Quaresma, considera que ficou devidamente esclarecido perante o Conselho de Sentença as informações e a cronologia dos fatos que estavam distorcidos.
No decorrer do dia de ontem ficou demonstrado que a tese acusatória de chutes, socos e pontapés foi uma ilação do perito, pois a realidade aponta para o lado oposto: vítima veio a óbito em decorrência de uma overdose de cocaína.
As provas técnicas convergem no sentido de que a causa do óbito decorreu de uma fatalidade na qual a vítima engoliu de quantidade expressiva de substância entorpecente (cocaína), circunstância que lhe ocasionou lesões internas de natureza letal.

Relembre o caso

Segundo denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o réu conheceu Isadora em Santa Maria (RS), em março de 2018, quando começaram a namorar. Em 22 de abril de 2018, a jovem aceitou o convite para passar uns dias no apartamento do namorado, em Imbituba.

Durante o tempo que passou com o namorado, Isadora relatou a amigas que Paulo se tornava agressivo e descontrolado quando estava sob efeito de drogas, segundo a denúncia. No dia do crime, o homem teria passado mal e Isadora entrou em contato com a família dele.

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De acordo com a investigação, Paulo não teria gostado da atitude da modelo, já que os familiares não sabiam que ele usava drogas. Após os parentes deixarem o apartamento, o casal teve uma discussão, e de acordo com a denúncia, agrediu Isadora até a morte com golpes no abdômen.

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Os socorristas do Corpo de Bombeiros que atenderam o caso disseram à polícia que o lençol da cama estava sujo de sangue quando atenderam Isadora. Entretanto, quando investigadores chegaram ao local, a cama estava sem o lençol. A denúncia contra Paulo inclui a modificação da cena do crime.

O réu chegou a ficar preso em duas ocasiões, em 2018 e 2019, mas está atualmente solto. A defesa do homem nega as acusações e afirma que a vítima morreu “em virtude de uma overdose acidental” (leia nota abaixo).

Paulo responde por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, feminicídio e impossibilidade de defesa da vítima, além de fraude processual. 

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