Os produtores rurais de Santa Catarina tiveram prejuízos milionários causados pelas fortes chuvas que atingiram o Estado na semana passada. A Epagri aponta que o cultivo de alface, cebola, banana e hortaliças foram as cadeias produtivas mais afetadas, apesar de ainda não saber os valores exatos das perdas no meio rural.

Continua depois da publicidade

Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

O levantamento de estragos em infraestrutura e prejuízos nas safras ainda está sendo contabilizado pelas equipes da Epagri. Até segunda-feira (5), muitas áreas rurais ainda permaneciam isoladas, com acessos prejudicados por terra e sem sinal de internet, celular e até sem luz. A situação dificulta o trabalho para apurar as perdas após as chuvas fortes que impactaram as regiões da Grande Florianópolis, Planalto Norte e Vale do Itajaí entre 26 de novembro e 1º de dezembro.

Diferentes safras foram prejudicadas de acordo com a região afetada, mas segundo Haroldo Tavares, analista de socioeconomia da Epagri, os prejuízos são milionários. O cultivo de alface, chamado de olericultura, foi o mais afetado, com perdas concentradas principalmente na Grande Florianópolis. No Norte de Santa Catarina, além das hortaliças, a banana também sofreu prejuízos. No Alto Vale do Itajaí, a preocupação é com a cebola.

Preço da gasolina e do diesel terá redução nas refinarias, anuncia Petrobras

Continua depois da publicidade

Segundo a gerente regional da Epagri, Adriana Tomazi Alves, as dificuldades de armazenamento e para escoar as produções nas regiões atingidas, que ainda possuem rodovias bloqueadas, podem elevar as perdas financeiras nos próximos dias. A falta de energia elétrica que persiste em muitos municípios da região ainda pode impactar também a produção de aves e o armazenamento de leite.

Grande Florianópolis

As chuvas afetaram principalmente a produção de hortaliças, além de gado de corte e de leite na Grande Florianópolis. A Epagri também apura prejuízos na maricultura em Palhoça, Florianópolis e São José. Dos 20 municípios compreendidos pela regional da Epagri, pelo menos 18 registraram perdas no meio rural até esta terça-feira (6). Santo Amaro da Imperatriz, Angelina, Águas Mornas, São Pedro de Alcântara, São João Batista e Antônio Carlos estão entre os mais afetados.

Sobe para sete o número de mortos pelas chuvas em SC

As propriedades rurais de Antônio Carlos registraram perdas significativas na produção de hortaliças folhosas. Marcelo Zanella, extensionista da Epagri na região, explica que a alface é produzida prioritariamente em regiões ribeirinhas, o que fez com que a força das águas removesse lavouras inteiras.

— A perda média é de R$ 30 mil com cada hectare de alface perdido — calcula o extensionista.

Em Santo Amaro, Águas Mornas e São Pedro as lavouras de hortaliças também foram prejudicadas. Os solos de algumas lavouras foram removidos pela erosão com a água da chuva, o que deve dificultar a retomada das atividades.

Continua depois da publicidade

São José irá isentar de IPTU casas atingidas pelas chuvas; saiba como vai funcionar

Em Angelina, a falta de luz e de acesso às áreas rurais está prejudicando o armazenamento da produção em câmaras frias e o processo de escoamento dos produtos colhidos. Por isso, há chance de crescimento das perdas financeiras nos próximos dias. Já em São João Batista, as safras de mandioca, fumo e gado de corte concentram os prejuízos.

Alto Vale do Itajaí

A cultura da cebola foi a mais afetada pelas chuvas no Alto Vale do Itajaí, mais especificamente na região de Rio do Sul. De acordo com Daniel Rogério Schmitt, extensionista da Epagri, o tempo chuvoso dificulta a colheita dos bulbos. Mesmo recolhidas, as cebolas permanecem úmidas, o que impacta a classificação e comercialização. Schmitt estima que cerca de 20% da cebola da região já foi colhida e talvez até 15% tenha sido comercializada.

Fiesc defende R$ 200 mi para BR-280, quatro vezes a mais do que proposta inicial

O transporte das lavouras para os galpões e de lá até as unidades classificadoras também está mais difícil por causa das condições das rodovias após as chuvas e chegar aos grandes centros comerciais do país também está mais complicado.

Por isso, o valor da saca de cebola ao produtor subiu. Antes da semana passada, o preço estava recuado e era de R$ 4 por quilo. Agora, passou para R$ 6 por quilo, visto que há falta de produto seco no mercado.

Continua depois da publicidade

Sortudo do Alto Vale do Itajaí fatura sozinho R$ 600 mil na Lotofácil

Nas demais culturas do Alto Vale, o técnico relata atraso nas colheitas de trigo e dificuldade na colheita de tabaco, além de atraso na semeadura de soja. No entanto, ele avalia que são situações que podem ser recuperadas com a melhora das condições do tempo.

Planalto Norte

Os municípios de Rio Negrinho, São Bento Sul e Campo Alegre sofreram com perdas em áreas de olericulturas e em algumas lavouras de tabaco. Nas áreas de encostas de Corupá e Jaraguá do Sul, os bananais foram prejudicados.

‘Piscinas naturais’ se formam entre dunas na Lagoa da Conceição, em Florianópolis

A cobertura de seguro nessas culturas pode diminuir o impacto das perdas financeiras, segundo Getúlio T. Tonet, extensionista da Epagri na região. Ele calcula que os maiores prejuízos estejam no transporte das produções, dificultado pelas quedas de barreiras nas rodovias de acessos ao litoral.

Sul

Até esta segunda-feira (5), a região Sul do Estado ainda possuia áreas alagadas, principalmente nos municípios vizinhos de Tubarão. A área deve concentrar as maiores perdas e é onde produtores cultivam arroz, milho, soja, feijão, fumo, batata e pastagens, segundo o extensionista Cleverson Buratto, da Epagri.

Continua depois da publicidade

Levantamento preliminar da Epagri aponta que as microrregiões de Araranguá e Criciúma não enfrentaram maiores problemas e os prejuízos ficaram restritos ao excesso de chuvas e umidade. A situação afetou apenas as hortaliças e aumentou os custos de produção com controle fitossanitário.

Litoral Norte

Nos 34 municípios da região, os maiores prejuízos são na área de infraestrutura, com a destruição de estradas, deslizamentos e avarias em pontes. Nas propriedades rurais também foram observados pequenos deslizamentos de terra.

Secretariado de Jorginho Mello tem ala política, assessores e nomes ligados a Bolsonaro

Os arrozais de praticamente todos os municípios do Litoral Norte sofreram com inundação. As áreas inundadas variaram de 10 a 30% na maioria dos municípios, mas chegaram a 50 a 70% em Guaramirim e Schroeder, que foram atingidos por maior volume de chuva.

No entanto, a inundação de dois a três dias no período de desenvolvimento vegetativo não provoca muitos danos nas lavouras de arroz, informa Adriana Andréa Padilha, extensionista da Epagri. As áreas atingidas ainda não estavam na fase de florescimento, o que poderia causar um dano muito maior. Até a segunda-feira (5) poucas áreas de arroz permaneciam inundadas.

Continua depois da publicidade

Os bananais da região foram afetados em menor extensão do que os arrozais, porém houve perdas estimadas entre 5% a 10% da produção em alguns municípios, com tombamento das plantas e atraso na colheita. O excesso de umidade ainda poderá provocar algum ataque de pragas nos bananais.

Já na produção de hortaliças, houve perdas em cultivos que estavam prontos para colheita ou recém-semeados nas áreas que ficaram alagadas. Na pecuária, há relatos de alguns animais arrastados pela correnteza na madrugada do dia 5, mas a Epagri ainda não tem o número exato.

Leia também

CNI estima alta de 3,1% do PIB de 2022 e de 1,6% para 2023

Linhas de crédito exclusivas incentivam o empreendedorismo feminino