Balneário Camboriú começou a colocar em prática os primeiros passos para aplicar uma nova tecnologia no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya. A cidade firmou um acordo com o Ministério da Saúde para adotar o Método Wolbachia, técnica já aplicada, por exemplo, em Joinville.

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Segundo o diretor de Vigilância Ambiental, David Cruz, as demandas do Ministério da Saúde para implantação do método estão sendo atendidas com agilidade.

— Já estamos encaminhando todas as informações solicitadas. A previsão é que em agosto comecem as liberações dos mosquitos com Wolbachia, os chamados wolbitos — disse.

Apesar da cidade não ter registrado mortes por doenças transmitidas pelo mosquito em 2025, neste ano já foram registrados 83 casos de dengue, sendo 40 autóctones, dois importados, 40 indeterminados e um em investigação. As informações são do boletim epidemiológico divulgado pela secretaria de saúde de Balneário Camboriú na última sexta-feira (4).

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Já no ano de 2024, a cidade registrou um total de 7.106 casos e nove óbitos. Atualmente, há 470 focos do mosquito identificados e as regiões mais afetadas são o Bairro da Barra e o Centro, com 103 focos cada um.

Método Wolbachia

A iniciativa faz parte de um Termo de Cooperação Técnica com o governo federal. Com isso, o município precisa seguir algumas diretrizes, como fornecer dados detalhados sobre o território, número de habitantes e características das regiões onde o método será aplicado. Esses dados ajudarão na escolha das áreas mais adequadas para começar a ação.

O que é o método Wolbachia

Wolbachia é uma bactéria existente na natureza e presente em diversas espécies de insetos como moscas das frutas, libélulas, mariposas, abelhas, entre outros. Ela é transmitida geração após geração por meio dos ovos e permanece nos insetos ao longo dos anos. Ela não oferece risco para seres humanos.

Como funciona

Quando um inseto macho que possui a Wolbachia acasala com uma fêmea que não possui, os ovos não vão eclodir. Já se um macho não portador acasala com uma fêmea que possui Wolbachia, ela põe a quantidade normal de ovos, mas sua prole já nasce portando a bactéria. O mesmo acontece quando dois insetos que possuem Wolbachia acasalam.

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A Fiocruz realizou uma pesquisa com o objetivo de testar o uso da Wolbachia como forma de impedir a transmissão da dengue. Para tanto, a Wolbachia foi introduzida no Aedes aegypti. Após milhares de tentativas, o teste deu certo. Em seguida, mosquitos que continham a bactéria foram infectados com dengue. O resultado foi promissor: o vírus não foi capaz de crescer corretamente no mosquito e, consequentemente, também não pode ser transmitido para os seres humanos.

Ao longo de algumas gerações, o número de insetos portadores de Wolbachia aumenta rapidamente, até que quase todos os insetos de uma população tenham a bactéria.

A cidade de Joinville foi a primeira do Estado a adotar o método e terá um papel importante nessa fase inicial. É na biofábrica de Joinville que estão sendo produzidos os “wolbitos” que serão enviados para Balneário Camboriú.

A expectativa é que a liberação desses mosquitos comece em agosto, marcando uma nova iniciativa na luta contra a dengue em Balneário Camboriú.

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