Com apenas 18 anos, o bailarino Marcos Souza conquistou um feito inédito para o Brasil. Formado pela Escola Bolshoi em Joinville, no Norte de Santa Catarina, o jovem é o primeiro homem brasileiro que ganhou um contrato vitalício com a Ópera Nacional de Paris, uma das companhias de balé mais prestigiadas do mundo. 

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Natural de Grajaú, no interior do Maranhão, Marcos, de família humilde, começou a dançar aos 10 anos de idade, após ser descoberto por um coreógrafo durante os ensaios de uma quadrilha junina em sua cidade. 

— Eu sempre fui uma criança muito muito agitada, sempre gostei muito de dançar. Lá no Maranhão é muito comum, na época de junho, a gente ter as quadrilhas juninas e eu participava de uma quadrilha junina, por conta da minha irmã — relembrou, Marcos em uma entrevista exclusiva à CBN Joinville.

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As habilidades do pequeno chamaram a atenção de um coreógrafo e ele foi convidado a fazer um teste em uma academia de balé local, onde deu os primeiros passos oficiais em sua carreira. Após enfrentar alguns desafios, Marcos chegou a desistir da dança por um período.

— Eu comecei a fazer balé e depois eu parei, infelizmente. Porque eu sofria preconceito por parte de alguns familiares da minha família, que diziam que balé não era coisa para menino, que era para menina, coisas desse tipo. Eu tinha 11 anos, então eu não conseguia lidar com isso — conta.

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No entanto, o amor pela dança falou mais alto e, com o incentivo da mãe e de uma professora, Marcos voltou à rotina de ensaios pela qual é apaixonado. Depois de cerca de um ano, o bailarino realizou o teste para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. A audição aconteceu em São Luís do Maranhão e Marcos recebeu a tão desejada notícia da aprovação. 

Trajetória de Marcos no Bolshoi

Em 2020, com apenas 13 anos e muitos sonhos a serem realizados, o dançarino se mudou para Joinville e iniciou sua formação quando chegou na cidade catarinense mais populosa.

— No ano de 2021 a minha mãe conseguiu vir morar aqui em Joinville e tudo melhorou, eu comecei a ter papéis importantes na escola, consegui me destacar e consegui pular de série no meio do ano, porque eu estava no segundo ano em julho e eles me pularam de turma porque eu estava avançado para o meu nível — explica.

Durante cinco anos no Bolshoi em Joinville, Marcos recebeu uma formação técnica sólida, baseada na metodologia russa, que lhe proporcionou uma base consistente e refinada no balé clássico.

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—  Assim, eu nasci com físico que é muito bom pro balé, que já facilita muito, mas isso não tira o meu esforço, a minha dedicação, porque eu sempre fui uma criança muito esforçada com objetivos no meu caminho — destaca.

Talento levou o bailarino a capital francesa

Em 2023, aos 16 anos, ainda como aluno da Escola Bolshoi, Marcos decidiu lutar por outro sonho ao tentar ingressar na École de Danse de l’Opéra National de Paris, escola vinculada à renomada Ópera Nacional de Paris. 

Com muito esforço e dedicação, o jovem brasileiro foi aprovado na audição e iniciou os estudos na instituição francesa. O curso, que normalmente tem duração de três anos, foi concluído em apenas dois, graças às qualidades técnicas e à dedicação de Marcos.

Em junho deste ano, o bailarino recebeu um contrato vitalício com a Ópera de Paris, a principal conquista da carreira de Marcos até o momento. Ele é o primeiro homem brasileiro a realizar o feito.

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— O contrato vitalício quer dizer que eu vou trabalhar como bailarino da Ópera Nacional de Paris até os meus 42 anos, que é a idade da aposentadoria — explica.

Com o futuro garantido, Marcos planeja continuar encantando plateias no exterior e, após a aposentadoria com o fim do contrato, ele tem planos de continuar atuando com a dança.

—  Eu tenho tempo para pensar, mas eu penso em ser ou coreógrafo, ou trabalhar como professor na Companhia da Ópera Nacional de Paris, ou na própria escola da Ópera Nacional de Paris. 

*Sob supervisão de Giovanna Pacheco

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