Depois de tantos anos do regime de segregação racial adotado na África do Sul, a luta de Nelson Mandela para uma sociedade mais igual continua com seu bisneto Siyabulela Mandela como porta-voz. Para ele, é inconcebível que ainda em 2022, líderes que disseminam o racismo continuem em ascensão em vários países do mundo, o que ele chama de “receita para o desastre” de um país.
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Em entrevista ao Diário Catarinense, o ativista e Doutor em Filosofia em Relações Internacionais e Resolução de Conflitos pela Universidade Nelson Mandela, na África do Sul destacou a importância dos governos incentivarem o empreendedorismo negro, como forma de buscar os talentos que foram esquecidos por tanto tempo e podem contribuir para a economia.
— O que nós precisamos reconhecer é que nós temos uma comunidade na nossa sociedade que foi excluída por muito tempo da participação diária da economia do país. Eu acho que é de extrema importância que o governo busque reintregar essas comunidades na economia. Pense na quantidade de habilidades e talentos que foi excluída, porque ninguém olhava para os negros. Imagine, por exemplo, se o governo abraçasse a diversidade onde a economia do Brasil estaria hoje […] Diversidade é essencial para um país ser sustentável — destaca.
Essa foi a primeira visita de Siyabulela ao Brasil e a Santa Catarina. O bisneto veio a Florianópolis para palestrar no Empreende Brazil, dividindo a sua experiência à frente da organização não-governamental Journalists for Human Rights, que percorre o mundo treinando jornalistas sobre como denunciar violações de direitos humanos.
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Siyabulela aproveitou a estadia no Brasil para conhecer programas sociais que estão fazendo um trabalho exemplar em desenvolver as comunidades mais pobres. Em São Paulo, ele contou sua experiência na favela de Paraisópolis e elogiou o trabalho independente feito para treinar e capacitar os jovens da comunidade.
O bisneto de Mandela também visitou e trabalhou como voluntário na fundação Somar Floripa, projeto da prefeitura de Florianópolis, que conta com cerca de 11 mil voluntários de diferentes áreas, como assistentes sociais, médicos e professores.
— É uma organização que está criando uma ponte entre o governo e a sociedade civil. Fornecendo comida e moradia para as pessoas que estão morando nas ruas e também desenvolvendo habilidades básicas nas crianças e pessoas mais pobres, como as aulas de natação. Foi muito legal ver a piscina que foi construída e aberta para todo o público. É realmente uma organização incrível — disse.
Com o ativismo negro no sangue e o inconformismo com a desigualdade social que ainda está tão presente na África do Sul e em outros países do mundo, Siyabulela tem um propósito: garantir que a luta do bisavô Nelson Mandela continue inspirando transformações.
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