Uma auditoria interna apontou falhas no serviço de merenda escolar da rede pública municipal de Indaial. O documento enviado à Secretaria de Educação aponta, por exemplo, a limitação na oferta de alguns alimentos, a substituições no cardápio sem aviso prévio e mantimentos em embalagens inadequadas. A prefeitura afirma ter notificado a empresa terceirizada para se atentar àquilo que o contrato prevê.

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A auditoria foi feita ao longo de 2024, primeiro ano em que todo o serviço de merenda escolar foi terceirizado em Indaial. O contrato entre a prefeitura e a empresa Aromas, de Navegantes, prevê que alterações nos cardápios estabelecidos pelas nutricionistas sejam avisadas com antecedência. Isso não teria ocorrido e, algumas vezes, a carne bovina foi trocada por carne de porco — que é mais barata.

Outro ponto trazido no documento é que não havia quantidade suficiente de certos alimentos para atender todas as crianças. Em um dos episódios, uma creche recebeu meio quilo de laranjas para fornecer a 57 estudantes. “Houve relatos de que crianças que ficaram por último na fila em algumas creches não receberam os alimentos do cardápio, pois os mesmos haviam acabado”, cita a auditoria no documento a qual a reportagem do NSC Total Blumenau teve acesso.

A obrigatoriedade de 30% dos alimentos terem origem na agricultura familiar também não estaria sendo cumprida e estaria na casa dos 14%. Um dos motivos para o descompasso seria a dificuldade dos próprios produtores de entregar a quantidade exigida. Os kits de lanche, para casos de passeios, também são citados, pois teriam valor financeiro alto e valor nutricional baixo.

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“Desacordo com o contrato”, diz secretário

O documento traz ainda episódios de alimentos, como carnes e verduras, recebidos pelas unidades de ensino em embalagens inadaquadas e sem identificação. A auditoria aponta a necessidade de melhor controle e fiscalização do contrato, para que a empresa entregue o que de fato está previsto no contrato.

O secretário de Educação de Indaial, Manoel Boaventura, diz estar ciente da situação. Ele conta ter se reunido com os diretores das 41 escolas e creches públicas municipais da cidade e pedido monitoramento da merenda ofertada às 10 mil crianças. Com base nos apontamentos que chegam das equipes, o gestor afirma já ter notificado mais de 30 vezes a Aromas.

— A alimentação que as crianças estão recebendo não é ruim, mas está em desacordo com o contrato, e isso que estamos cobrando para ser corrigido — aponta Boaventura.

O contrato alvo da auditoria chegou ao fim no último dia 9 de janeiro, mas foi prorrogado por mais um ano, pelo mesmo valor de 2024 — na casa de R$ 17 milhões. Uma das medidas possíveis caso a situação não seja regularizada é o rompimento com a empresa de Navegantes.

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Contraponto

Leandro Moser, diretor da Aromas, contesta falhas generalizadas na prestação da alimentação escolar em Indaial e diz que não teve acesso ao relatório da auditoria. Ele afirma que problemas pontuais podem, sim, ocorrer, sobretudo diante de uma rede com 120 merendeiras. O exemplo, segundo Moser, é a questão da troca da carne de gado pela suína, que poderia ocorrer, conforme o representante da empresa, por um eventual esquecimento da equipe em tirar com antecedência o alimento para descongelar, o que provoca uma mudança repentina no cardápio.

Entretanto, é enfático ao pontuar que as crianças nunca ficaram sem comida, tampouco comeram algum alimento estragado. Moser cita que o hortifrúti é bastante perecível e, como ocorre em casa, por vezes alguns itens estão fora do padrão, mas que simplesmente não são servidos às crianças e acabam sendo trocados por outra opção disponível no momento.

Fotos antigas de Indaial

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