O Distrito Federal, que até então vinha se mantendo afastado dos holofotes de doenças infecciosas, deparou-se, com o alerta emitido pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) com um caso de sarampo importado. Este evento nos lembra do quão rapidamente doenças infecciosas podem transpor fronteiras, especialmente em um mundo globalizado.
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O caso é de uma mulher entre 30 e 39 anos, com sintomas começando em 27 de fevereiro, após uma viagem internacional. Para confirmação foi realizado testes no LACEN/DF e na Fiocruz/RJ, confirmados por reação sorológica IgM e biologia molecular: positivo para sarampo. A boa notícia é que ela está recuperada e não houve necessidade de internação hospitalar.
Vale salientar aqui, que a paciente seguiu as orientações da vigilância epidemiológica, e manteve-se em isolamento domiciliar a fim de não transmitir a doença para outras pessoas. Isto porque a vigilância epidemiológica do Distrito Federal mobilizou uma rápida resposta: a busca ativa envolveu 278 contatos desta paciente, proporcionando orientações precisas sobre a doença, monitoramento de sinais de alerta e implementação de bloqueio vacinal seletivo quando necessário. Até o momento, investigações indicam a ausência de novos casos confirmados, no entanto, a vigilância é ininterrupta, reforçada pelo panorama global do sarampo, que ainda é uma preocupação sanitária.
O sarampo não é uma lembrança distante, e permanece como uma ameaça, e a cada novo caso que surge nos gera um alerta. Além de ser uma doença infecciosa viral de alta transmissão, em casos severos, levar à morte. O vírus transmite-se pelo ar, através de partículas infectadas expelidas quando alguém com a doença tosse, fala, espirra ou simplesmente respira próximo de outras pessoas saudáveis. A transmissibilidade é tanta que na cada 1 paciente com sarampo, pode contaminar outras 10 pessoas.
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Os sintomas do sarampo surgem entre 7 e 14 dias após a exposição ao vírus. Os sinais mais comuns incluem: febre alta e repentina; exantema maculopapular, que são erupções cutâneas iniciando no rosto e atrás das orelhas, se espalhando gradualmente pelo corpo; tosse seca; coriza; conjuntivite; mal-estar geral, manchas de Koplik, que são pequenas manchas brancas na mucosa das bochechas.
O sarampo pode ser dividido em três fases da doença:
- Período prodrômico: inicia com febre alta, tosse persistente, coriza e conjuntivite. Durante esta fase, os sintomas são semelhantes aos de um resfriado ou gripe forte. As manchas de Koplik, características do sarampo, podem surgir nesta etapa, prenunciando a erupção cutânea, dura em torno de 2 e 5 dias.
- Período Exantemático: A febre persiste e o exantema típico se desenvolve rapidamente, começando no rosto e se espalhando pelo corpo. Este é o estágio mais contagioso da doença. As erupções cutâneas geralmente aparecem como manchas vermelhas planas ou levemente elevadas e podem formar aglomerados. Durante essa fase, além das erupções, a febre pode ser muito alta e dura em média 7 dias.
- Período de Convalescença: Os sinais mais agudos começam a regredir. A febre diminui durante a convalescença e o exantema desaparece na mesma sequência em que surgiu, deixando muitas vezes descamação na pele. Nesta fase, o paciente começa a se recuperar, mas ainda pode sentir um certo grau de fadiga e tosse residual, estes sintomas duram de 10 até 14 dias.
A prevenção? Vacina
A vacinação continua a ser a melhor defesa contra o sarampo. No Brasil, a vacina tríplice viral, que também protege contra a caxumba e a rubéola, é disponibilizada no Calendário Nacional de Vacinação. A imunização é solidificada em duas doses administradas aos 12 meses e aos 15 meses de idade. Adultos que não receberam as doses adequadas na infância também devem buscar a vacinação, especialmente aqueles com planos de viagens internacionais.
Vale ressaltar que o sarampo não deve ser banalizado. Ele ainda é responsável por centenas de mortes pelo mundo, especialmente em locais onde a vacinação não é generalizada. Portanto, este caso em Brasília não deve ser visto como uma ocorrência isolada, mas sim como um chamado à nossa atenção. Afinal, prevenir surtos de doenças perfeitamente evitáveis através de vacinação se dá, primeiramente pela consciência coletiva.
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Por Sabrina Sabino, médica infectologista, formada em Medicina pela PUCRS, mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professora de Doenças Infecciosas na Universidade Regional de Blumenau.
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