
Entrevista
Braço do governo federal no Estado, Rogério Ribeiro esteve em Chapecó na última semana
Em meio ao turbilhão que atingiu o Oeste do Estado nos últimos dias, o superintendente do Ministério da Saúde em Santa Catarina, Rogério Ribeiro, foi designado pelo ministro Eduardo Pazuello para acompanhar a situação in loco. Braço do governo federal no Estado, ele esteve em Chapecó ao lado do governador Carlos Moisés (PSL) e do secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, ouviu os prefeitos e analisou a estrutura de atendimento.
> Clique aqui e receba as principais notícias de Santa Catarina no WhatsApp
De volta a Florianópolis, Ribeiro falou à reportagem na última quarta-feira, dia 17, sobre o cenário do Estado no combate à pandemia e as demandas do governo federal – especialmente em relação à vacina – e chamou atenção para a desativação de leitos nos hospitais de Santa Catarina.
O superintendente tranquilizou os catarinenses ao dizer que a tragédia vivida em Manaus (AM) por falta de oxigênio não se repetirá por aqui. Mas alertou que o risco de agravamento da pandemia está presente em todas as regiões. Confira mais detalhes a seguir:
Essa situação de SC é uma questão de cálculo. Nós, no Ministério da Saúde, transferimos um quantitativo igualitário para todo mundo, não considerando a população. Se considerar o quantitativo de vacinas pelo número de grupos para serem atendidos, SC está bem colocada.
Sim, inclusive em Chapecó, no Oeste, e em várias outras cidades que visitei junto com o governador e o secretário, dr. André, falamos e cobramos dos municípios agilidade na vacinação, porque a gente garante o repasse da vacina.
Perfeito. Temos um cronograma, uma previsão do Ministério da Saúde. Vamos toda sexta-feira enviar doses para o Estado. Em SC tínhamos um calendário (de envio) para o dia 15, mas, por questão logística, transferimos para o dia 23.
Coronavac.
Essa ação é exclusiva de responsabilidade de gestores do Estado. Temos uma função estratégica, que é repassar o quantitativo. Claro que, ombreado com a Secretaria de Estado da Saúde, também cobramos. Como falei, cobrei dos prefeitos celeridade na aplicação das vacinas e foi prometido em reunião com os municípios do Oeste que eles fariam de tudo para, assim que chegar a vacina, fazer um mutirão de vacinação em no máximo 24 horas.
Estou esperando ainda de Brasília o quantitativo, para saber exatamente quanto virá para Santa Catarina. A partir desse quantitativo, o Estado vai programar a vacinação.
> Acompanhe os dados sobre a evolução da vacinação contra o coronavírus em Santa Catarina
Isso, tem um pedido que já foi oficializado, foi mandado um ofício para Brasília, solicitando mais doses para SC considerando o cenário de Chapecó.
O Ministério da Saúde me enviou para lá, para acompanhar o Estado, exatamente para a gente saber fazer uma avaliação do cenário. Percebemos que o que falta na região é ativação dos leitos. Houve uma desativação unilateral. O Ministério da Saúde está sabendo e cobrando do Estado os leitos que foram desativados. Quando se desativa um leito, o profissional médico é desligado.
Quando é reativado, o profissional não está mais disponível. Há uma demora bastante significativa no retorno desses leitos. Até sexta-feira (dia 19), o Oeste deve ter reativação desses leitos. Com isso, o cenário vai melhorar bastante.
> Se mantiver o atual ritmo, SC vai concluir vacinação contra o coronavírus em novembro de 2023
São duas coisas diferentes. Os leitos que já estavam ativados foram habilitados pelo Ministério da Saúde, e o hospital, as unidades de saúde, desativaram. E (por outro lado existe) a solicitação do Estado para habilitação de novos leitos. O ministério habilita um leito olhando para o cenário, via sistema de informação. Se no Oeste tem leitos suficientes habilitados, não seria o momento de habilitar novos. Estamos cobrando a reabilitação dos que foram desativados.
277 leitos no estado todo foram desativados. É bastante.
Não tenho esse número exato no Oeste. Mas o secretário (de Saúde, André Motta Ribeiro) me mandou um ofício informando sobre esses leitos. Imediatamente o Ministério da Saúde pediu explicações sobre essa desativação. Para nós, (oficialmente) temos 277 leitos a mais em SC. O Ministério da Saúde olha no mapa e vê os 277 leitos. Só que não estávamos sabendo que foram desativados. Só reabilitamos novos quando há no sistema visivelmente a falta, identificada, de leitos.
Outra coisa que percebemos é que os hospitais não estão preenchendo o SES-leitos, que é um aplicativo, um sistema desenvolvido pela Secretaria de Estado da Saúde que identifica onde tem leitos disponíveis. Isso é feito diariamente, e os hospitais, as unidades hospitalares, não estão cumprindo a determinação do Estado. Fica difícil fazer um planejamento de habilitação de novos leitos.
Confirmo que o Ministério da Saúde está atrasado com a reabilitação desses 40 leitos, mas estamos acelerando o máximo possível.
Tem, o cenário é totalmente diferente entre Santa Catarina e Manaus. SC está bem organizada, bem controlada, o governo de SC tem uma visão, pelo Ministério da Saúde, bastante positiva. A equipe é bem qualificada, bem organizada, não visualizo o cenário de Manaus sendo copiado em SC. Falo com 37 anos de Ministério da Saúde, 22 anos como gestor. Não tem como visualizar a situação de Manaus em SC.
Santa Catarina toda é motivo de preocupação para o Ministério da Saúde. O que está acontecendo em Chapecó pode, sim, acontecer em Florianópolis, na região Norte, pode acontecer. Mas o que percebi nesses dias que passei em Chapecó, analisando a situação, é que as outras regiões já sentiram que terão que cuidar. Procurar habilitar leitos, contratar profissionais, para que não ocorra esse cenário.
SC tem profissionais suficientes para atender a demanda na área da saúde. Temos várias universidades, várias escolas de formação de enfermagem. Não vejo o Ministério da Saúde interferindo ou disponibilizando profissionais para SC porque o cenário é muito bom. O que acontece é questão de salário. Tanto o Ministério da Saúde quanto o Estado não estão considerando o custeio. Paga-se bem, melhor até do que a iniciativa privada.
Mas a demanda é muito grande, a pandemia trouxe uma situação muito grave. Então, é difícil encontrar profissional disponível. Há também uma disputa entre as unidades hospitalares privadas e o Estado. A concorrência é injusta. Mas isso foi repetido várias vezes em Chapecó pelo governador Moisés, (que) não hesitem em contratar profissionais por questão salarial. Contratem, o Estado vai custear.
A previsão é produzir por dia 600 mil unidades de vacina. Nosso objetivo, nossa programação, é toda sexta-feira enviar para as regiões quantitativo suficiente para as demandas da população.
O problema de fornecimento da vacina é mundial, está todo mundo querendo comprar ao mesmo tempo, é uma concorrência até desleal. Tem nações riquíssimas disputando seu espaço no mercado. Mas estamos conseguindo, e esperamos até junho estar com um quantitativo suficiente para um bom número da população.
Assine o NSC Total e tenha acesso ilimitado ao melhor conteúdo jornalístico de Santa Catarina
Deixe seu comentário: