Se mantiver o atual ritmo de vacinação, apenas em novembro de 2023 Santa Catarina conseguirá imunizar com duas doses de vacina as 2,8 milhões de pessoas inicialmente estimadas como integrantes dos grupos prioritários. Os cálculos foram feitos pelo Monitor da Vacina contra o Coronavírus, do NSC Total. com base nos dados públicos divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde até segunda-feira, 15, balanço mais recente da vacinação.
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Desde 18 de janeiro, já foram aplicadas 150.842 vacinas em Santa Catarina, sendo 130.338 referentes à primeira dose e 20.504, à segunda. A média de doses diárias é de 5.387 até o momento, conforme o Monitor da Vacina contra o Coronavírus, do NSC Total.
Apenas para atingir com a primeira dose toda a população prioritária, estimada em 2.802.639 até o momento (o valor pode crescer após revisão do Estado), serão necessários 520 dias de vacinação, ou seja, até 22 de junho de 2022. Já para a aplicação de todas as duas doses, o prazo cresceria para 1.040 dias, se mantiver o atual ritmo. Assim, terminaria em 24 de novembro de 2023.
Os grupos prioritários abrangem profissionais da saúde, idosos que vivem em instituições, indígenas, pessoas com mais de 60 anos, pacientes que apresentam comorbidades (diabetes, doenças cardiovasculares ou pulmonares, câncer, doenças crônicas etc.), professores e profissionais de segurança pública e prisional. Os grupos estão passando por uma revisão da Secretaria de Estado da Saúde para atender critérios pedidos pelo Ministério da Saúde e pode abranger mais pessoas em breve.
Além disso, num cenário pouco provável em que toda a população de Santa Catarina (7,2 milhões de pessoas) recebesse as duas doses, a vacinação só terminaria em 22 de setembro de 2028 no atual ritmo de aplicação. O cenário é pouco provável porque nem mesmo a vacinação anual contra o vírus influenza, da gripe, é distribuída a 100% da população.
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A pedido da reportagem, o professor Lúcio José Botelho, do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, analisou a estimativa do DC e ressalta ser urgente a aceleração do ritmo de vacinação no Estado para combater a pandemia.
Com mais vacinas disponíveis, ritmo de campanhas, como a da gripe, é até 5 vezes maior
Um sinal de que a vacinação pode ganhar novo ritmo é que apenas entre sexta-feira, 12 e esta segunda, 15, novas 21 mil doses foram aplicadas na população, mesmo com recesso em algumas prefeituras e o fim de semana.
Neste primeiro mês de vacinação contra o coronavírus, o ritmo ainda é quase quatro vezes menor do que outras campanhas no Estado, como a gripe, que em 51 dias vacinou 1.251.858 pessoas dos grupos prioritários em 2019, média de 24.546 por dia, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações. A campanha de vacinação contra o vírus influenza tem um público prioritário parecido com os primeiros que receberão as doses do imunizante contra o coronavírus.
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Mesmo no ano passado, quando SC não atingiu a meta estabelecida contra a gripe por causa da pendemia e teve de prorrogar a campanha, aplicou 1.996.290 de doses em 99 dias – uma média diária de 20.164.
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Estoque limitado e necessidade de aplicação dupla são desafios novos, justifica o Estado
Os números de campanhas passadas mostram que a capacidade instalada nas salas de vacinação dos municípios é muito maior do que as doses aplicadas atualmente contra o coronavírus. Em entrevista ao colunista Ânderson Silva e à revista de fim de semana dos jornais da NSC, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou que em algumas cidades é preciso reforçar os processos da campanha de vacinação, especialmente os que elegeram novas gestões, o que, segundo ele, torna mais complexa a gestão no meio da pandemia.
Reportagem do DC mostrou na semana passada a disparidade de aplicação das doses por região em SC. A mais atrasada é a região de Joinville, que até sexta não havia aplicado nem metade das doses recebidas.
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A reportagem questionou a Secretaria de Estado da Saúde sobre o ritmo da aplicação das doses. Por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), o órgão respondeu que o número limitado de doses disponíveis e o processo ocorrendo ainda durante as restrições impostas pela pandemia impactam diretamente na campanha, porque “é preciso definir estratégias de vacinação, como ir aos locais onde os grupos prioritários estão”, disse em nota.
Outra peculiaridade é a necessidade de reservar doses para a aplicação da segunda vacina. A insegurança de receber no prazo as doses esperadas dos fabricantes também impacta no alcance de novos vacinados para receber a primeira dose.
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Data indefinida para inclusão de novos grupos
Na semana passada, o secretário André Motta Ribeiro afirmou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina que não há sequer data para a conclusão da vacinação das fases 1 e 2, que contemplam profissionais de saúde, indígenas, idosos que vivem em instituições, idosos a partir de 90 anos e pessoas com deficiência que frequentam instituições. Isso porque, segundo o secretário, os prazos para a conclusão dessas duas primeiras fases de imunização dependem do repasse de imunizantes por parte do governo federal.
Até esta segunda-feira, Santa Catarina tinha recebido 298.140 doses de vacinas do Ministério da Saúde: 250.640 do consórcio Butantan/Coronavac e 47.500 do consórcio Oxford/Astrazeneca. Desse montante, 243.203 já estavam sob posse das secretarias municipais.
O secretário afirmou em entrevista à NSC que a promessa do Ministério da Saúde é enviar ainda nesta semana mais doses do imunizante.
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– Isso vai nos trazer algo em torno de 50 mil a 60 mil doses semanalmente. Vamos trabalhar com esses números em fevereiro. Quando a Astrazeneca vier (em março), deve dobrar esse quantitativo semanal – afirmou.
Até o balanço de sexta-feira, mais detalhado do que o divulgado nesta segunda, haviam sido vacinados em todo o Estado 100.127 profissionais da saúde (dos quais 9346 já receberam a segunda dose), 6986 idosos que vivem em instituições (1451 com a segunda dose), 7.174 idosos com mais de 90 anos, 4.028 indígenas (330 com a segunda dose) e 331 pessoas com deficiência que frequentam instituições (5 das quais com a segunda dose).
Acompanhe o avanço da vacinação no Monitor da Vacina

No ar desde 20 de janeiro, o Monitor da Vacina, do NSC Total, reúne detalhes em mapas e gráficos sobre o avanço da imunização em Santa Catarina e o estágio da vacinação pelo mundo.
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A página reúne estimativas sobre o avanço da campanha em cada município, cruzamento de dados que mostram a taxa de aplicação das vacinas recebidas em cada região e detalhes sobre a população de cada grupo prioritário atendida pela campanha.
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O Monitor da Vacina é atualizado três vezes por semana ou conforme novos dados são divulgados pelo Ministério da Saúde e Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC. A página pode ser acessada neste link.