O bolo de reis na véspera de Natal já era uma tradição na família de Zeli há mais de 40 anos. Naquele 23 de dezembro de 2024, no entanto, ela pensou em não fazer o bolo de frutas cristalizadas. Porém, mudou de ideia e resolveu cozinhar. Depois da mulher e mais seis pessoas terem comido a sobremesa, todos começaram a passar mal, resultando na morte de três pessoas. Dias depois, descobriu-se que o bolo estava envenenado com arsênio e que a nora de Zeli, Deise Moura dos Anjos, era a principal suspeita.
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Ao Fantástico, Zeli deixou claro que não ia fazer o bolo, mas “naquela manhã eu resolvi fazer o bolo”. Logo em seguida às primeiras fatias, quem havia comido a sobremesa começou a se dispersar pela casa, um “foi pro banheiro, e o outro já foi vomitar, e foi assim”, lembra.
Zeli ainda não sabia, mas Deise teria colocado arsênio na farinha que ela usou no preparo, de acordo com a polícia. Três parentes da dona de casa morreram: suas irmãs, Maida e Neuza, e a sobrinha, Tatiana. A nora foi presa em 6 de janeiro, mas foi encontrada morta na prisão na última quinta-feira (13).
As investigações também apontam que, em setembro do ano passado, a mulher também teria envenenado um leite em pó que causou a morte do sogro, Paulo dos Anjos.
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— Eu não tenho nem pena, nem raiva, nem ódio, nem sei que tipo de sentimento. Mas, quando eu penso que ela tirou as quatro pessoas mais importantes da minha vida… — emocionou-se Zeli.
Deise teria comprado o veneno pela internet. Ela recebeu a entrega pela primeira vez em agosto e misturou em um saco de leite em pó. Depois, levou o pacote com outros alimentos para os sogros no dia 31 de agosto.
Zeli também havia bebido o café com leite em pó, mas foi liberada do hospital em seguida. O marido dela, no entanto, morreu por “infecção alimentar”. À época, a sogra de Deise até pensou em fazer um exame de exumação em Paulo, mas “não quis acreditar”.
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Seguindo em frente
Na entrevista ao Fantástico, Zeli também disse que agora busca forças para cuidar do filho, ex-marido de Deise, e do neto.
— Um dia atrás do outro. Pensando que meu neto precisa de mim, meu filho também. Eu nunca fiz planos, namorei o Paulo quando tinha 15 anos e nossa vida foi acontecendo. Agora, depois da enchente, a gente resolveu morar na praia, veranear para o resto da nossa vida. Não deu — lamentou.
O que diz a defesa
Deise foi encontrada morta na quinta-feira (13) dentro da cela onde estava presa na Penitenciária Feminina de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. O laudo da necropsia confirmou a morte por enforcamento.
O advogado de defesa de Deise diz que ela sofria de depressão.
— Por óbvio, com o cárcere e com o isolamento, que era necessário até em razão de uma integridade física, isso se agrava. Por isso que a defesa, desde o início, fez requerimentos de laudos médicos frente à necessidade dela ter um tratamento — disse Cassyus Pontes.
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Em nota ao Fantástico, a Polícia Penal do Rio Grande do Sul informou que Deise recebeu atendimentos psicológicos e que apresentou comportamento estável.
Para a polícia, está comprovado que Deise foi a responsável por envenenar nove pessoas da família, causando a morte de quatro delas. O fim das investigações está previsto para essa semana. Com a morte de Deise, o inquérito deve ser arquivado pela Justiça.
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