Uma baleia-franca foi avistada presa em uma rede de pesca na manhã deste sábado (26) na praia do Moçambique, em Florianópolis. O animal estava acompanhado de um filhote, cena comum nos avistamentos de baleia na região.

Continua depois da publicidade

Nas imagens capturadas por drone é possível ver que, mesmo com a rede, a baleia continua mergulhando e saindo da água, com o filhote circulando ao redor. A rede parece estar presa à cabeça do animal.

Veja vídeo

A Diretora de Pesquisa do Instituto Australis, Karina Groch, confirmou a ocorrência e relatou que a entidade monitora a situação junto à associação R3 Animal e ao Ibama. O instituto atua na manutenção das atividades do Programa de Pesquisa e Conservação da Baleia Franca.

— A avaliação que já fizemos é de que nesse momento não há risco para os animais, ao mesmo tempo em que as condições do mar estão desfavoráveis para qualquer ação para retirada — explica Karina.

Ela afirma que até as condições do mar melhorarem, os órgãos devem seguir monitorando a baleia e o filhote para garantir a segurança deles.

Continua depois da publicidade

Caso de baleia presa em rede repercutiu

No início do mês, um caso semelhante repercutiu nas redes sociais. Uma baleia-franca ficou presa em uma rede de pesca em Palhoça, na Grande Florianópolis. A Polícia Militar Ambiental, os bombeiros e o Instituto Australis afirmaram que não era necessário intervir para retirar a rede de pesca, já que ela não estava comprometendo a mobilidade do animal.

Três dias depois, em um vídeo um homem aparece em uma prancha de stand-up, se aproxima e retira a rede. As imagens do resgate do animal viralizaram.

“Nos últimos três dias, acompanhamos uma baleia-franca em perigo com uma rede de pesca presa à sua carapaça. Diante da recorrência de possíveis riscos exercemos o dever de agir. A retirada da rede foi feita com muito cuidado, por uma pessoa com conhecimento e treinamento em resgates, priorizando a segurança de todos envolvidos”, escreveu o fotógrafo que divulgou o registro do momento.

O caso levou a abertura de uma investigação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ao g1 SC, o instituto informou que a intervenção feita pelo homem seria apurada, já que existe uma regulamentação sobre a soltura desses apetrechos nesse tipo de animal. A punição prevista por descumprir o documento é uma multa de R$ 2,5 mil.

Continua depois da publicidade

As baleias-francas em SC

As baleias-francas realizam grandes migrações no Hemisfério Sul, entre suas áreas de alimentação e reprodução. Na maior parte do tempo, estão submersas. É possível avistar os animais na costa catarinense entre julho e novembro, quando elas chegam à região para dar à luz e amamentar os filhotes.

Segundo o ProFranca, cerca de 10% da população de baleias-francas-austrais que frequenta as áreas de concentração reprodutiva apresentam manchas brancas no ventre e no queixo. Contudo, os sinais podem ocorrer em todo o corpo, o que resulta em indivíduos parcialmente albinos.

Regras sobre desenredamento

A portaria número três de 8 de janeiro de 2024 busca regulamentar a atividade de desenredamento para proteger os animais e tornar a atividade o mais segura possível. Entre as principais regras, estão:

  • A atividade de desenredamento só pode ser exercida por instituições autorizadas;
  • A atividade deverá ser realizada com condições de visibilidade e estado do mar adequadas, entre o nascer e o pôr do sol;
  • Por motivos de segurança, só pode ser feito com o auxílio de uma embarcação;
  • Todo desenredamento deverá ser documentado e informado ao ICMBio num prazo máximo de 30 dias;
  • Sempre que possível, a equipe deve recolher a rede de pesca, identificando a categoria e origem para registro.

Continua depois da publicidade

A portaria é conjunta entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Também há regras para a equipe de resgate. São elas:

  • Duas pessoas no barco treinadas para lançamento dos equipamentos de resgate, corte dos artefatos e pilotagem da embarcação;
  • Dois resgatistas de apoio técnico em barco de apoio.

A portaria prevê, ainda, que as atividade de desenredamento de baleias realizadas por instituições não autorizadas ou pessoas não habilitadas serão caracterizadas como molestamento intencional de cetáceos, previsto no artigo 30 do decreto número 6.514, de 22 de julho de 2008.

Leia também

Pescadores encontram placenta de baleia em praia paradisíaca de Florianópolis

Baleia presenteia surfistas com aparição em praia de Balneário Camboriú: “Deu show”; VÍDEO