Mais de 165 mil idosos e adultos com doenças crônicas moram com crianças em idade escolar em Santa Catarina e podem ser expostos a risco de contaminação pelo novo coronavírus em caso de retorno das aulas, aponta a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A instituição emitiu nota técnica desaconselhando a retomada. Nesta semana, a Secretaria de Estado de Educação divulgou um protocolo para a volta das aulas.

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De acordo com a Fiocruz, 84 mil idosos e pouco mais de 81 mil adultos com doenças como diabetes, doenças do coração ou pulmonares moram na mesma casa em que pelo menos uma criança ou adolescente entre 3 e 17 anos de idade em Santa Catarina. Tanto pessoas com mais de 60 anos como com doenças crônicas estão no grupo de risco para complicações graves da Covid-19.

A quantidade de pessoas que pode passar a se expor ao coronavírus com a volta às aulas foi calculada por análise da Fiocruz com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz.

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Nesta terça-feira (28), a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina apresentou um conjunto de diretrizes para a retomada das aulas presenciais na rede de ensino. O protocolo, elaborado com outras 14 entidades, como Ministério Público (MP-SC) e sindicatos ligados à educação, prevê a possibilidade de aulas em dias alternados, para manter o distanciamento social, e o uso de máscaras por professores e alunos.

As atividades nas escolas catarinenses foram paralisadas em março e estão suspensas pelo menos até 7 de setembro. Embora o Estado tenha divulgado um protocolo para o retorno, ainda não há uma definição de data para a retomada.

Em entrevista nesta quinta-feira (30) ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, o pesquisador Raphael Saldanha, da Fiocruz, afirmou que a nota técnica da instituição desaconselhando o retorno das atividades escolares ocorre por conta da preocupação com o risco que ela representa, principalmente para as pessoas que estão em grupos de risco. Segundo ele, a volta às aulas seria como “tirar essas pessoas do isolamento”.

Saldanha destacou que uma das preocupações é que em muitos casos as crianças podem se contaminar com o coronavírus e não apresentarem nenhum sintoma. Ao voltar para a casa, poderiam transmitir para idosos ou adultos com doenças crônicas sem que ninguém se preocupasse com essa possibilidade.

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Além disso, ele destacou que há preocupação quanto às condições das escolas de cumprirem e de manterem em funcionamento os protocolos estabelecidos contra o coronavírus, principalmente as escolas públicas.

Santa Catarina tem registrado uma escalada de novos casos e mortes pela Covid-19. Nesta quarta (29), o Estado passou da marca de 1 mil óbitos provocados pela doença. São 77 mil casos confirmados, dos quais 11,1 mil estão ativos – o índice mais alto desde o início da pandemia.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também chegou ao pior patamar, com 82,4%. Doze regiões estão em situação gravíssima para a doença, conforme a classificação de risco o Governo de Santa Catarina.