Uma das perguntas que naturalmente o catarinense deveria se fazer é: “como chegamos ao colapso da Covid-19?”. A resposta, assim como a pandemia, não é simples. Mas é fácil saber pode onde começar. O ano de 2020 em Santa Catarina foi extremamente tumultuado e com uma mudança de postura do principal gestor do Estado, o governador Carlos Moisés, indo de um extremo ao outro conforme o cenário político.

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Santa Catarina normalizou a internação em leito de UTI

Nos últimos dias, Santa Catarina atingiu a maior marca de ocupação de leitos de UTI do país, destaque negativo e que comprova os erros cometidos recentemente no combate à doença. Voltando ao ano passado, é bom lembrar de episódios como a fatídica compra dos 200 respiradores, os processos de impeachment e as eleições municipais debaixo de muito descumprimento das regras de distanciamento.

Colapso em SC pede medidas duras e menos marketing de políticos nas redes sociais

Aos poucos, SC foi perdendo a linha dos cuidados e ficou com a imagem de que o cenário não seria tão ruim. Depois ainda vieram o verão e o Carnaval, que tiveram shows de desrespeito às regras. Tudo isso somado a discursos confusos das autoridades e apostas em estratégias sem comprovação científica do efeito resumem o cenário que levou municípios catarinenses ao colapso.

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Mesmo com aumento significativo de leitos de UTI no Estado – um ponto de acerto do governo -, a superlotação chegou. Sem um plano para reação, que incli medidas de saúde pública e de economia, Moisés vai deixando a corda esticada.

Ausência de comando contra a Covid-19

Um dos fatos mais notórios para quem cobre a rotina do combate à pandemia em SC foi a saída de Moisés da linha de frente. Enquanto outros governadores mantiveram a comunicação constante com suas populações sobre regras e os dados, o governador catarinense preferiu dedicar-se a outros assuntos. O fato político pesou, e muito. Os impeachments em tramitação também prejudicaram, mas nada impediria o governador de ser mais ativo.

Santa Catarina é um paciente em estado gravíssimo à espera de um leito de UTI

Quem decide

Mas, se Moisés não fez o seu papel de decidir, ainda haveria prefeitos para que o fizessem. Há exemplos positivos, de quem assumiu o controle em seus municípios e manteve contato permanente com as comunidades locais. Por outro lado, há quem até hoje prefira fazer marketing em rede social do que enxergar a realidade que bate à porta diante do avanço da doença e do colpaso em SC.

O custo da espera

O governador Carlos Moisés da Silva adotou um modelo para conter o avanço da pandemia que não encontrou respaldo em médicos especialistas. Os fechamentos de final de semana, diz o cientista de dados Isaac Schartshaupt, acabam somente atingindo a economia sem efeitos e ainda postergando o problema de saúde pública.

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O governo tem dito que vai esperar os resultados da atual medida antes de agir em outro sentido. O grande problema diante disso é o custo dessa espera. Até que haja uma ação mais dura, quantas pessoas serão internadas e quantas vão perder a vida? Moisés, pelo visto, decidiu avançar além do limite porque disso já passamos.

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