A discussão sobre coronavírus, na maioria dos casos, termina no mesmo caminho em Santa Catarina: a abertura de leitos de UTI. As unidades são tratadas com tanta facilidade que a internação em terapia intensiva passou a ser normalizada entre parte dos catarinenses. Mas, como apontam os números e reforçam os especialistas, a ida para a UTI é mais do que um sinal de alerta. Parte das pessoas perde a vida ou tem uma lenta recuperação com dificuldade para retomar a vida normalmente.

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Um dos principais motivos do discurso fácil sobre as UTIs está na procura de algo que possa resolver de maneira simples uma… pandemia. Especialistas em infectologia não cansam de falar que além dos leitos, há muitas outras medidas que dependem das pessoas. Os cuidados de higiene e ações contra aglomeração são exemplos disso. Mas não, o que se viu em SC desde março de 2020 foram casos de desrespeito às regras e descuido.

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Mas não há de se creditar a “confiança” em leitos de terapia intensiva somente à população em geral. Os gestores públicos fortaleceram esse discurso com medidas brandas e iniciativas que sempre recaíam no aumento da estrutura hospitalar. E sobre isso é importante pontuar: leitos de UTI são fundamentais. Contudo, precisam ser a última instância. Em solo catarinense, pelo visto, tornaram-se a âncora para o desrespeito às regras.

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E isso gerou uma inversão de cenários. Antes, UTI sinalizam locais de extrema preocupação, de muita dor para as famílias. Agora, aparentemente, foram banalizados. Falar sobre leitos em SC tornou-se fácil, como se abrir estruturas fosse simples e resolvesse o problema do coronavírus.

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Mas não resolve totalmente. A UTI serve para salvar vidas que já ultrapassaram outras barreiras, sendo a contaminação a principal delas. Assim como antes da pandemia, ela deve ser evitada, não normalizada. O resultado da simplicação do cenário está no que vemos agora, um colpaso no sistema de saúde.

Pessoas morrem na fila de espera justamente por uma UTI. Esta é a demonstração de que não deve haver a normalização dos leitos. Eles precisam a última opção como solução, tanto para as pessoas como para as autoridades. A retaguarda é necessária, e para isso há o investimento em novos espaços, mas é preciso muito mais.

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