Para o combate à Covid-19
A decisão do governo de Santa Catarina de fazer restrições aos finais de semana passa por contestação de especialistas no enfrentamento à pandemia do coronavírus. O cientista de dados que coordena a Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, é um dos que apontam para a falta de efetividade naquilo que foi anunciado pelo governador Carlos Moisés da Silva nesta quinta-feira (25).
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Em vídeo divulgado nas redes sociais (veja abaixo), ele analisa a eficiência de lockdowns. Em SC, porém, o que será aplicado não pode ser considerado desse mesmo modelo justamente pela falta de efetividade no controle da doenças. O governo determinou que as cidades catarinenses devem fechar atividades não essenciais entre 23h de sexta-feira e 6h de segunda-feira nos próximos dois finais de semana.
- O vídeo (divulgado pelo cientista) é para ajudar a entender que os lockdowns de final de semana, ou apenas à noite, não servem.
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Schrarstzhaupt, entretanto, lembra que a pessoa contaminada na sexta-feira vai passar a ter sintomas apenas dois ou três dias depois. Com isso, ela continua espalhando o vírus quando retoma a rotina.
- O objetivo principal do lockdown é restringir o contato físico - destacou o especialista.
Nos casos como em Santa Catarina, onde há alta contaminação, a doença somente deixará de ser proliferada quando houver uma interrupção nos contatos, conforme explica o cientista.
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- O correto é sempre fazer o mais duro e mais cedo possível para que as pessoas não entem em contato. Isso restringe a taxa de contágio e deixa de infectar.
Schrarstzhaupt destaca que não há "nenhuma" efetividade em três dias: "não faz nada". Ao final do período, ele acredito que não haverá impactos como a redução da ocupação de leitos de UTIs: "acho que nem isso vai aparecer".
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- O Estado tomou a escolha talvez pensando em afetar um pouco apenas a economia, mas vai ficar no meio termo, nem resolve a saúde pública, nem economia. Vai tirar o final de semana dos estabalecimentos porque a medida não adianta. Tem que resolver a saúde pública e aí a economia começa a voltar e melhorar pela esteira da saúde. Fazendo dois dias é para dizer que tentou ajudar, para dizer que tentou. Mas é inócuo, é inofensivo".
Para o especialista, diante do colapso atual em Estados como Santa Catarina, somente medidas mais duras como um lockdown completo seriam suficientes para controlar o avanço da doenças nas próximas semanas.
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Outro especialista que se manifestou em redes sociais contra a medida de fechamentos aos finais de semana foi o especialista em neurociência Miguel Nicolelis. Em publicação no Twitter, ele falou sobre a decisão do governador da Bahia, Rui Costa, que adotou uma medida semelhante a de Santa Catarina:
- Não existe lockdown de final de semana que tenha funcionado em nenhum lugar. Ou faz direito - 2-3 semanas no mínimo -, ou não espere resultados reais e duradouros. Aviso está dado mais uma vez. Salvador deveria ter feito lockdown em julho do ano passado. Não fez e sofre com isso hoje.
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