Sem um plano de recuperação da economia ou tempo para colocar em pé o Renda Brasil, o governo federal poderá apenas estender o pagamento do auxílio emergencial. Se tudo der certo, o benefício poderá ser mantido até dezembro com um valor de R$ 200. Essa é a medida mais cara do pacote anticrise.

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Até o momento, a equipe econômica calcula que já gastou R$ 254,2 bilhões para atender os chamados trabalhadores invisíveis. Apesar da importância desse recurso para segurar a economia e a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, a manutenção do auxílio precisa de uma fonte de recursos. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, está fazendo conta. E os princípios liberais, pelo menos por enquanto, foram para dentro da gaveta.

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A intenção de Guedes é discutir o auxílio emergencial dentro do contexto do Renda Brasil, o projeto que poderá substituir o Bolsa Família. Respeitado internacionalmente, o Bolsa Família é o maior programa de transferência de renda do país, atendendo 43,7 milhões de famílias. O novo programa ampliaria esse universo. Mas a modelagem precisa ser concluída pela equipe econômica e aprovada pelo Congresso.

A manutenção do Bolsa Família é uma promessa de campanha de Bolsonaro. Compromisso que foi necessário diante das constantes críticas de bolsonaristas ao pagamento do benefício aos mais pobres. A pandemia, no entanto, empurrou ainda mais pessoas para a linha da miséria, obrigando o governo a lançar mão de uma medida de urgência. O auxílio emergencial, no entanto, rendeu também frutos políticos ao presidente da República. Com esse pagamento, ele conseguiu conquistar a simpatia de eleitores em redutos tradicionais do ex-presidente Lula, como municípios do Nordeste.

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Se a popularidade de Bolsonaro não despencou nesses meses da pandemia, ele precisa agradecer a esse público. Dedicado ao plano da reeleição, o presidente detectou esse movimento e agora busca um programa social para chamar de seu. Depois da crise do coronavírus, só as clássicas agendas armamentista e de costumes não serão mais suficientes para segurar uma candidatura. Ao final do primeiro mandato de um presidente da República, os brasileiros olham também para o bolso.

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