Dentro de campo a arbitragem do futebol brasileiro é uma desgraça. Nas cabines do VAR, a mesma tragicomédia. O resultado? A cada rodada do Campeonato Brasileiro (que mal começou), uma chuva de erros inacreditavelmente grosseiros dos sopradores de apito. Sem nenhum pingo de compaixão: os 20 clubes da Série A e os outros 20 da Série B merecem esse desastre para lá de anunciado.
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Para refrescar a vossa memória, caras leitoras e caros leitores: esses 40 clubes, unidos a todas as federações estaduais do país, recentemente reelegeram o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Por unanimidade, numa clara demonstração de que estão felizes com o furdunço.
Esta mesma CBF historicamente envolvida em denúncias de corrupção e gastança indiscriminada de dinheiro. Esta CBF que está pouco ligando para a qualidade dos campos, dos atletas, dos jogos e das categorias de base. A mesma CBF que não consegue aprimorar o trabalho dos árbitros, nem torná-los profissionais. A CBF que está conseguindo depredar todo o patrimônio conquistado pela seleção brasileira, ano após ano, vexame após vexame, surra após surra. (A pouco mais de um ano da Copa do Mundo, a seleção sequer tem um técnico.)
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Esses 40 clubes não têm o de direito de reclamar de pênaltis mal marcados, expulsões injustas ou resultados provocados por erros. Não têm o direito de espernear por perder jogadores contundidos em campos esburacados. Não têm o direito de lamentar o esdrúxulo e extenuante calendário. Fruto da desunião e do egoísmo, esses 40 clubes são também responsáveis por todas as mazelas de nosso tão devastado futebol. Eles são parceiros na desgraça e no caos.
Apresentador do Sportv, André Rizek não passa a mão na cabeça dos 40 clubes: “Eles vivem uma situação muito cômoda. Entregam o comando à CBF, esperam o cheque e não conseguem assumir as rédeas do produto do qual são os donos. Eles tinham de assumir o comando. Mas não conseguem se entender nem sobre algo básico: divisão dos direitos. Imagina se vão chegar a um acordo sobre fairplay financeiro ou profissionalização da arbitragem. Esquece. Dos clubes não vai sair nada”.
Comentarista do Grupo Globo, Ledio Carmona critica o egocentrismo clubístico: “Os clubes não conseguem se organizar, cada um só pensa em sua parte. Farinha pouca, meu pirão primeiro. Assim o futebol brasileiro vai se arrastando. Agora os dirigentes querem reclamar da arbitragem. Mas quem criou essa situação? Quem manteve o comando da CBF? Todo o mundo é conivente. É como se cada dirigente desse sua própria apitada contra seu próprio clube”.
O encantamento da simplicidade
Nossa seleção pentacampeã virou piada planetária. Hoje não estamos nem entre as cinco melhores seleções do mundo. Levamos recentemente uma goleada da Argentina – sem o Messi.
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Assistir à grande maioria das partidas de futebol no Brasil é uma experiência traumática. É desperdício de energia e de tempo. Falta qualidade aos jogadores. Falta compostura aos técnicos. Falta capacidade aos árbitros. Falta educação aos torcedores. Falta respeito ao próprio jogo, ao espetáculo.
Os clubes, as federações e a CBF estão assassinando a galinha dos ovos de ouro.
 
				 
                                    