Os memes, os vídeos engraçados e fofinhos são o novo “pastel de feira” da política, adaptado para a era das redes sociais. Assim como na versão analógica, que inclui as já batidas imagens do candidato comendo em meio ao povo – nem sempre com desenvoltura – o objetivo é mostrar um político “gente como a gente”. No caso, com um plus: elevar o potencial candidato à categoria de uma quase “celebridade” da internet.

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A tiktokerização é a nova tendencia do marketing político, como mostrou a excelente reportagem de Paulo Battistela no NSC total. Uma maneira de simplificar a mensagem e chamar atenção de quem está no outro lado da tela do celular. Mas transformar a política em entretenimento pode ser um caminho arriscado. Para o próprio político, e para a democracia.

Nem todo mundo tem jeito e carisma para os memes. Com a aproximação das eleições municipais, a tendência é que as redes sociais se encham de políticos sem talento para as câmeras querendo parecer engraçados. O risco de soar forçado, sem naturalidade, é grande.

Políticos tiktokers andam de skate, conversam com bichinhos e viram memes em SC

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Também é uma incógnita se a estratégia de apostar na amplificação de uma imagem descontraída reflete necessariamente em votos. Que aumenta a popularidade, não há dúvidas. Mas só o eleitor poderá dizer se seguiu o político nas redes sociais porque o considera engraçado ou confiável e digno do voto. Em suma, não funciona para todo mundo.

Há ainda o risco de que a estratégia não seja encarada de forma positiva – especialmente quando é adotada por políticos com mandato. O eleitor pode se perguntar quanto tempo os gestores públicos têm gastado para parecerem legais e descontraídos em vídeos engraçadinhos. E talvez questione se está sobrando espaço para a função para a qual foram eleitos.

Tornar a política mais palatável e popular é um desafio e uma missão para quem precisa se destacar no mundo superconectado. Mas o risco de torná-la apenas mais um entretenimento é alto e pode esvaziar o debate de ideias, fundamental para a democracia.

Assim como a fritura do pastel de feira, todo mundo gosta de uma comunicação mais descontraída. O importante é saber dosar.

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