Santa Catarina tem apenas 1,1% do território brasileiro, muitas montanhas e boas reservas florestais. Mas sua competência no agronegócio beneficia não só o Estado, mas também o Brasil e o mundo. A Federação da Agricultura e Pecuária de SC (Faesc), entidade do sistema “S”, que defende os interesses do setor e busca aprimoramento do produtor, completa 70 anos neste sábado com razões para festejar e novos projetos. Ela reúne 98 sindicatos que representam 40 mil produtores em 295 municípios catarinenses. 

Continua depois da publicidade

O presidente da federação, José Zeferino Pedrozo, usa a sua ampla experiência como líder da entidade, produtor rural e gestor de cooperativa para defender o setor em cada desafio. Atualmente, são dois que tiram o sono do setor: as suspensões de exportação de carne de frango para a Europa e o preço do milho novamente nas alturas, até por mais de R$ 45 a saca no Sul do Estado. 

— Hoje, por exemplo, nossos produtores estão caindo em desespero devido à alta do milho. As próprias agroindústrias também. Como vamos conseguir mais de 6 milhões de toneladas se produzimos pouco mais de 2 milhões num momento de dificuldades? — questiona Pedrozo ao adiantar que a Conab prometeu liberar vendas de estoque para o Sul do Estado.

O agronegócio de SC tem um modelo de referência. Foi no Estado que nasceu a agroindústria com integração que levou o setor, a partir dos anos de 1970 a exportar carnes de frango e suíno, chegando hoje a mais de 200 países. A diversificada produção de grãos, frutas, carnes e madeiras permitiram ao Estado atender o mercado interno, ajudando na queda da inflação, e também exportar US$ 5,5 bilhões em 2017. Essa cifra representou 65% das vendas externas de SC e ajudou a conquistar a oitava participação do Estado no ranking dos mais exportadores do país. 

Enquanto a Faesc defende os interesses dos produtores, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), instituição controlada por ela, cuida da formação com cursos de gestão de pequena e média duração. As novidades incluem a oferta de assistência técnica e gerencial ao produtor rural e, em breve, a participação da Faesc na Universidade CNA, a instituição virtual da Confederação Nacional da Agricultura, o que significará mais conhecimento aos profissionais do campo. Segundo Pedrozo, o Senar tem 90 grupos com 30 produtores cada, em todo o Estado, participando de cursos, principalmente de pecuária leiteira, uma atividade que se fortalece no Estado. Ele destaca também que a Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia, e a Epagri deram e dão contribuição relevante por meio da pesquisa e assistência ao produtor. 

Continua depois da publicidade

Pensando no futuro, os cursos são focados em geração de renda para que os filhos de produtores fiquem no campo. 

— A chegada do progresso no meio rural, com internet, telefone, boas estradas e cidades interioranas de alto padrão estão fazendo com que mais jovens fiquem no campo ou voltem após os estudos porque hoje temos muitas propriedades sem sucessor — diz.  

Olhando para frente, uma prioridade da Faesc é conseguir uma solução para trazer milho barato a Santa Catarina. Tudo para que o setor agroindustrial siga como um dos pilares da economia do Estado. 

Leia outras publicações de Estela Benetti

Veja também:

EUA aliviam Brasil no aço, mas elevam risco de guerra comercial

Blairo Maggi e Paulo Rabello de Castro em SC