Com crescimento econômico acima da média nacional e pleno emprego, Santa Catarina atrai trabalhadores do Brasil e exterior que se deparam com falta de imóveis para locação ou compra. A maior procura é por unidades populares, aquelas de padrão econômico, do programa Casa Verde e Amarela e outras. Entre as cidades com maior carência estão as que têm grandes agroindústrias e as do litoral, por isso a busca de soluções a esse problema foi incluída pelo Oeste como uma das prioridades na Cartilha Foz Única, elabora da pela Federação das Associações Empresariais do Estado (Facisc) aos candidatos deste ano.
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Esta foi a primeira vez que o tema foi incluído na cartilha, que vem sendo lançada desde 2010, sempre que tem eleição ao governo do Estado, para indicar aos candidatos ao executovo e ao parlamento os investimentos prioritários em todas as regiões do Estado, explica o presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves. Segundo ele, é um problema relevante em diversas cidades com agroindústrias. Mas é uma carência também em outras regiões.
– Hoje, da população de Seara, por exemplo, 10% são haitianos. Onde vão morar essas pessoas? O propósito do Voz Única é mostrar as carências para ver se, juntos, a gente consegue amenizar – disse Alves.
A sugestão da entidade é que o poder público ajude a fomentar a construção de mais imóveis para locação ou aquisição, apoiando essa atividade que é privada. Normalmente, quem investe em imóveis para locação são pessoas físicas. A falta de imóveis têm pressionado tanto os preços dos aluguéis, quanto dos imóveis para compra e venda.
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Florianópolis e São José lideram alta de aluguel no país em 12 meses
No litoral, diversas cidades têm falta de imóveis de padrão econômico. A maior carência é em Florianópolis e região. Segundo o vice-presidente do Secovi, o Sindicato da Habitação, Marcos Alcauza, são diversas as razões que resultam na oferta insuficiente imóveis para locação e venda.
Ele lista problemas como a crise econômica de 2015 e 2016, limitações de plano diretor, alto preço de terrenos, baixa oferta de lançamentos de projetos com padrão econômico, volta dos juros altos e vinda de mais pessoas morar na região em função do crescimento do setor de tecnologia.
Com crescimento de 1% da população, o que corresponde a 10 mil pessoas por ano, a região de Florianópolis, seriam necessários 3.300 novos imóveis habitacionais por ano. Mas a oferta não chega a esse total.
Pesquisa da empresa Brain Inteligência Estratégica apurou quem na região da capital foram lançadas apenas 1.305 novas unidades no programa Casa Verde e Amarela em 2021 e 641 no primeiro trimestre de 2022.
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O vice-presidente do Secovi chama a atenção pelo fato de que 80% dos imóveis para locação, no Brasil, são de famílias e consistem na única unidade que têm para locar.
Em Joinville, maior cidade do Estado, o prefeito Adriano Silva informa que o problema principal é a falta de novas unidades para venda. Por isso, a prefeitura está incentivando a iniciativa privada a construir unidades dentro do programa Casa Verde e Amarela.
Ele observa que um casal que chega na cidade e consegue emprego, logo soma renda próxima de R$ 5 mil, o que dá condições de adquirir um imóvel econômico.
Construtoras e incorporadoras alertam que a alta e crescente inflação no setor de construção civil está afetando a oferta dessas unidades mais econômicas. O alerta é da empresária Poliana Oliveira, diretora Administrativa e Financeira do Grupo Oliveira, de Maravilha, Oeste de SC.
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– Como são projetos de longa duração e os nossos preços, com a instabilidade econômica, mudam muito, o que tem acontecido é que você fixa um contrato e não consegue entregar no final o que se propôs no início. Uma obra demora um ano ou ano e meio, normalmente. E os preços estão oscilando a cada 60 ou 90 dais. Então, cada vez mais, cada vez mais, as empresas têm deixado de fazer contratos por conta de não conseguir prever, a longo prazo, o que vai conseguir entregar – explica
De acordo com Poliana Oliveira, essa insegurança causada pela inflação do setor tem resultado, também, em licitações desertas no setor público. Isso porque a margem é muito pequena e não dá para saber se o resultado será positivo para a empresa no fim da obra. O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC-M), apurado pela FGV, subiu 1,16% em julho, 8,44% no ano e 11,66% nos últimos 12 meses.