Uma disputa comercial que afeta a venda de carnes do Mercosul pelo grupo supermercadista Carrefour na França envolve, agora, o mercado brasileiro. Frigoríficos estão suspendendo a entrega de carnes nas lojas do grupo francês – Carrefour, Atacadão e Sam’s Club – no Brasil, exigindo uma mudança de postura da empresa francesa.

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O problema surgiu a partir de protestos de sindicatos de produtores de carne franceses contra o futuro acordo Mercosul-União Europeia, que teve uma posição favorável na reunião do G20, mas ainda não entrou em vigor.

De acordo com portal do O Estado de São Paulo, o desabastecimento já atinge 150 lojas do grupo no Brasil. O Carrefour atua também em Santa Catarina, com lojas principalmente na Grande Florianópolis e Joinville. Foi o grupo francês que adquiriu no Brasil as redes Big e Makro em 2021.  

Para agradar os sindicalistas, o CEO Global do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou nota nas redes sociais quarta-feira (20) dizendo que a empresa assume compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul, bloco integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

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No mesmo dia, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil publicou nota em resposta ao empresário francês reiterando a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais. Ele discordou das declarações de Alexandre Bompard argumentando que o Brasil é o maior exportador de carnes bovina e de aves do mundo, presente em 160 países.

– O posicionamento do Mapa é de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul – União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana. O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros – escreveu o ministério em seu site.

Quem também lamentou a declaração do CEO Global do Carrefour, Alexandre Bompard, no mesmo dia, foi a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas, ressonando uma visão errônea de produtores locais contra o necessário equilíbrio de oferta de produtos de seu próprio mercado – o que se faz por meio da complementariedade, com produtos de alta qualidade e que atendam a todos os critérios determinados pelas autoridades sanitárias dos países importadores, como é o caso da proteína brasileira – informou a entidade em nota.

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O que lideranças políticas brasileiras e do agronegócio esperam é que o líder da empresa francesa divulgue uma retratação para que o setor volte a fornecer à empresa. As agroindústrias brasileiras não veem dificuldades em suspender o fornecimento ao grupo Carrefour porque o mercado está aquecido no Brasil e no exterior.

Fontes de SC foram procuradas pela coluna para informar sobre como está o abastecimento de lojas do grupo francês no Estado, mas não haviam retornado até o fechamento desta matéria.

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