Após sucessivos aumentos de compra de ações da BRF – dona das marcas Sadia e Perdião, que nasceram em Santa Catarina – a paulista Marfrig, do empresário Marcos Molina, anunciou na noite desta quinta-feira (15) a fusão das duas empresas, formando mais uma gigante brasileira de proteína animal, a MBRF, com faturamento de aproximadamente R$ 150 bilhões por ano. O negócio ainda precisa ser aprovado pelo órgão de concorrência. Mas o que levou a essa migração de controlador das marcas Sadia e Perdigão foram problemas de gestão.

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Base principal de produção das marcas Sadia e Perdigão, Santa Catarina também tem a sede jurídica da BRF, em Itajaí, que dá status de empresa do estado. Agora, com a criação da MBRF, a sede vai para São Paulo, embora a atividade de produção de aves e suínos do grupo siga forte em SC. Atualmente, a BRF é a segunda maior empresa bilionária catarinense. A primeira é a Bunge, que tem gestão em São Paulo, mas segue com sede jurídica no estado.

Em mais uma mostra de que as marcas fortes ficam, mas seus donos mudam, a Sadia e a Perdigão passarão a ser marcas da nova gigante MBRF, num investimento da Marfrig.

A crise envolvendo Sadia e Perdigão teve um primeiro capítulo em 2008, com a quebra do banco americano Leman Brothers, que gerou uma crise global. A empresa Sadia estava operando com derivativos nos EUA e quebrou financeiramente. Aí, com articulação do governo brasileiro, em 2009, foi realizada a fusão com a Perdigão, formando a holding BRF.

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Mas em 2013, uma parte dos acionistas da BRF, decidiu tentar mudar a gestão da empresa, que era reconhecidamente de qualidade, tocada pelo grupo da Perdigão, que em 1993 foi salva por um dos fundadores da WEG, Eggon João da Silva, junto com alguns bancos. Na prática, a BRF seguia o padrão WEG de gestão.

Foi quando o empresário Abilio Diniz decidiu comprar relevante participação de ações, assumir o conselho de administração e trocar a diretoria. Ele não conhecia o negócio, demitiu pessoas competentes que foram para a JBS e aceleraram o crescimento da Seara. Assim, sem gestão eficaz, a BRF chegou a ter prejuízo bilionário e nunca voltou ao patamar anterior.

Em 2018, Abilio Diniz é afastado do conselho da empresa, após impor um período de dificuldades. Foi assim que, sob presidência de Pedro Parente, o empresário Marcos Molina começou a adquirir ações da dona da Sadia e Perdigão, o que foi visto como positivo pelo mercado.

Marcos Molina é um empresário investidor – já foi dono da Seara – tem a Marfrig forte no setor de proteína bovina, e agora complementa o grupo com duas grandes marcas produtoras de ave e suíno.

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As duas marcas têm forte presença ainda em SC, mas no estado, avançaram bastante a Seara, hoje a maior empregadora do setor de proteína, e a Aurora Coop. Ambas têm investido mais em Santa Catarina do que a BRF, nos últimos anos. A nova gigante nasce em cenário positivo, com alta demanda por carnes brasileiras no mundo.

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