Diante do empenho nacional pela queda da inflação de alimentos, alguns líderes de cooperativas agropecuárias bilionárias de Santa Catarina recomendam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipar a entrada em vigor da reforma tributária porque ela prevê tributação zero para alimentos essenciais. A sugestão de antecipar a reforma, prevista para vigorar a partir de 2027, foi dada pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta; e pelo presidente da Cooperativa Agroindustrial Alfa (Cooperalfa), Romeo Bet. O presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, se posicionou contra, mas sugeriu mudança.
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Eles manifestaram suas opiniões ao serem questionados pelo portal NSC Total sobre soluções para queda de preços de alimentos durante evento em Florianópolis que reuniu mais de 150 líderes cooperativistas na noite desta segunda-feira. O objetivo foi empossar a nova Frente Parlamentar do Cooperativismo da Assembleia Legislativa de SC (Alesc).
– Todos esses produtos estão na cesta básica. Então, esse zeramento da cesta faria com que todos os produtos e todos os estados baixassem de 7% a 12% os preços. Isso permitiria um recuo importante de preços de alimentos – afirmou Vanir Zanatta.
A Ocesc, presidida por Vanir Zanata, representa todos os ramos cooperativistas de SC, com destaque para a agropecuária, que fechou 2023 com faturamento de R$ 54,7 bilhões, 3% menor frente ao ano anterior devido a preços baixos. Ele também preside a Cooperja, de Jacinto Machado, cooperativa de arroz e outros grãos que tem 2,2 mil associados e fechou 2023 com faturamento de quase R$ 1,3 bilhão.
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– Eu acho que seria uma baita sacada antecipar a reforma tributária. Aí o governo conseguiria baratear o custo de produção e os preços de alimentos. Nós, como produtores, teríamos uma renda boa e o consumidor teria alimento mais barato – opinou Romeo Bet, presidente da Alfa.
Uma das maiores cooperativas agropecuárias da Região Sul, a Alfa fechou o ano de 2023 com faturamento de R$ 10 bilhões. Ela produz de tudo um pouco, desde grãos como milho, soja e arroz, até farelo de soja, suínos e leite. São 23 mil associados em diversos municípios.
Para Neivor Canton, presidente da Aurora Coop, de Chapecó, terceira maior agroindústria de proteína animal do Brasil, que em 2024 obteve faturamento de quase R$ 25 bilhões, é melhor não antecipar a reforma tributária. Mas ele sugeriu mudança logo após a implantação
– Na minha opinião, a reforma tributária deve ser implantada no prazo previsto. É melhor não antecipar. E a cesta básica da reforma ficou magrinha, com poucos produtos. Se a cesta básica da reforma for ampliada, com a inclusão de mais produtos, eu apoio, elogio. Seria uma atitude que vai ao encontro de alimentar o povo, que parece ser a preocupação do presidente – disse Neivor Canton.
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O líder cooperativista observa que, para ampliar o número de produtos na cesta básica, a reforma teria que passar por nova votação. Apesar dar sugestão para ampliar a isenção de alimentos, ele disse que está preocupado com os impactos da reforma tributária, teme surpresas que ela pode trazer para a economia.
A reforma tributária vai zera os impostos para arroz, feijão, carnes, ovos, farinha de mandioca, farinha de trigo, açúcar, macarrão, pão comum, leite, queijos, café, óleo de babaçu, frutas, legumes e verduras.
Sobre a redução de imposto de importação de alimentos, os líderes catarinenses disseram não acreditar que trará impacto positivo no recuo esperado de preços porque o Brasil é líder global na produção da maioria das commodites alimentares.
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