Cidade que dá nome a um dos filmes mais icônicos da história, Casablanca é o centro econômico de Marrocos, país do Norte da África, quase ao lado da Espanha e Portugal, decido a ampliar negócios com o Brasil e Santa Catarina. O empresário Wilfredo Gomes, que acaba de assumir o consulado do Marrocos em SC por ter conexões com lideranças do Reino do país há duas décadas, já trabalha com esse objetivo. Além de negócios no Marrocos, empresas brasileiras estão vendo oportunidades em toda a África, continente que mais cresce em população no mundo e um dos que mais avançam em economia.
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Além da reconhecida força no turismo, por atrair 17 milhões de visitantes estrangeiros por ano, o Marrocos é um dos grandes fornecedores globais de fertilizantes e também se consolida como entreposto para exportação industrial, agregando etapas de produção e, assim, abrindo portas mais rápidas em outros mercados.
A posse de Wilfredo Gomes como cônsul do Marrocos em SC, há pouco mais de uma semana (06 de maio) foi um acontecimento relevante para as relações do estado com o país e também com o mundo árabe.
Isso porque o evento, que teve à frente o embaixador do Marrocos no Brasil, Nabil Adghoghi, também contou com as presenças de mais quatro embaixadores de países árabes: Talal Rashed Al-Mansour, do Kuwait; Ahmad Mohammed Ali Mohamed Alshebani, do Qatar; Bader Abbas Al-Hulaibi, do Bahrein; e Saleh Ahmad Salem Alzaraim Alsuwaidi, dos Emirados Árabes Unidos.
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Independente da França desde 1956, o Reino do Marrocos tem população estimada de 37,4 milhões de habitantes (2024) e encerrou 2023 com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 144,4 milhões. Os idiomas oficiais são francês, árabe e berberes.
A posse do novo cônsul do país em SC colocou em evidência diversas oportunidades de negócios entre o estado e Marrocos. No turismo, apesar de ser recente – final de 2024 – a conexão aérea direta São Paulo (Guarulhos) a Casablanca, com três voos por semana, se falou em nova rota Florianópolis, Buenos Aires e Marrocos. Um dos focos é a Copa do Mundo de 2030, que será disputada em seis países, incluindo Argentina e Marrocos, além de Paraguai, Uruguai, Portugal e Espanha.
– Marrocos vem se preparando, ao longo do tempo, para uma grande revolução econômica. Uma das razões é que o país tem uma geografia espetacular. Eles têm um pedaço do Atlântico, onde fica Casablanca, e um pedaço do Mediterrâneo, onde está Tânger, cidade que fica a 01 hora da Espanha e tem um porto seco com um back-office (centro empresarial) muito grande para armazenamento de tudo o que se possa imaginar – destaca Wilfredo Gomes.
Oportunidades de negócios
Segundo ele, o país está investindo em desenvolvimento econômico em diversas frentes. Uma delas é a melhoria do setor ferroviário. Outra é a agricultura. Nesse setor, Marrocos é um dos maiores exportadores de fosfato do mundo, um dos principais bases de fertilizantes para o agro, muito importado pelo Brasil e por Santa Catarina. Em contrapartida, o país também é um grande importador de alimentos do Brasil e de SC.
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Uma oportunidade para indústrias ampliarem negócios internacionais pode ser via Marrocos, usando o entreposto local para fazer alguma etapa do processo produtivo.
– O Marrocos tem uma zona de livre comércio muito antiga com a Europa. Então, produtos podem ir do Brasil, receber uma etapa de finalização em Tânger, e ser exportados para a Europa sem impostos. Não existe taxa para a entrada, nem para a saída de mercadoria. É uma das atividades para geração de emprego e renda local – afirma o cônsul.
O país também está adquirindo 30 aeronaves da Embraer, para ampliar as viagens regionais. Isso porque Marrocos fica a uma hora ou duas horas de muitas cidades importantes. Casablanca fica a 1h20 min de Lisboa e de Madri, a 2h de Milão e de Paris. Também é próxima de muitas grandes cidades de países africanos, que estão atraindo mais investimentos.
Investimento bilionário da JBS
O que motiva Marrocos a se posicionar como porta de entrada de investimentos na África é o crescimento acima da média do continente em população e em economia. De acordo com o FMI (projeção de abril de 2025) dos cinco países que mais vão crescer este ano, quatro são africanos: Líbia (17,3%), Senegal (8,44%), Ruanda (7,10%) e Guiné (7,08%). E projeções sobre população indicam que o número de habitantes da África Subsaariana vai dobrar até 2050.
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Quem já decidiu investir alto no continente e escolheu a Nigéria, maior país em população e economia, é a gigante brasileira de proteínas JBS. Ela anunciou no final de novembro de 2024 investimento de US$ 2,5 bilhões em cinco anos para a instalação de seis fábricas e colaboração com o governo nigeriano no fomento à produção local. O acordo com o governo local foi firmado pelo CEO Global da JBS, o catarinense Gilberto Tomazoni. Serão três fábricas de aves, duas de bovinos e uma de suínos. A Nigéria tem 250 milhões de habitantes e PIB de US$ 364 bilhões, que pode chegar a US$ 1 trilhão em 2050.
Balança comercial diversificada
Os dados da balança comercial entre Marrocos e o Brasil e Santa Catarina mostram diversificação e potencial para crescimento. Em 2024, as importações e exportações entre os dois países somaram US$ 2,7 bilhões, com superávit de US$ 196 milhões do país africano. As exportações do Brasil somaram US$ 1,32 bilhão e as importações, US$ 1,38 bilhão.
Os produtos mais importados pelo Brasil foram fertilizantes, ácido fosfórico, produtos têxteis, peças automotivas e peixe congelado. Os mais exportados aos marroquinos foram açúcar, milho, bovinos vivos, carne bovina, equipamento militar e café.
Santa Catarina, em 2024, exportou ao Marrocos R$ 9,11 milhões. Os itens mais vendidos foram madeira compensada, madeira serrada, papel kraft, conservas de carnes, motores elétricos, MDF, bombas de ar e chapas de plástico e telefones. O estado importou R$ 16,49 milhões do país. Os itens mais comprados foram fertilizantes fosfatados, ácido fosfórico, peixes congelados, fertilizantes químicos, glicosídeos, ácidos inorgânicos, circuitos integrados, confecções e legumes.
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