Lideranças que participaram de debates nesta quinta-feira no Fórum Radar Reinvenção, realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis, mostraram que a neoindustrialização oferece muitas oportunidades no Brasil e exterior. Mas apesar da maior oferta de capital para investir, alguns setores, como o farmacêutico, ainda enfrentam travas para crescer pelo excesso de regulação.
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Dois fatos dos últimos três anos – a pandemia e a guerra na Ucrânia – mudaram a geopolítica mundial e abriram espaço para uma nova era na indústria, chamada de neoindustrialização. Para a Fiesc, o setor industrial do Estado está se reinventando e tem condições de ser um dos protagonistas nessa nova etapa, com inovação e sustentabilidade.
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar avalia que as indústrias catarinenses já estão na neoindustrialização, embora muitas não tenham percebido isso ainda. Elas já estão com processos digitais, investem em sustentabilidade, na descarbonização, na transformação energética, nos maiores cuidados com a saúde e na governança, seguindo os princípios de ESG.
– A sociedade está passando por mudanças que não imaginava, que foram aceleradas na pandemia. Vieram desafios que geraram novas oportunidades e a indústria precisa se adequar para atender esses novos anseios. Uma das mudanças é a necessidade de ter fornecedores mais próximos das indústrias, mais próximos dos consumidores, o chamado “nearshoring. A pandemia mostrou uma dependência elevada da Ásia e isso está mudando, o que gera muitas oportunidades para a indústria de SC – diz Aguiar.
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Uma série de condições colocam ao Brasil a possibilidade de ser um dos protagonistas globais nessa nova indústria. O país conta com recursos naturais, segurança energética e capital para investir. Em sua palestra, o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Comércio Exterior e Inovações do BNDES, José Luis Gordon, informou que a instituição terá, nos próximos quatro anos, mais de R$ 60 bilhões para o setor industrial brasileiro investir em inovação. São recursos do BNDES e da Finep.
No painel para balanço do primeiro dia do evento, mediado pelo diretor de Inovação da Fiesc, José Eduardo Fiates, a mensagem das lideranças foi de que o Brasil precisa focar o mercado global para crescer na neoindustrialização.
O direto de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG, Daniel Godinho, enfatizou que para o Brasil avançar na neoindustrialização é preciso incluir o mercado externo, as cadeias globais de valor. Segundo ele, essa é a opinião das lideranças da WEG.
Para o economista e diplomata Marcos Troyjo, o Brasil tem segurança alimentar, segurança energética e condições favoráveis para a neoindustrialização. Mas ele teme que, por uma questão de segurança, empresas do país possam não acreditar na importância das cadeias globais de valor. Para ele, o salto na economia passa pelas exportações.
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Mas apesar da oferta de recursos para investir, alguns setores industriais estratégicos do país ainda são impedidos de desenvolver projetos inovadores pelo excesso de regulamentações. É o caso do setor farmacêutico, alertou o presidente do conselho de administração do Grupo NC e acionista da NSC, Carlos Sanchez.
Segundo ele, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em função de regras, limita muito estudos clínicos e outros projetos. Um deles é a substituição da bula de papel por bula eletrônica nos medicamentos. A de papel reduz em 5% a produtividade das indústrias e impacta o meio ambiente. O projeto da bula eletrônica está aprovado, mas a agência não autorizou ainda. Sanchez sugeriu copiar o modelo da Coreia do Sul para destravar o setor.
A secretária executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Verena Hitner, ao participar do balanço final, disse que o governo federal, tanto por parte o presidente Luíz Inácio Lula da Silva, quanto do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, está muito empenhado em ajudar o setor industrial a avançar na neoindustrialização. Para isso, a pasta está disposta a oferecer condições, garantir acessos, derrubar barreiras e disponibilizar crédito.
Também para ela, esse avanço da indústria deve passar pelas exportações. Verena Hitner revelou inclusive que, em reunião recente, o ministro Alckmin disse que “antes, exportar era uma necessidade; agora é exportar ou morrer”. Segundo ela, uma das oportunidades ao setor de farma é exportar insulina para a Europa, onde pararam de fabricar.
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Entre as condições essenciais para o Brasil competir lá fora, Troyjo colocou como relevante ter profissionais qualificados para as áreas industriais, em especial engenheiros. Fiates chamou a atenção sobre a importância de ter empreendedores dispostos a correr riscos.
No mercado interno, a reforma tributária será mais um ponto favorável à indústria. O Fórum Radar já mostrou que o setor industrial, apesar de alguns obstáculos, tem mais oportunidades agora para internacionalizar seus negócios. Então, deve aproveitar e surfar nessa onda.
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