Trabalhar para tirar as dores dos empresários associados será o objetivo principal da nova diretoria da Associação Empresarial de Florianópolis (Acif). Essa é afirmação do novo presidente da entidade, Célio Antônio Bernardi Junior, que assume nesta segunda-feira mantado de dois anos, sucedendo Rodrigo Estrázulas Rossoni, que encerra ciclo de dois mandatos. A posse será no CIC, a partir das 19h, com entrega de medalhas para homenageados pela entidade.

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O novo presidente adiantou também que a nova gestão vai fortalecer serviços, criar uma área internacional para ajudar a ampliar negócios com o exterior e vai fortalecer o os núcleos setoriais, com a criação de pelo menos mais um, de finanças.

Confiante no associativismo como caminho para melhorar as empresas e a economia, Bernardi tem trajetória de liderança totalmente desenvolvida na Acif. Jovem advogado, ele ingressou no núcleo de Jovens Empresários onde teve inspiração para trabalhar com tecnologia. Com sócios, abriu a empresa Boxcis Serviços Digitais, que atua com buscas na internet para dinamizar vendas.

Acif empossa nova diretoria e celebra 208 anos com entrega de medalhas

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Além disso, seguiu na entidade onde desenvolveu trilha de liderança junto às regionais e na diretoria de finanças, antes de formar chapa de consenso e ser eleito presidente. Nascido no Rio Grande do Sul, ele residiu com a família em Rondônia e no Espírito Santo antes de vir para SC. Graduado em Direito na Unisul, 37 anos, é casado e pai de um menino de três anos. Saiba mais na entrevista a seguir:  

Como o Sr. ingressou no associativismo empresarial?

– Eu iniciei minha jornada aqui no Núcleo de Jovens Empreendedores da Acif ainda como um jovem advogado. Embora com formação na área jurídica, eu sempre tive vontade de empreender. Só como a  formação acadêmica não te prepara para encarar o teu o teu escritório como uma empresa, eu recebi um comercial da Acif e decidi conhecer a entidade.

Tive a oportunidade de conhecer o Núcleo Jovem e iniciar uma trilha de desenvolvimento empresarial entendendo todos os benefícios, que eu poderia me capacitar para que o meu escritório pudesse efetivamente ser uma empresa. Então, aprendi mais sobre gestão, marketing e planejamento.

Nesse meio do caminho eu me apaixonei pela tecnologia e falei: é esse o ramo que eu quero para a minha vida. Aí fundei uma empresa com mais dois sócios e é o caminho que a gente segue hoje.

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Então, a Acif proporcionou essas várias etapas da sua formação de liderança?

Sim. Uma das coisas que eu mais vejo de sorte na Acif é que ela aposta nas suas lideranças. Quando eu estava saindo no Núcleo Jovem, o presidente da época, Luc Pinheiro, disse: não vai embora. Fica aqui porque a gente quer formar as novas lideranças da casa.

Então eu passei para uma nova diretoria, que era jornada de cliente. Eu desenvolvi um novo trabalho que era simplificar a entrada do associado dentro da nossa base. Nós tínhamos mais de 3 mil associados. E a partir disso eu comecei a assumir novas responsabilidades na entidade que permitiram que eu pudesse ter mais desenvolvimento.

Passei pelas regionais da Acif, por exemplo. A entidade tem seis regionais, cada uma com características completamente diferentes. Se você falar com o empresário da Lagoa, é uma característica, com o de Ingleses é outra.

Então, assumi essa responsabilidade de ser um braço do presidente e coordenar as seis regionais. Isso me deu muita bagagem interna porque ali a gente conseguiu atender demandas específicas locais. Na Lagoa era um tipo de desenvolvimento que o comércio local precisava, nos ingleses era outro.

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Por último, agora, assumiu a diretoria financeira. Talvez tenha sido meio maior desafio aqui na Acif. Quando entrei, a gente tinha uma taxa Selic de 2%,  dinheiro aplicado num fundo que estava perdendo para a taxa Selic.

Aí eu disse para o presidente: acho que é hora de diversificar. Só que uma coisa é a gente diversificar o nosso dinheiro. Outra coisa é você diversificar um patrimônio de quase 5 mil associados.

A gente conseguiu construir uma política de investimentos, trazer bons parceiros como a XP e o BTG Pactual. E nessa diversificação, que a gente fez com o fundo Acif, entregamos agora a gestão com  mais de 200% de rentabilidade. A gente estava com uma rentabilidade inferior à inflação.

Quando a gente diversifica, a gente encontra novos produtos financeiros em bancos de investimentos. Tiro de uma cesta só (na Selic) e começo a fazer uma diversificação em cima de uma política de investimento que me permitiu 20% moderado, 30% agressivo e 50% conservador.

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Esse, certamente, foi um dos maiores desafios que eu tive aqui na entidade e foi uma das preparações mais fortes para que eu pudesse alçar a presidência da Acif. É um desafio muito grande lidar com recursos de terceiros, com transparência e responsabilidade.

É mais uma vez a associação apostando na formação da sua liderança, de alguém que chegou lá atrás, no Núcleo Jovem, que percorreu alguns caminhos aqui dentro e foi sendo preparado, passando por vários caminhos, até chegar à liderança. Acho que essa experiência talvez é que tenha me dado um respaldo para apresentar a chapa e ser o próximo presidente. Foi chapa única, consensual.

O que a nova diretoria da Acif vai priorizar nesses próximos dois anos?

– A gente pensa muito no foco no associado. A gente pensa no ambiente empresarial, como a gente se aproxima do nosso associado, agora, quais são as dores que a gente vai encontrar pela frente e a Acif ser essa parceria para dar apoio a ele para o desenvolvimento dos negócios locais. Num primeiro momento, é essa proximidade.

Ontem mesmo, uma das ações foi o presidente eleito ligar para associados para conversar. Fui muito engraçado. Alguns pensaram que era trote. Foi legal. Tivemos assim um grande feedback de associados.

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Primeiro me apresentei e convidei para a nossa posse segunda-feira, com homenagens. Depois, perguntei: qual é a tua dica para o próximo presidente? Ouvi muita coisa legal.

Alguns empresários me disseram que estão na Acif para se capacitar, outros para aumentar a rede de relacionamentos, falaram que a Acif faz um trabalho incrível. Assim a gente conseguiu colher muitas informações para colocar no nosso plano de gestão.

Sobre a nossa gestão, olhando para os próximos dois anos, é foco no nosso associado. Como é que a gente ajuda ele, como ajuda a empresa dele a prosperar nesse nosso novo momento da economia. Além disso, obviamente, somos uma entidade que olha para a inovação.

O que a nova diretoria propõe na área de inovação?

Nosso plano é mostrar para o associado que uma entidade centenária pode ser um exemplo de inovação. Olhar para esse ambiente da Web 3.0 (ambiente atual da tecnologia).

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Como a inteligência artificial pode ajudar na produtividade desse empresário, pode trazer novas tecnologias para entidade, fazer uma curadoria de novas oportunidades, por exemplo no cenário financeiro. Como a entidade pode ajudar esse empresário a inovar no seu negócio e encontrar um caminho diferente para ele poder evoluir e prosperar.

Acho que a Acif tem esse viés de exemplo e pode transmitir isso para o para associado através de novas práticas. Porque se no dia a dia o empresário pratica as mesmas coisas, dificilmente vai alcançar novos resultados. Precisamos incentivar o empresário para que, no dia a dia, ele possa levar inovação para dentro da empresa dele.

Dos programas que a Acif tem hoje, o que destaca?

– Eu penso que a gente tem uma governança estruturada em relação a todos os programas. Um exemplo, são os nossos núcleos empresariais que têm um viés muito grande de desenvolvimento desses empresários. Acho que a gente tem que potencializar isso. Encontrar novos setores em que a gente possa trazer para dentro de casa e ajudar a se desenvolver.

Vocês vão criar novos núcleos setoriais?

– Essa é uma das ideias com base na experiência que a gente tem. Um grande exemplo que a gente tem dentro de casa o núcleo da Educação. A gente trouxe uma diretora de educação para conhecer melhor esse ambiente, entender como a Acif poderia ser uma das lideranças nesse setor.

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A diretora consegue trazer pautas empresariais para dentro, a gente consegue entender como é que o ambiente político está olhando para nossa educação e a gente pode fazer proposições.

 A par disso, o que que acontece? Fundamos na Acif um núcleo das empresas de educação. Aqueles empresários que estavam concorrendo, se unem para deliberar sobre pautas do setor.

Então, a Acif, por meio dos núcleos, pode ser ser essa ponte de setores, o que pode ser um grande avanço empresarial. Investir nisso será um dos nossos olhares.

Já tem algum novo núcleo em vista?

– Eu penso que o setor financeiro é um deles. É um setor que cresceu muito aqui e a gente tem que aproximar o nosso associado dessas novas oportunidades. Quando o núcleo vem para dentro ele desenvolve projetos, a gente consegue aproximar esse conhecimento do nosso associado.

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Acho que esse é um setor que a gente tem que olhar com muito carinho, porque é um setor que muito bem utilizado pelo nosso empresário, pode fazer com que o empresário pense inclusive no seu futuro. O empresário precisa olhar para o seu próprio planejamento futuro e o aspecto financeiro passa por isso.

A Acif tem um projeto de uma nova sede no Sapiens Parque, Norte da Ilha de SC. Esse plano continua ou a entidade desistiu?

– Eu acredito que desistir não é a palavra. Eu penso que ali a gente precisa, efetivamente, ter um olhar com bastante carinho para o desenvolvimento Norte da Ilha. Sem dúvida, aquele espaço do Sapiens Parque é um vetor para isso e a Acif precisa ter a sua marca lá.

Agora, a forma como a gente vai construir é o que a gente discute hoje. Sem dúvida, talvez o melhor cenário, hoje, seja a presença lá através de parceiros. Eu não sei se o conceito seria alugar um espaço ou, por exemplo, a gente se associar uma grande construtora, que tem interesse também no desenvolvimento local.

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Aí a gente poderia ser um catalizador. Ser uma  marca que pode chamar grandes marcas para aquele ambiente, ver como desenvolver isso como outros parceiros.

Teríamos capacidade financeira para fazer o empreendimento, mas, talvez, a grande estratégia pode ser levar novos players com a marca da Acif para lá. O avanço do plano diretor vai permitir agora um novo olhar para o Sapiens Parque.

Mas o que a gente discute é o que podemos levar, junto com a marca Acif, novos players para o desenvolvimento do Sapiens e desenvolver aquele ambiente pensando em toda aquela região empresarial.

Entre os serviços prestados pela Acif ao associado está a viabilidade de planos de saúde mais acessível. Vocês pensam em mais algo nessa área?

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– Nós temos dois clientes muito bem traçados dentro da entidade. A gente tem aquele associado que vem pelo associativismo e consome aquele produto que é rede, aquilo que oferecemos em termos de capacitação, network, cursos, que é tudo o que consideramos produto e que agrega muito valor na vida do empresário porque é uma oportunidade de crescimento pelo conhecimento.

E a gente tem aquele outro empresário que vem consumir um produto porque ele se beneficia pela rede. Aí são nossos produtos de prateleira que a gente chama, como o Acif Saúde, que podemos comercializar a preços mais competitivos porque a gente negocia em rede. Temos parceiros como a Amil e a Unimed.  

Temos outros serviços como a Câmara de Mediação e Arbitragem, que é o nosso olhar onde o empresário tem uma competitividade no setor jurídico. Ao invés de ajuizar uma ação judicial, que tem uma duração maior, na Câmara ele tem oportunidade de ter uma resolução mais rápida do problema. É um dos produtos que tem crescido muito dentro da nossa entidade.

De outro lado, temos alguns produtos que são benefícios do dia a dia como certificado digital, Rede Sul, que é um cartão de benefícios para os colaboradores. Mas, sem dúvida, a Acif olha para os novos caminhos e vai trazer uma nova linha financeira para o associado ter acesso ar recursos com taxas mais competitivas. Nossa proposição é ter um novo produto associado a fintechs que leve mais competitividade aos associados.

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No caso de capacitação na Acif, o que o empresário procura mais?

– Temos diversos programas. Um deles é o Lidera Acif, que tivemos mais de 500 empresários participando. Nessa jornada, trabalhamos com uma trilha de capacitação, que inclui marketing, finanças, oratória, vendas, formação de preços. Tudo aquilo que o empresário tem no seu dia a dia. A gente vai ampliar esses programas agora.

Um dos produtos mais fortes que a gente tem de capacitação são os nossos núcleos empresariais e as nossas regionais. Temos, hoje, 26 núcleos empresariais, desde jovens empresários, mulheres empresárias, até reparação automotiva, educação e outros. Esse grupo de empresários representa um setor, traz essa demanda através do núcleo e a Acif, por meio do núcleo, leva as transformações.

O que a nova diretoria planeja fazer na área de internacionalização da economia?

Criamos uma pasta agora na diretoria. A pasta de Relações Internacionais. Estamos trazendo alguém que é do mercado e a ideia é, novamente, a gente estruturar essa pasta para que o empresário catarinense possa entender que existe um mercado lá fora em que ele pode buscar novos compradores.

Também pretendemos estar presente como Acif nesse mercado exterior para mostrar a economia de Florianópolis e buscar novos investimentos para o município. Vamos informar que Floripa é uma cidade atrativa para se empreender, para se desenvolver. É uma cidade competitiva, que pode trazer retorno para investimento desse empresário do exterior, aliado à nossa qualidade de vida.

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Vamos buscar parceiros como o Sebrae, que tem uma área de desenvolvimento nessa linha, fazer parcerias com câmaras de comércio internacional e trazer empresários de fora. Vamos tornar a Acif nesse hub, essa casa do empresário tanto local como do exterior para poder potencializar negócios.

Tivemos este ano a mudança de governos federal e estadual. O que o Sr. espera dessas gestões para o desenvolvimento econômico?

– Quando a gente vai falar de governo, a gente sempre espera que ele seja parceiro do empresário. Mas como entidade empresarial, a gente vai ter que estar sempre acompanhando as pautas e, de alguma maneira, através do nosso posicionamento, contribuir.

Acho que o que a gente tem que fazer nesse momento é contribuir com o diálogo e com pautas que possam ajudar no desenvolvimento econômico da classe empresarial. A gente até brinca aqui que, mesmo quando a gente pensa que a pauta e só empresarial, a gente acaba contribuindo para a própria sociedade.

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Quando a gente tem uma economia forte, uma política econômica forte que permita com que o empreendedorismo no seu dia a dia possa acontecer, que tenha segurança jurídica, principalmente para o empresário se desenvolver, a gente vê que a sociedade se desenvolve junto, o emprego cresce e tudo isso acontece.

Então, acho que a gente tem que ter um olhar de acompanhamento, de proposição e de diálogo. Ver como é que a gente, sendo uma entidade local, pode ser propositiva olhando o nosso cenário dentro de casa, o cenário municipal, o estadual e o federal.

Acima de tudo, temos que estar atentos à política econômica que é feita no país, para ver como é que a gente consegue, de alguma maneira, contribuir. Eu penso que a gente tem que ter um caminho de diálogo com as nossas lideranças políticas, visando o fortalecimento da economia.

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