Referência mundial e brasileira em energia renovável, a multinacional francesa Engie acaba de nomear o executivo Eduardo Sattamini como seu líder número um no Brasil e na América Latina. Desde o mês passado (abril de 2025), ele ocupa a posição de Country Manager Brasil e Managing Director Renewables Latin America e segue como diretor-presidente da Engie Brasil Energia, sediada em Florianópolis. Em entrevista exclusiva para a coluna, Sattamini afirma que a companhia segue com o propósito principal de acelerar a transição energética.
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Líder nacional em energia 100% renovável, a companhia conta, atualmente, com capacidade instalada de 12,5 GW provenientes de geração hidrelétrica, eólica e solar. A empresa também tem a mais extensa rede de transporte de gás natural do país, a TAG, com 4.500 quilômetros passando por 10 estados. A Engie encerrou 2004 com 2,8 mil colaboradores e receita líquida de R$ 11,2 bilhões.
Veja fotos de Eduardo Sattamini e negócios da Engie no Brasil:
A companhia se destaca em sustentabilidade ambiental e social. A Engie Brasil Energia acaba de ser confirmada no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 em quarto lugar. E ficou na 21ª colocação em ranking Global 100 das empresas mais sustentáveis do mundo.
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Eduardo Sattamini sucede Maurício Bähr à frente do Grupo Engie no Brasil e América Latina. Nascido no Espírito Santo, ele mudou com a família, ainda criança, para o Rio de Janeiro onde fez graduação em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e também cursou mestrado em Administração.
Começou a carreira em empresas do setor naval e, há 25 anos, ingressou no grupo Engie, então com o nome Tractebel Energia. Casado, dois filhos, ele reside em Florianópolis desde que assumiu diretoria na companhia. Em 2016 foi conduzido à presidência da Engie Brasil Energia, e, agora, assumiu a liderança do grupo. Na entrevista a seguir, ele destaca que os investimentos seguirão acelerados, defende melhoria regulatória para energia no Brasil e fala da atuação social:
Como o senhor recebeu o desafio de presidir o Grupo Engie no Brasil?
– Recebi esse desafio com grande entusiasmo, disposição e motivação. Afinal, neste mês de maio estou completando 25 anos de Engie Brasil Energia, companhia cujo propósito de acelerar a transição energética realmente captura meu engajamento como profissional.
Ao longo deste período, tive a oportunidade de me desenvolver, vivenciando experiências de transformação dos negócios, ao mesmo tempo em que fomos nos adaptando às mudanças do setor elétrico no Brasil. Entrei com 35 anos e hoje estou com 60. As alterações organizacionais efetivadas em abril são na verdade resultado de um processo que valorizou pessoas do grupo, com investimento em reter e promover talentos, parte da cultura da Engie.
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É gratificante assumir a nova missão como Country Manager Brasil e Diretor de Renewables para a América Latina, mantendo minha posição de diretor presidente da Engie Brasil Energia, porque isso nos dá a certeza de continuidade de uma estratégia vencedora do grupo no país. Isso tudo com o apoio de um time que atua unido, construindo com responsabilidade e muita competência um futuro mais sustentável.
Quais serão as prioridades do grupo na sua gestão? O que terá continuidade na Engie?
– Manter a excelência operacional, ou seja, os altos parâmetros de disponibilidade e rentabilidade dos ativos; assegurar a melhor proposta de valor aos nossos clientes do Mercado Livre de Energia; continuar equilibrando riscos e retornos em nossa visão financeira e de novos negócios; além da defesa de uma necessária e urgente agenda de modernização regulatória.
O Brasil tem um papel fundamental nas ambições do Grupo de se posicionar como o melhor player global em energia renovável e transmissão. Nosso país é rico em recursos renováveis e conta com uma matriz 87% composta por fontes limpas – a média mundial que se espera para 2025 é de 35%, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Portanto, temos condições de inspirar o resto do mundo em relação ao tema e, agora, perseguirei esse propósito, também na liderança regional da América Latina.
Além disso, destaco que estamos trabalhando com todo o nosso time para que a transição – que foi bastante planejada – aconteça de maneira estruturada e gradual. Nesse movimento, contamos com o apoio fundamental da CEO global do Grupo Engie, Catherine MacGregor, e do Mauricio Bähr, que continua ao nosso lado à frente dos conselhos de administração da Engie Brasil, da Jirau Energia e da Transportadora Associada de Gás (TAG).
Tem algum setor em que o grupo ainda não participa e pretende ingressar no Brasil?
– Sempre avaliamos movimentações e oportunidades do setor que estejam em linha com o propósito do Grupo Engie e que possam entregar valor aos nossos acionistas. Para garantir o crescimento a longo prazo, é fundamental fazer uma gestão eficiente do portfólio, mantendo um balanço saudável entre fontes de receita e mitigando riscos, especialmente em um ambiente volátil. Na Engie, dispomos de mais de 11 GW de capacidade instalada própria 100% renovável, composta, majoritariamente, por fontes hídricas e em fontes complementares, como eólica e solar.
Além disso, possuímos linhas de transmissão que apoiam o escoamento da produção de energia dos centros produtores para os centros consumidores. Seguiremos firmes com nossa estratégia, dentro do propósito de acelerar a transição energética com o uso de fontes renováveis e aportes em infraestrutura de transmissão de energia e transporte de gás.
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A Engie foi pioneira na opção de atuar somente com energia renovável. Seguirá nesse foco?
– Continuaremos focados na missão de contribuir com uma transição energética justa na região e com o objetivo de priorizar parques de geração de energia provenientes de fontes renováveis. A operação brasileira é um grande exemplo disso. Só em 2024, registramos um investimento recorde de R$ R$ 9,7 bilhões por meio da Engie Brasil Energia.
Os recursos foram alocados em sua maior parte em parques eólicos e solares, e em infraestrutura de transmissão. A Engie vai olhar sempre o que faz sentido na estratégia de longo prazo.
A maioria reconhece que a energia é cara no Brasil. O que dá para fazer para reduzir os preços?
– O setor elétrico brasileiro precisa se reequilibrar para que haja um reflexo positivo no preço da energia. Entre as causas desse cenário desfavorável, está o excesso de subsídios que acabam encarecendo a fatura dos consumidores. Exemplo disso é o que acontece com a geração distribuída, na qual quem tem dinheiro ganha desconto para instalar painéis solares, mas este subsídio é cobrado na conta de luz de todos os consumidores, inclusive, dos menos favorecidos.
A Engie é promotora da modernização e defende a eliminação de subsídios e a valorização dos atributos de cada fonte. Subsídios levam à contradição de o país ter custo médio de energia barata e tarifas aos consumidos muito elevadas.
Para você ter uma ideia, um cálculo da própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que os subsídios são responsáveis por 13% da conta. Imagine que, somando isso aos impostos que pagamos, termos praticamente o valor da metade da conta. Além disso, são necessários investimentos em infraestrutura para facilitar o escoamento da produção de energia. Corrigidas distorções como essas, teremos um setor mais equilibrado e, consequentemente, uma conta de luz mais barata.
Os problemas climáticos mostram que o mundo precisaria reduzir emissões com mais urgência. Como o setor energético pode colaborar mais?
– Esta é uma questão que tem que estar na pauta do dia a dia das empresas de energia. O combate às mudanças climáticas é elemento central do propósito e do modelo de negócios da companhia e um tema estratégico permanente na nossa governança.
Desde 2010, a Engie Brasil Energia, por exemplo, realiza um controle rigoroso de suas emissões, avalia sua intensidade e adota medidas para reduzi-las. A Engie mantém planos de ação focados na redução das emissões de GEE, de forma complementar aos planos de adaptação climática. O foco é a descarbonização das operações, incluindo a cadeia de valor, e a promoção da eficiência energética.
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Para facilitar a consolidação da estratégia climática, a gestão de riscos e o acompanhamento das métricas e metas estabelecidas, a companhia criou a Jornada pelo Clima, uma plataforma de governança estruturada em três pilares: gestão, mitigação e adaptação. A Matriz de Riscos Empresariais da companhia também inclui o monitoramento do risco climático e seus impactos operacionais, financeiros e socioambientais.
Também ampliamos as ações desenvolvidas pelo Programa de Descarbonização de Fornecedores, voltada para a redução de emissões da cadeia de valor da companhia, que em 2024, foi reconhecido pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil, na categoria Guardiões Pelo Clima.
Em 2023, a Companhia já havia se destacado ao obter nota “A” no quesito Supplier Engagement Rating, da organização internacional Carbon Disclosure Project (CDP), que avalia o desempenho em governança, metas, emissões do Escopo 3 e engajamento da cadeia de valor no enfrentamento às mudanças climáticas.
Em 2024, a Engie Brasil Energia conquistou, pelo segundo ano consecutivo, o conceito “A-“ no módulo de Mudanças Climáticas do questionário CDP. Nos últimos anos, também intensificamos nossa participação no debate público que envolve as mudanças climáticas e a urgência de ações para o enfrentamento ao aquecimento global. Além disso, no último ano, a Engie Brasil Energia investiu R$ 4 milhões com o objetivo de promover estudos sobre impactos das mudanças do clima no setor elétrico brasileiro.
Os projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) que selecionamos estudaram ferramentas operacionais para aumentar a eficiência da previsão climática de longo prazo e os impactos das mudanças do clima no setor elétrico brasileiro, de forma a apoiar a tomada de decisão no planejamento energético e otimizar o enfrentamento e a prevenção de eventos extremos e cenários adversos.
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Nossas avaliações de investimentos consideram diferentes cenários de mudanças climáticas, apurando os riscos e as oportunidades associados ao preço da energia e ao volume gerado pelas fontes renováveis.
O grupo seguirá investindo alto em geração no país?
– A Engie Brasil Energia conta com um parque gerador 100% renovável e nosso investimentos continuarão voltados para esse segmento. Só no ano passado, por meio de investimento recorde, adicionamos 1,2 GW à capacidade instalada da companhia, que antes tinha mais de 9,6 GW de energia renovável.
Em 2024, consolidamos a operação do Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, e demos início às operações do Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia. Ao mesmo tempo, começamos os testes operacionais do Conjunto Fotovoltaico Assú Sol, que entra em operação este ano. Recentemente, também anunciamos a aquisição de duas hidrelétricas no Amapá e Pará. Temos pela frente mais R$ 8,5 bilhões de investimentos já comprometidos para o período de 2025 a 2027, também com foco em energias renováveis e transmissão.
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A Engie é referência em investimentos sociais! Com o senhor na presidência no Brasil esse trabalho continua? Pode ser ampliado?
– Com certeza! Na Engie Brasil Energia, dedicamos às pessoas o mesmo cuidado que temos com o negócio. Além disso, fazemos questão de impactar positivamente a vida das comunidades das quais fazemos parte, no entorno dos nossos ativos. O interesse coletivo continuará guiando nossas ações, assim como o diálogo aberto e a relação de transparência, que são essenciais para nós.
Nossa responsabilidade também inclui a agenda de mitigação e adaptação climática. Somos, sim, uma empresa de energia, mas também somos muito mais do que isso. O sucesso de uma empresa vai além de bons resultados financeiros, estamos comprometidos em contribuir com o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde estamos presentes e caminharmos para uma sociedade mais justa para todos.
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