A duplicação da BR-470, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), deixou a vida dos pedestres para depois. À medida em que a obra avança, o alívio para motoristas e motociclistas é proporcional ao medo gerado nas comunidades às margens da rodovia federal. Tudo porque as passarelas de pedestres ficaram de fora do projeto contratado há oito anos.

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É a repetição de uma história bem conhecida no Litoral Norte. Moradores de cidades cortadas pela BR-101 conviveram por anos com uma autoestrada de pistas duplicadas, sem acessos para conectar bairros populosos separados por asfalto.

Quem não se lembra das passagens improvisadas no concreto da mureta central e das mortes frequentes ocasionadas por atropelamentos? O problema só foi amenizado quando finalmente instalaram as passarelas e as grades que desestimulam pedestres imprudentes.

A tragédia de Gaspar, em que três pessoas morreram tentando atravessar a BR-470 em obras para ir ao mercado, há 10 dias, é prenúncio de uma série. Até agora, os quilômetros duplicados estão localizados, na maioria, em trechos pouco urbanizados, em que a faixa de domínio da rodovia federal está livre de casas, comércios e escolas. Mas imagine quando a duplicação chegar ao Badenfurt, onde estudantes e professores do Instituto Federal Catarinense (IFC) arriscam-se diariamente para cruzar a BR-470 até a parada de ônibus.

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O “estudo” anunciado pelo DNIT para uma passarela na Margem Esquerda, em Gaspar, é insuficiente porque circunscreve o risco àquela vizinhança. Já se vão seis anos desde que os moradores da localidade começaram a reivindicar uma travessia segura. Quantas vidas os atropelamentos levarão se cada comunidade tiver de enfrentar essa via crúcis?

Milhões de reais foram gastos em estudos de impacto ambiental e social antes do início da duplicação da BR-470. Eles preveem locais para a instalação de passarelas — não só para pedestres, mas também para a fauna existente. Túneis, galerias e passa-faunas estão contemplados no projeto em execução. Passarelas, não. 

A vida humana, neste caso, ficou em segundo plano.

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