A imagem curiosa de uma poltrona cuidadosamente posicionada à beira do Rio Itajaí-Açu, no Centro de Blumenau, parece até instalação artística. Há poesia na composição, uma certa ironia à mania local de dar as costas ao maior ativo natural deste vale. Posta em contexto, no entanto, a alegoria colide com um drama urbano bem mais imediato.
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Neste ponto do talude da Beira-Rio vivem pessoas em situação de rua. Moradores da cidade que se abrigam sob o concreto da calçada — eles encontraram um móvel para servir de descanso. O repórter fotográfico Patrick Rodrigues observou ao menos três moradias dessas ao longo da avenida. Uma face oculta da cidade que está, literalmente, debaixo do nosso nariz. E que se torna dramática com a chegada das temperaturas baixas.
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Nas próximas semanas, Polícia Militar e prefeitura farão abordagens semanais a grupos que vivem em casas abandonadas, sob pontes, viadutos — e calçadas. O objetivo é encaminhar essas pessoas ao Centro de Referência Especializado para a População em situação de Rua (Centro POP) e ao Abrigo Municipal. Ou a comunidades terapêuticas parceiras do município.
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Além do frio a caminho, há outra motivação para a ação: segundo a PM, tem aumentado o número de ocorrências policiais envolvendo moradores de rua.
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