A irritação de empresários, lideranças e políticos do Vale do Itajaí com o pedido de vista do deputado João Amin (PP) que postergou a tramitação do auxílio do Estado à duplicação da BR-470 explica-se pelo contexto. Cinco meses de 2021 se foram e cresce a sensação de que o ano já está quase perdido. O dinheiro do Estado demorará a chegar, isso se chegar. E o orçamento do governo federal dá para pouco.

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O tempo extra solicitado por Amin representa mais um atraso ao processo, que empacou na Assembleia Legislativa porque a governadora interina Daniela Reinehr havia vetado o projeto de lei apresentado pelo próprio Executivo. O que poderia estar pronto desde abril segue em discussão, e ninguém pode assegurar até quando.

Na burocracia estatal, estima-se que, se a Alesc derrubar o veto, seriam necessários de 60 a 90 dias até que governo do Estado e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) formalizassem um convênio e o pusessem a funcionar. Na melhor das hipóteses, o dinheiro começaria a pingar em agosto.

Enquanto isso, o DNIT investe os parcos R$ 56 milhões garantidos pelo governo federal em 2021. Até agora, 75% desse valor já foi empenhado. Se Brasília não suplementar o orçamento da obra no segundo semestre, as máquinas vão parar.

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Isso num ano que começou com a perspectiva de quase R$ 400 milhões para a duplicação. Agora, a chance de entrega de um dos lotes duplicados em 2021 é pequena.

O veto de Daniela e agora o pedido de vista do deputado João Amin na Alesc permitem ao Vale do Itajaí especular que há forças da política catarinense desinteressadas na celeridade da duplicação da BR-470. Colaborar para que a obra aguardada há décadas leve a assinatura de Carlos Moisés significaria entregar ao governador trunfo poderoso na tentativa de reeleição.

Se essa narrativa ganhar corpo, a ansiedade regional pela chegada dos R$ 200 milhões pode voltar-se contra aqueles que forem identificados como empecilhos à obra.

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