Nem todo mundo sabe, mas Santa Catarina tem um peso importante para a empresa mais sustentável do mundo. Fica em Blumenau, em uma área de 52 mil metros quadrados e onde trabalham cerca de 400 pessoas, a principal fábrica da América do Sul da Schneider Electric, multinacional francesa líder global em gestão e automação de energia. A direção local abriu as portas da unidade a um grupo de jornalistas nesta quinta-feira (12).
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Na planta instalada na Rua José Deeke, quase na esquina com a Rua Bahia, são fabricados painéis de controle e distribuição de energia de baixa e média tensão feitos sob demanda e de uso principalmente industrial. A empresa também produz religadores, equipamentos instalados em postes e responsáveis por reestabelecer a energia em casos de queda.
Mas um dos grandes destaques da operação local é a produção da chamada e-house, uma espécie de subestação elétrica montada em um contêiner e cuja vantagem é ser móvel. Também chamado de eletrocentro, ele dispensa a construção de uma estrutura fixa e pode ser realocado depois de usado.
Veja fotos da fábrica da Schneider Electric
Várias dessas e-houses ocupam um amplo pátio nos fundos da planta. A Schneider Electric é uma grande exportadora desse tipo de solução, que abastece principalmente indústrias de mineração, óleo e gás, entre outros setores.
— O Brasil representa 65% dos negócios da empresa na América do Sul. É um país importante para o nosso crescimento — diz Christian Rivas, diretor da fábrica.
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O executivo foi recentemente convocado pela direção da Schneider Electric a assumir novos projetos de expansão da companhia nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, ele vem tratando da transição com o recém-contratado engenheiro Guilherme Marcondes, ex-Whirlpool, que assumirá a liderança da operação a partir de julho.
DNA blumenauense
Apesar de hoje ser tocada por uma multinacional, a unidade tem DNA blumenauense. Ela surgiu como uma empresa local, a Waltec, fundada em 1975. Em 2008, a também francesa Areva comprou as instalações. Dois anos mais tarde, a operação mais uma vez foi negociada, agora com a Schneider Electric.
Foi sob a gestão da atual dona que a unidade foi classificada em auditoria, em 2022, como uma smart factory (indústria inteligente), graças a um plano de modernização que incluiu a digitalização do chão de fábrica, ampliação da eficiência energética e reaproveitamento dos resíduos gerados na operação. Na prática, a companhia passou a produzir mais com menos.
O passo mais recente dessa transformação foi a eliminação total de emissões de gás carbônico, alcançada em novembro de 2024. Com isso, a fábrica de Blumenau virou referência dentro do grupo – que tem mais de 150 operações em mais de 100 países e receita anual de 38 bilhões de euros. A meta global da Schneider Electric é ser 100% “carbono zero” até 2030. Para 2050, o plano é ampliar esse status para toda a cadeia de fornecedores.
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Reconhecimentos
A aposta na “indústria verde” tem rendido reconhecimentos importantes para a Schneider Electric. No início deste ano, a multinacional foi eleita, pela segunda vez – a outra havia sido em 2021 –, a empresa mais sustentável do mundo pela Corporate Knights, uma empresa canadense de mídia e pesquisa.
Investimentos em descarbonização, práticas de desenvolvimento sustentável e governança e diversidade de gênero em posições executivas e de direção, somadas à inovação em soluções de eficiência energética, fizeram com que a companhia somasse uma alta pontuação no ranking, que considera empresas de capital aberto com receita anual superior a US$ 1 bilhão.
Em 2024, a Schneider Electric já havia recebido título semelhante em um levantamento feito pela revista Time que abrangeu 5 mil das maiores e mais influentes empresas do mundo. Mais uma vez, o reconhecimento foi uma resposta aos objetivos da empresa em reduzir emissões e a tornar seus clientes mais eficientes do ponto de vista energético, além de compromissos assumidos com a sustentabilidade operacional.
Como exemplo, a empresa divulgou ter ajudado seus clientes a reduzir, desde 2018, 697 milhões de toneladas de CO2. Entre seus principais fornecedores, as emissões despencaram 42%.
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Investimentos em Blumenau
Nos últimos três a quatro anos, a Schneider Electric investiu 6 milhões de euros – cerca de R$ 36 milhões, pela atual cotação – na unidade em Blumenau, revelou Rivas à coluna. A companhia já prepara mais um planejamento de médio prazo, e aporte semelhante deve ser injetado até 2030, embora os valores ainda não estejam fechados.
Segundo Rivas, o novo ciclo deve focar em uma nova configuração de layout da fábrica, que pode abrir espaço até mesmo para uma expansão física. O objetivo é aumentar a produtividade, e isso pode abrir caminho para novas contratações.
O executivo diz que, por ora, as instalações dão conta da demanda. Mas, no futuro, e com o crescimento de mercados como os de datacenters – outro nicho importante atendido pela Schneider Electric –, é provável que seja necessário ampliar a operação. Hoje, metade dos produtos feitos em Blumenau abastecem o Brasil e a outra metade é exportada.



















